quinta-feira, dezembro 18, 2025

Ponto de vista

Estamos a aproximarmo-nos do fim do ano e como em qualquer entidade que se prese e seja recomendável, seria de todo interessante fazer uma análise ao que foi a acontecer neste ano de 2025 e até ao momento cá, por terras da “Ribeirinha”.

Hoje abordamos alguns temas que deviam preocupar seriamente os guardenses.

O ano de 2025 iniciou-se com aquilo que o executivo camarário apelidou “Rede Cultural e Criativa da Guarda”, que basicamente consistia em criar uns “pequenos museus” na linguagem oficial “e que traria uma nova dinâmica territorial, com o seu funcionamento em rede, numa lógica de cooperação que mantivesse e promovesse a identidade da comunidade local”, segundo o que se foi a ler na propaganda municipal. A Junta de Freguesia de Aldeia Viçosa abriu as portas ao que chamaram “Museu-Escola”, que se proponha, numa perspetiva histórica, a revisitação ao sistema educativo assente na instrução primária ligada à ideologia do Estado Novo. Mas o espaço procuraria também funcionar como local que possibilitaria ao visitante, informação sobre o que visitar na referida Rede, relativo à Câmara Municipal, do Museu da Guarda, da própria Aldeia Viçosa, Aldeia do Bispo, Jarmelo e Videmonte.

Quase um ano após o surgimento da rede, o inevitável aconteceu. A Rede Cultural e Criativa da Guarda não passou de uma forma de favorecer os amigalhaços de algumas localidades e fazer circular dinheiro para festarolas com muito porco no espeto, vinho e cerveja a correr pelas gargantas. Tudo com o fito nas eleições de 12 de outubro de 2025. Os preparativos começavam. Os objetivos iniciais apenas escondiam o que realmente iria acontecer. O caso de Aldeia Viçosa é paradigmático e escandaloso.

E que dizer dos serviços prestados aos munícipes? Comecemos pela água. Algumas câmaras, por conveniência, outras por devoção, formaram aquilo que designaram ser a “APAL – Águas Públicas de Altitude”.

O munícipe da Guarda ilusoriamente acreditaria que tal fusão de serviços poderia melhorar o serviço a prestar pela edilidade, refiro-me obviamente à da Guarda, em que o preço desse bem precioso fosse o justo. Esqueçam. Apesar de em reunião do executivo camarário, do dia 24 de novembro deste ano, Sérgio Costa, ter dito que em 2025 houve uma poupança de mais de 16 mil m³ de água na rega dos espaços verdes, salientando o caso do Parque Urbano do Rio Diz.

Ora, o Parque urbano do Rio Diz teve, prolongadamente, ao longo de 2025, um desperdício de água junto aos depósitos. Foram dias e dias de sucessiva perda de água. A poupança que fala em termos de gasto de água no Parque Urbano do Rio Diz levou a que algumas árvores secassem e que os célebres bebedouros não funcionassem na sua maioria. Que o wc dos homens bem como o respetivo balneário estivesse em completa degradação. Reconhecemos que o vandalismo muito contribuiu para tal degradação.

Mas já não se entende como perante tanto vandalismo tenham durante a Feira Farta e agora na Cidade Natal deslocado os funcionários da segurança do parque para aqueles lugares, deixando o parque abandonado. Não se compreende.

E se houve uma poupança no gasto de água no Parque Urbano do Rio Diz, na ordem dos 26 mil euros, como disse o Presidente da Câmara, bem que podia ter aplicado tal dinheiro no arranjo de múltiplas estruturas que continuam degradadas a prejudicar seriamente quem utiliza, tal espaço. Isto sem falar em problemas ambientais e no chamado Parque infantil, um espaço sem condições para as crianças. O equipamento totalmente danificado, o pouco relvado existente em péssimo estado e com a profusão de toupeiras. Os 26 mil euros dariam, se bem geridos, para resolver muitos problemas que tardam a ser resolvidos.

Mas voltemos ao tema “APAL – Águas Públicas de Altitude”.

Com a criação da tal empresa era suposto, para além da melhoria do fornecimento do bem às populações, trouxesse outros ganhos, nomeadamente na diminuição de custos pela redução de funcionários. Pelo contrário, o número de funcionários aumentou, coisa previsível em ano eleitoral e consequentemente o preço da água e do saneamento aumentaram.

Mas o espanto ainda é maior quando se ficou a saber que a Câmara da Guarda deve à APAL 856 mil euros. Bem sei que há munícipes que não pagam os consumos de água e outros nem abrem a porta de casa aos funcionários para fazerem leitura dos contadores. Há conhecimento de atrasos na leitura na ordem dos 5 e 15 meses, mas quem cumpre com as suas obrigações, não pode, não deve ser penalizado por tais ilegalidades.

Ainda a bem da tal transparência tão propagandeada, mas nada aplicada, publiquem o número total de funcionários atualmente a exercer funções na APAL. Quantos funcionários foram transferidos de cada câmara para a APAL. E por fim, mas a melhor, quanto aufere cada presidente de câmara que acumula funções no Conselho de Administração da empresa e se há senhas de presença e outras benfeitorias. Digam-no sem medos. Temos o direito constitucional de saber.

Para completar não posso deixar de falar na situação em que se encontram as estradas municipais. Um descalabro e um perigo latente para quem as utiliza. É só recordar o estado da estrada que liga a sede do concelho às freguesias do Alvendre, do Barracão e de Rocamondo só para citar alguns casos. Um perigo constante para quem circula naquelas vias. Mas dinheiro para festanças não falta.

Tenham umas Festas Felizes.