quinta-feira, março 23, 2023

Ponto de vista

Já está em marcha a primeira fase do anunciado pacote de apoio à habitação definido pelo governo de António Costa e do PS, denominado «Mais Habitação».
São duas medidas que, na opinião do primeiro-ministro, vão ajudar as famílias de forma imediata no momento que se vive.
Uma é de apoio à renda e outra de bonificação de juros para os créditos contraídos até 15 de Março.
Para uma e outra são elegíveis todas as famílias até ao sexto escalão de IRS, inclusive, e com taxa de esforço superior a 35%.
Aqui chegados importa esclarecer o que se entende por taxa de esforço.
Esta taxa que a banca utiliza para conceder um qualquer crédito, à habitação ou ao consumo, é um indicador que reflete o peso das prestações de créditos no rendimento líquido de um agregado familiar.
Ou seja, a percentagem do rendimento do agregado destinada ao cumprimento das obrigações relativas aos empréstimos contratados junto das instituições financeiras.
Assim, só serão abrangidos por esta medida do governo as famílias com rendimentos até ao sexto escalão do IRS, ou seja, que aufiram até €38 632 brutos anuais e que tenham atualmente uma taxa de esforço superior a 35%.
Este é o ponto de partida.
Basta fazer umas simples operações elementares de aritmética, multiplicação e divisão, e determinar se fica ou não de fora das ajudas prometidas pelo governo.
Dizer-se que se quer ajudar as famílias portuguesas com rendimentos mais baixos a beneficiar de uma "bonificação" de uma parte dos juros é uma falácia.
Enquanto António Costa anunciava estes apoios, Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, determinava com voz de comando que os países europeus deviam acabar com os apoios às famílias e empresas de forma a combater a inflação.
Ou seja, Costa está em contramão relativamente ao que a senhora toda poderosa do Banco Central Europeu exige às economias europeias.
A seu tempo tudo se esclarecerá e veremos por onde a corda quebra.
Já sobre o tema das medidas anunciadas para a crise da habitação, eis que a ministra da tutela dignou-se vir à Guarda.
Reuniu-se com militantes do Partido Socialista e supostos simpatizantes, segundo a comunicação social.
Tudo bem, nada a opor à reunião.
Cada qual entrincheira-se como pode e onde quer.
Quando se diz que se cumpre o Estado social e a Constituição ao criar um serviço público e universal de habitação adequado para todos igual ao serviço da educação e saúde que existe é não ter um pingo de vergonha.
Bastava que a governante se lembrasse da área que tutela e pensasse na falta de imóveis para arrendar e no número de imóveis do Estado em completa deterioração até à incapacidade de milhões de portugueses para adquirirem uma casa própria digna passando por casas sem quaisquer condições de habitabilidade para que houvesse da titular da pasta algum bom senso e seriedade.
Mas falava só para militantes e simpatizantes, tudo gente que bajula, o homem do balde.
Seria de todo interessante perguntar à governante onde esteve o Partido Socialista até agora ao nunca ter dado qualquer sinal sobre o tal «Estado Social para a habitação».
Mas a ministra Marina Gonçalves escusou-se a discutir as propostas do tal «Estado Social» com a população em geral, mas isso não é novidade no Partido Socialista.
E que dizer da comparação estapafúrdia de Marina Gonçalves a um António Arnaut?
Só alguém que deixou o tacho da Administração da ULS da Guarda para ser deputado poderia atrever-se a tanto.
Deviam ter respeito pela memória de António Arnaut e lembrarem-se da forma como estão a destruir o que ele idealizou para Portugal a nível do Serviço Nacional de Saúde.
Haja um pingo de vergonha em todos.
Tenham uma boa semana.