quinta-feira, março 30, 2023

Ponto de vista

O nível de desenvolvimento de Portugal continua a regredir. São os serviços públicos que se degradam a cada instante em benefício dos privados onde só os endinheirados conseguem entrar. É notória e acentuada a degradação na Educação, na Saúde, nos Transportes e na Justiça.
Nada que os portugueses não sintam no dia-a-dia.
E, se não bastasse, aí está uma escalada inflacionista nos bens alimentares que para milhões de portugueses passaram a ser bens de luxo a preços proibitivos e logo inacessíveis.
Mas os tais lucros excessivos que uns continuam a arrecadar aos milhões e hipocritamente a dizerem não saber do que se trata aumentaram desmesuradamente enquanto outros ficam na miséria.
Mas se a ganância das grandes superfícies e dos agiotas não abranda, eis que o próprio governo ganha com toda a onda inflacionária.
Anuncia-se a redução do déficit mas não se diz que é resultado do aumento dos impostos.
A inflação beneficia indirectamente o governo que faz figurão ao dar uma esmola para cerca de um terço da população. Dizem que são medidas para atenuar os efeitos da inflação. Mais e mais hipocrisia.
Mas os números são como o algodão, não enganam.
Basta saber interpretá-los.
Agora ficou-se a saber que Portugal foi ultrapassado no Produto Interno Bruto per capita, em Paridades de Poder de Compra pela Letónia e pela Lituânia.
Aqui chegados importa saber o que se entende por Produto Interno Bruto. É a soma de todos os bens e serviços finais produzidos por um país, geralmente num ano, divididos pelo número de habitantes desse país. Ou seja, o Produto Interno Bruto é o que cada cidadão produz num ano.
Já a Paridade do poder de Compra é um método alternativo à taxa de câmbio, que face à moeda única acabou para os países da União Europeia e, relaciona o poder aquisitivo de um cidadão com o custo de vida do país, determinando-se se o cidadão consegue ou não comprar tudo o que necessita com o seu salário.
A Paridade do poder de Compra, é então uma unidade monetária artificial. Teoricamente, essa moeda artificial permite comparar a mesma quantidade de bens e serviços em todos os países. Contudo, as diferenças de preços entre os países fazem com que para se comprar os mesmos produtos e serviços são necessárias em cada país diferentes quantidades de moeda. Os valores dessa moeda artificial, mas comum a todos os países, elimina as diferenças nos níveis de preços entre os países, permitindo comparações significativas de volume do Produto Interno Bruto entre os países.
Pelos resultados apresentados recentemente pelo Eurostat Portugal está a produzir menos bens e serviços e os portugueses necessitam cada vez mais de uma quantia maior de moeda para adquirir os bens.
Desde que António Costa assumiu o cargo de primeiro-ministro, em Novembro de 2015, Portugal já caiu da 17.ª para a 21.ª posição entre os atuais 27 Estados-membros.
São dados oficiais do Eurostat.
Ou seja, Portugal está a ficar cada vez mais pobre.
Em 2015, Portugal ainda estava acima de 10 outros Estados-membros com base na tal moeda artificial. Em 2021, porém, regista um Produto Interno Bruto per capita, em Paridades de Poder de Compra superior a apenas seis outros Estados-membros.
Enquanto isso, quer o poder executivo, quer o legislativo e igualmente um Presidente da República assobiam para o lado e fingem nada se passar.
É a altura certa para perguntar aos vários governantes o que fizeram aos milhões que vieram da Europa connosco.
É que os tais fundos era suposto terem como objectivo ajudar-nos a convergir com a União Europeia.
Mas não só divergimos como nos transformamos numa das economias mais pobres dos Estados-membros da União Europeia.
Como disse o jornalista e escritor uruguaio Eduardo Galeano «A primeira condição para modificar a realidade consiste em conhecê-la».
Tenham uma boa semana.