segunda-feira, fevereiro 13, 2023

«Obviamente que o demito!»

 Nunca esquecer!
O ASSASSINATO DO GENERAL HUMBERTO DELGADO.
António Rosa Casaco chefiou a brigada da PIDE que assassinou o general Humberto Delgado no dia 13 de Fevereiro de 1965, perto de Badajoz.
A cilada fatal foi montada pela PIDE e o autor material do assassinato do general foi feito, barbaramente, por um pide, o Casimiro Monteiro e Arajaryr Campos, a secretária do general, foi assassinada por Agostinho Tienza.
Os dois cadáveres foram metidos nas bagageiras dos automóveis do Casimiro e do Tienza.
Os corpos acabaram por ser sepultados numa vala natural, num local a cerca de seis quilómetros a sul de Villa Nueva del Fresno.
Os corpos foram previamente regados com ácido sulfúrico e cal viva. As roupas e os documentos pessoais das vítimas "foram queimados, posteriormente, noutro local".
Um bárbaro e criminoso assassinato realizado pela PIDE e escondido pelo governo do ditador Salazar e com a conivência de um Franco.
O julgamento do assassínio de Humberto Delgado e de Arajaryr Campos decorreu no 2° Tribunal Militar de Lisboa, como se de um crime militar se tratasse. 
Começou em 1978 e foi uma farsa.
O 25 de Novembro vingou-se mais uma vez.
Para um duplo crime e com tal gravidade, as penas foram excecionalmente leves, em especial para aqueles que, estando em Portugal, poderiam e deveriam ter respondido pela sua planificação e execução.
Depois de recursos interpostos para o Supremo Tribunal Militar, a decisão final foi a dada a conhecer em 8 de Julho de 1982.
O ex-director-geral da PIDE/DGS, major Silva Pais, não foi sentenciado por ter falecido em 1981, antes de concluído o julgamento.
Pereira de Carvalho, um dos responsáveis da Direção de Serviços de Informação, e sem dúvida conhecedor de todo o processo – quanto mais não seja na fase de encobrimento -, foi absolvido. 
Barbieri Cardoso, o ex-subdiretor-geral, foi condenado a quatro anos de prisão maior, por quatro crimes de falsificação.
Ernesto Lopes Ramos, o falso advogado, promotor das reuniões de Paris e de Badajoz, foi condenado a 22 meses, por um crime de uso de identidade falsa.
Tienza um operacional central que assassinou a secretária do General Humberto Delgado foi foi sentenciado em 14 meses.
Curiosamente os condenados com penas mais graves não estavam no julgamento.
Estavam foragidos do país.
Dizia-se!
Casimiro Monteiro foi dado como o único autor material do duplo homicídio, tendo sido sentenciado em 19 anos e oito meses de prisão, praticamente no limite da pena máxima de 20 anos vigente na altura em Portugal.
Rosa Casaco condenado em oito anos de prisão por seis crimes de falsificação e dois crimes de furto de documentos.
Nenhum dos condenados cumpriu pena, por se encontrarem foragidos.
A justiça na forma mais hábil, ardilosa e manhosa de servir a política.
O assassinato do General Humberto Delgado não se desvanece, hipocritamente, atribuindo o seu nome a um aeroporto.
Falta fazer a verdadeira justiça.
Pelo menos não esqueçamos a sua memória.
«Obviamente que o demito!»