Num semanário cá do burgo, apresenta-se ao leitor uma reportagem, com direito a página inteira, sobre uma pretensa ceia de Natal, de uma Fundação com os altos patrocínios de vários poderes, Câmara e Governo Civil.
A notícia é uma verdadeira redacção dos anos 60.
Daquelas redacções que de imediato guindava o seu autor ou autora ao «quadro de honra» da paróquia estudantil.
Não queremos, nem devemos ocultar tal prosa lírica.
Reza assim a dita redacção:«(...) Num ambiente próprio da época (deve querer referir-se ao Natal, ou seria a antecipação da Quaresma) os convivas puderam apreciar um bom repasto (abundância de pasto???) em ambiente acolhedor. Antes do café (e do digestivo tendo em conta o bom repasto) a presidente interveio para realçar o trabalho abnegado de todos (apoiado!!! apoiado!!! aplausos), salientando que mais e melhor serviço exige ainda mais trabalho, o que se pede a todos sem excepção (apoiado!!! apoiado!!! aplausos). Intervieram também o Presidente da Câmara da Guarda, membro dos órgãos sociais da dita Fundação, e Santinho Pacheco, Governador Civil da Guarda, ainda não nomeado confrade, que salientou os méritos da Fundação pela obra realizada (apoiado!!! apoiado!!! aplausos)».
Fim de citação.
Só o tão gasto « A BEM DA NAÇÃO» não foi lembrado(?). Era altura ideal. E já agora, o toque-se o hino.
Atenção que as notas entre parêntesis são da exclusiva responsabilidade da redacção do CP.
Também não se diz quem pagou e/ou quanto pagou cada «força de trabalho»!!!
Diz a notícia que se juntaram num restaurante uma parte substancial da força de trabalho, dirigentes e voluntários da dita Fundação.
Pelas imagens percebe-se a tal força de trabalho!!!
Presidente da Câmara, Presidente da Fundação e respectivo cônjuge, Governador Civil e....outras altas forças de trabalho, claro!!!
Agora já não se chamam colaboradores ou colaboradoras? Agora chamam-se forças de trabalho. Entendido!!!
Da notícia ressalta desde logo a reportagem fotográfica.
Algumas fotografias parecem ter sido desenterradas de um passado não longínquo e aterrador para algumas pessoas da cidade, com fétido nauseabundo e, que ainda hoje, causam repulsa e desprezo para todos aqueles que sabem o que é a DEMOCRACIA.
Lembram-se da lista negra?
Onde estará ela?
Como se pode ter tais amigos?
Lá sabem a razão.
Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és - ditado popular.
Porque nos lembramos do muito de mal que foi cometido contra pessoas, bens e instituições.
Porque temos memória.
Porque aqui e agora lembramo-nos do Dr. Bernardo Duarte e das amargas lutas que travou contra os prepotentes donos de um império, duma dinastia fétida.
Repugna-nos que certas figuras próprias de um filme de terror voltaram com o beneplácito de instituições e poderes instalados.
Pois, porque os cidadãos do concelho gostariam de saber como se obtém um espaço, que é público, para a construção de uma residencial, de cinco ou dez estrelas, para albergar reformados bem abonados.
Expliquem quem doou o terreno. Por cá, há mãos largas para o que não lhes pertence.
Expliquem porquê?
Mas, temos memória.
É, em nome dessa memória, que hoje recordamos e lembramos a memória de Bernardo Duarte, dele e de tantos outros que, concordando-se ou não com algumas das suas posições, sentiram nas suas vidas o que é o poder dos jagunços e dos capangas.
Calem-se para sempre.
Daqui terão sempre a nossa mais profunda das revoltas.
Porque é assim que dizemos bem alto que a Guarda não tem tradições republicanas.
Tem, isso sim, figuras republicanas, coisa bem diferente.
Perceberam ou será que a acefalia não vos permite entender o que queremos dizer?
Municipalizem o que quiserem e o que vos apetecer.
Nós continuaremos a dizer tudo o que pensamos.
Calar é que NUNCA com ou sem listas negras.