Lá
na Ribeira Nova
onde
nasce Lisboa inteira
na
manhã de cada dia
há
uma varina
e
se não fosse ela
ai
não sei
não
sei que seria de mim!
Por
ela
fiz
dois versos a todas as varinas:
E
vós varinas que sabeis a sal
e
trazeis o mar no vosso avental!
Acho
parecidos estes versos
com
as varinas de Portugal.
Uma
vez falei-lhe
para
ouvi-la
e
vê-la
ao
pé.
A
voz saborosa
os
olhos de variar
castanhos
de variar
castanhos-escuros
de variar
com
reflexos de variar
desde
a rosa
até
ao verde
desde
o verde
até
ao mar.
Num
reflexo reflecti:
não
dar aquele destino
ao
meu destino aqui.
Escrito em 1926
Inédito
José
de Almada Negreiros
poesia
estampa
1971