Tantas
vezes me tenho lembrado da paciência deste carvalho!
Por
que não faço eu como ele, e não espero calmamente pelo que há-de vir, bom ou
mau, triste ou alegre, mas inevitável?
O
milagre de uma serenidade assim, nem passiva nem agónica, apenas atenta e
disponível, seria na minha vida o começo da redenção.
Talvez
até o tal livro ideal, tão repetida e baldadamente escrito e sempre
melancolicamente destruído, me surgisse claro e perfeito na imaginação.
Miguel
Torga - Diário V I I
Gerês,
4 de Agosto de 1955