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todo pensamento, seja em linha recta (directe), seja por meio de um desvio (indirecte),
em última análise tem de estar relacionado a intuições; no nosso caso,
portanto, à sensibilidade, uma vez que não existe outra maneira pela qual os objectos
nos podem ser dados.»
Immanuel
Kant, Crítica da razão pura (1781)
O
filósofo inglês Alfred North Whitehead (1861-1947) comentou um dia que a
filosofia ocidental consiste numa série de notas de rodapé referentes à obra de
Platão (428/7-348/7 a.C.).
Se
isso é verdade, então a filosofia moderna poderia ser descrita mais
precisamente como uma série de notas de rodapé referentes à obra de Immanuel
Kant (1724-1804).
Platão
levantou as grandes questões da filosofia e Aristóteles (384-322 a.C.) criou o
primeiro sistema filosófico, mas Kant é o primeiro grande criador de um sistema
do período moderno, levando em consideração o impacto da Revolução Científica e
do Iluminismo.
Tudo
a propósito do estudo de Kant e da sua moral que nos faziam empinar naqueles
anos da década de 70, na disciplina de Filosofia. Hoje, com base no que vou
estudando, reconheço o quanto a brutalidade do obscurantismo pode criar uma
imagem nada real, pior, deturpada e grosseira de um filósofo que é só o
transformador do pensamento à luz da ciência e do iluminismo. Por isso,
interessava-lhes, sobremaneira, que Kant fosse conhecido apenas e tão só à luz
da moral.
O
resto era escuridão, como convinha!