SOMOS
DE BARRO
Somos
de barro. Iguais aos mais.
Ó
alegria de sabê-lo!
(Correi,
felizes lágrimas, por sobre o seu cabelo!)
Depois
de mais aquela confissão, impuros nos achamos;
nos
descobrimos
frutos
do mesmo chão.
Pecado,
Amor? Pecado fora apenas
não
fazer do pecado
a
força que nos ligue e nos obrigue
a
lutar lado a lado.
O
meu orgulho assim é que nos quer.
Há
de ser sempre nosso o pão, ser nossa a água.
Mas
vencidas os ganham, vencedores,
nossa
vergonha e nossa mágoa.
O
nosso Amor, que história sem beleza,
se
não fora ascensão e queda e teimosia,
conquista...
(E novamente queda e novamente
luta,
ascensão... ) Ó meu amor, tão fria,
se
nascêramos puros, nossa história!
Chora
sobre o meu ombro. Confessamos.
E
mais certos de nós, mais um do outro,
mais
impuros, mais puros, nós ficamos
.
.
Sebastião
da Gama
(1924-1952)