𝗔𝗯í𝗹𝗶𝗼 𝗠𝗮𝗻𝘂𝗲𝗹 𝗚𝘂𝗲𝗿𝗿𝗮 𝗝𝘂𝗻𝗾𝘂𝗲𝗶𝗿𝗼 𝗻𝗮𝘀𝗰𝗲𝘂 𝗲𝗺 𝗙𝗿𝗲𝗶𝘅𝗼 𝗱𝗲 𝗘𝘀𝗽𝗮𝗱𝗮 à 𝗖𝗶𝗻𝘁𝗮, 𝗻𝗼 𝗱𝗶𝗮 𝟭𝟱 𝗱𝗲 S𝗲𝘁𝗲𝗺𝗯𝗿𝗼 𝗱𝗲 𝟭𝟴𝟱𝟬.
Foi o poeta mais popular da sua época, uma personalidade literária da viragem do séc. XIX para o séc. XX, que ajudou a criar o ambiente revolucionário que levou à implantação da República. Foi também um alto funcionário administrativo, político, deputado e jornalista, e um grande representante da chamada "Escola Nova" da literatura portuguesa. Pertenceu igualmente à denominada "Geração de 70" - um movimento académico de Coimbra que veio revolucionar várias dimensões da cultura portuguesa, da política à literatura - que incluiu também Eça de Queirós, Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Teófilo de Braga, entre muitos outros.
Foi o poeta mais popular da sua época, uma personalidade literária da viragem do séc. XIX para o séc. XX, que ajudou a criar o ambiente revolucionário que levou à implantação da República. Foi também um alto funcionário administrativo, político, deputado e jornalista, e um grande representante da chamada "Escola Nova" da literatura portuguesa. Pertenceu igualmente à denominada "Geração de 70" - um movimento académico de Coimbra que veio revolucionar várias dimensões da cultura portuguesa, da política à literatura - que incluiu também Eça de Queirós, Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Teófilo de Braga, entre muitos outros.
A Torre de Babel ou a porra do Soriano
Eu canto do Soriano o singular mangalho!
Empresa colossal! Ciclópico trabalho!
Para o cantar inteiro e para o cantar bem
precisava viver como Matusalém.
Dez séculos!
Enfim, nesta pobreza métrica
cantemos essa porra, porra quilométrica,
donde pendem colhões que ideia vaga
das nádegas brutais do Arcebispo de Braga.
Sim, cantemos a porra, o caralho iracundo
que, antes de nervo cru, já foi eixo do Mundo!
Mastro de Leviathan! Iminência revel!
Estando murcho foi a Torre de Babel
Caralho singular! É contemplá-lo
É vê-lo teso!
Atravessaria o quê?
O sete estrelo!!
Em Tebas, em Paris, em Lagos, em Gomorra
juro que ninguém viu tão formidável porra
É uma porra, arquiporra!
É um caralhão atroz
que se lhe podem dar trinta ou quarenta nós
e, ainda assim, fica o caralho preciso
para foder a Terra, Eva no Paraíso!!
É uma porra infinita, é um caralho insone
que nas roscas outrora estrangulou Laoccoonte.
Oh, caralho imortal! Oh glória destes lusos!
Tu podias suprir todos os parafusos
que espremem com vigor os cachos do Alto Douro!
Onde é que há um abismo, onde há um sorvedouro
que assim possa conter esta porra do diabo??!
O Marquês de Valadas em vão mostra o rabo,
em vão mostra o fundo o pavoroso Oceano!
– Nada, nada contém a porra do Soriano!!
Quando morrer, Senhor, que extraordinária cova,
que bainha, meu Deus, para esta porra nova,
esta porra infeliz, esta porra precita,
judia errante atrás duma crica infinita??
– Uma fenda do globo, um sorvedouro ignoto
que lhe dá de abrir talvez um dia um terramoto
para que desague, esta porra medonha,
em grossos borbotões de clerical langonha!!!
A porra do Soriano, é um infinito assunto!
Se ela está em Lisboa ou em Coimbra, pergunto?
Onde é que ela começa?
Onde é que ela termina
essa porra, que estando em Braga, está na China,
porra que corre mais que o próprio pensamento
que porra de pardal e porra de jumento??
Porra!
Mil vezes porra!
Porra de bruto
que é capaz de foder o Cosmo num minuto!!