quarta-feira, outubro 09, 2024

Ponto de vista

 A um pouco mais de um ano das eleições autárquicas importa começar a analisar o pagode que tal festim traz à vida dos eleitores. Importa perceber o trinómio que nestas alturas os executivos camarários lançam mão para cativar os eleitores. O alcatrão, as festas e as admissões de pessoal são três elementos sempre presentes quando se anuncia a ida às urnas nas eleições autárquicas. Certos autarcas, por não disporem de obra feita e de não terem vergonha na cara, recorrem a esta cosmética populista na ânsia de voltar a ganhar eleições, mesmo que isso implique mais do mesmo subdesenvolvimento crónico que tem asfixiado a região e o despovoar do território. No fundo, um populista sem vergonha governa utilizando todos os meios e recursos para obter o apoio popular, fazendo promessas surreais, realizando festas e eventos de duvidosa qualidade e abrindo as portas à contratação de um número considerável de novos trabalhadores, com o fim último de cativar novos eleitores e os seus familiares, como abusa da propaganda pessoal ao meter os idosos em autocarros pagos pela autarquia, logo pelos nossos impostos, que os levam em excursões sem sentido. É, a política do beijinho, da palmadinha nas costas e dos comes e bebes nas feiras e na realização de eventos patéticos. É a política sem vergonha cometida por gente sem escrúpulos que pretende converter uma autarquia no seu próprio quintal. No fundo, o autarca populista é um tipo medíocre, tecnicamente incapaz que se leva demasiado a sério e que por conseguir enganar alguns eleitores umas vezes julga que os podem enganar sempre. Por regra, este tipo de autarca é ainda acometido duma outra característica: a soberba do domínio dum conhecimento que manifestamente não tem, o que faz dele um sujeito convencido, egocêntrico e arrogante que o impede de reconhecer a sua própria ignorância sobre os mais variados temas e assuntos da cultura, da sociedade e até da governação local. E na Guarda a trilogia não só se faz como se acentua. Dizer-vos que ainda não é altura de analisarmos as promessas feitas e não cumpridas. Essa análise, a seu tempo, será cumprida! Vamos ao presente. Em primeiro o alcatrão! A Guarda cidade foi transformada num estaleiro a céu aberto, Atrevo-me mesmo a dizer que tal como a Porto Editora lança anualmente a palavra do ano aqui pela Guarda a palavra do ano é “Desvio”. Em quase todas as artérias da cidade há uma placa de “Desvio”. E os automobilistas circulam com dificuldade pelo labirinto dos “Desvios”. As obras mais que muitas e sem fim à vista! Inicia-se uma obra e logo a seguir na mesma artéria nova obra é começada. Exemplos? Mais que muitos. O centro da cidade, Rua Doutor Manuel de Arriaga é um exemplo. Mas há muitas mais. As obras na Rua cidade Béjar infindáveis. Constrangimentos na circulação automobilística mais que muitos numa rua de muito trânsito com acesso ao centro da cidade transformado num caos. Há quanto tempo dura tal obra? E pelo que é dado conhecer, o fim não tem data marcado. As obras na Tapada do Coelho pararam? São só “Desvios”. É preciso mostrar obra. É o alcatrão a ajudar a candidatura autárquica. Mas se a circulação para os automobilistas é penosa, imagine-se a dificuldade das pessoas com mobilidade reduzida a terem que percorrer tais troços. Colocam em perigo a sua segurança, sem qualquer dúvida. E para o caos ser ainda maior o executivo camarário deliberou deitar abaixo os abrigos das paragens dos transportes públicos. Qualidade de vida? Que qualidade? Mas se os cidadãos da cidade da Guarda vivem um caos permanente em certas artérias outras há que deviam merecer a atenção do executivo camarário dado o seu péssimo estado. Refiro-me concretamente à Avenida do Rio Diz. Um verdadeiro calvário para quem tem que a utilizar em alternativa às obras na Rua cidade de Béjar. É assim que se recebe quem nos visita e principalmente quem procura, por qualquer motivo, chegar ao centro da cidade? Quer para trabalhar, quer para tratar de assuntos burocráticos. Lembrar que a maioria, senão a totalidade dos serviços públicos se encontram no centro da cidade. Mas se os habitantes da cidade sofrem a bem sofrer com o estado caótico do trânsito, pedonal e automobilístico, que dizer das estradas municipais? A grande maioria em estado deplorável. Um exemplo. A chamada estrada do Alvendre! Mas há mais e muitas mais. O tempo é reduzido para falar nelas todas. Como sempre o executivo camarário quer mostrar obra feita, mas desrespeita os cidadãos que estoicamente ainda vão a sobreviver no concelho. Mas o alcatrão não pode não deve ser dissociado do populismo. Os casos que hoje trouxemos a análise são apenas alguns, poucos. Outros, tão ou mais graves serão objecto de análise em futuras crónicas. Não podemos ficar calados e cúmplices de um atraso que se vai a prolongar no tempo. A Guarda e o seu concelho e principalmente os seus habitantes merecem mais e melhor. 

Tenham uma excelente semana.