Ao iniciarmos mais uma série de crónicas na rádio F queremos desejar a todos os ouvintes um Bom e Feliz 2025. E é sobre o que nos espera neste ano que iniciaremos esta crónica. Como vivemos num mundo global, hoje falaremos de factos exteriores que podem marcar e condicionar as vidas dos portugueses em 2025. Não é preciso ser nenhum cartomante ou ter uma qualquer bola de cristal para acreditar que 2025 não será um ano fácil. Espero e desejo enganar-me, pois não pertenço ao clube dos derrotistas e muito menos aos que defendem que quanto pior melhor. Longe disso! Mas o futuro avizinha-se sombrio e carregado de muitas incertezas. Aceitamos que a evolução tecnológica avance a um ritmo alucinante, mas não contribuindo para a melhoria das condições de vida dos cidadãos e, em especial, dos mais necessitados. Em contrapartida, o fosso entre ricos e pobres será cada vez maior. E esses ricos, os do ramo tecnológico, com fortunas bem maiores que o Produto Interno Bruto da maioria dos países. O que torna preocupante a cada vez maior dominação, submissão dos governantes ao poderio crescente dos novos senhores feudais do mundo neste século XXI. A problemática do clima e das consequentes alterações climáticas e a poluição, toda ela, vai agudizar-se. Podem as instituições realizar repetidas reuniões que nada, mas mesmo nada irá mudar. Já ocorreram 29 reuniões ao nível do ambiente e com que resultados? Nenhuns. Continuamos a assistir à ausência dos países mais poluidores nestas reuniões. Nem os Estados Unidos da América do Norte, nem o Canadá, assinaram o Protocolo de Quioto e outros países como Japão, Rússia, Bielo-Rússia, Ucrânia, Nova Zelândia não se comprometeram com a redução em 15% das emissões de dióxido de carbono. Noutros países como a China, o maior emissor mundial de dióxido de carbono, a Índia e o Brasil não ficaram sujeitos às reduções de emissões do Protocolo de Quioto. Então que esperar do futuro? O último relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas considerou, que o mundo tem agora apenas cerca de 50% de hipóteses de conseguir uma diminuição da temperatura abaixo dos 2 ° Celsius, e para conseguir manter os níveis abaixo de 1,5 ° Celsius as emissões precisariam cair 45% até 2030, e chegar a zero em 2050. Isso não será possível sem uma ação rápida e uma mudança em larga escala nos sistemas produtivos e nos hábitos de consumo. Se a sociedade optar por deixar para a última hora tudo o que precisa ser feito, será tarde demais, pois muito ainda precisa ser feito e o tempo escasseia. O processo de mudança social em tal escala requererá muito esforço, honestidade e boa vontade, e levará necessariamente muitos anos, não se justificando mais, portanto, a demora. Mas a falta de equidade na abordagem e na procura de soluções para o problema tem provocado sérios problemas económicos aos diferentes países. A Europa tem encontrado sérios problemas ao nível industrial, nomeadamente no ramo automóvel. A falência do sector automóvel na Alemanha e França com o encerramento de empresas e o consequente despedimento de trabalhadores deve-se à falta de capacidade das empresas europeias em se modernizarem e perdem para a China com mão de obra mais barata e especializada. Já na agricultura a ausência de uma política agrícola comum em prol da defesa dos solos, da proibição de fertilizantes deve ser extensiva a outros países e proibindo a entrada desses produtos no mercado, em todo e qualquer mercado. A bem, principalmente, do cidadão consumidor e do produtor. Associado ao problema das alterações climáticas temos a escassez de água potável, em especial nas regiões mais pobres. A falta de água é mais um grave problema que os governantes, todos eles, se escusam a admitir. Estes temas são claramente desvalorizados por uns quanto negacionistas climáticos que continuam a negar a realidade do aquecimento global e influência nefasta dos seres humanos nesse fenómeno. São os mesmos que admitem que a Terra é plana e defendem, um retrocesso civilizacional e científico, do regresso à teoria geocêntrica de Ptolomeu. No seguimento das teorias defendidas por esta gente chega-se à imigração. A imigração que uma seita acéfala associa ao aumento da criminalidade sem qualquer fundamento científico. É notório que a Europa com a queda da natalidade e com problemas demográficos graves necessita de imigrantes. Só por malvadez e ideologia racista não se quer perceber as reais razões do problema. Tudo conjugado com a ascensão de líderes governamentais tresloucados e imbecis eis o rastilho mais que evidente do descalabro mundial. E sem esquecer a guerra. Todas as guerras. As guerras determinam os lucros das grandes empresas de armamento e a perda para serviços de saúde, e sociais e aumenta a inflação. Por fim, dizem-nos que a geração nascida em 2025 crescerá profundamente integrados na Inteligência Artificial. E será o suficiente para termos um mundo com futuro? Como escreveu o investigador social Mark McCrindle “A próxima geração herdará um mundo que enfrenta grandes desafios sociais. Com as alterações climáticas, as mudanças populacionais globais e a rápida urbanização, a sustentabilidade não será apenas uma preferência, mas uma expectativa". Fim de citação. Será? E haverá ainda lugar para os bípedes? Na próxima crónica analisaremos as preocupações para 2025 em Portugal.
Até lá tenham uma excelente semana.