quarta-feira, novembro 09, 2022

Ponto de vista

Fez recentemente um ano que Sérgio Costa, ex-social-democrata, ganhou as eleições autárquicas para a Câmara da Guarda, infligindo ao PS e ao PSD derrotas pesadas e com consequências que o tempo não esquecerá.
Mas Sérgio Costa, pelos vistos, também não esqueceu.
Numa recente entrevista ao jornal “Terras da Beira”, Sérgio Costa revelou a azia que o consome, acusando o seu ex-companheiro de partido, Chaves Monteiro, de se tentar emancipar à custa dos outros ou de espezinhar os outros.
Assim mesmo!
É conversa que não fica bem a quem queira estar bem com a vida. As divergências são legítimas, mas deve expressar-se de forma mais elevada, já que aos munícipes nada interessam os jogos de alecrim e manjerona típicos da política partidária. O que desejam é que a Guarda prospere e se afirme como um lugar aprazível para todos os cidadãos. Note-se que Sérgio Costa, companheiro de Álvaro Amaro e de Chaves Monteiro durante anos, afirmou e, passo a citar, que: «Herdámos uma Câmara Municipal à deriva e sem rumo, sem projectos e sem realizações ou qualquer tipo de obras que pudessem sair do papel. Algumas eram apenas manifestações de intenção sem qualquer definição de pormenor. E as que conseguimos resolver tinham sofrido tantas alterações em projecto que se tornaram um verdadeiro calvário para conseguir apresentar um resultado aos Guardenses», fim de citação. O mesmo Sérgio Costa que no passado se conformou com as lideranças que agora critica! O mesmo Sérgio Costa que se empolga com entregas de estandartes e com simples atos de boa gestão, como a resolução da questão das horas extraordinárias dos funcionários. O mesmo Sérgio Costa que amuou com a decisão da Assembleia Municipal de aprovar por maioria a transmissão em directo das reuniões do executivo municipal. O mesmo Sérgio Costa que pouco adiantou acerca do reforço de quase 8 milhões de euros do Orçamento da câmara que transitaram da gerência anterior. Esperamos que a taxa de execução do seu orçamento faça esquecer todos estes tropeções.
Convém, nesta fase do campeonato, que Sérgio Costa tome um banho de humildade e compreenda que a democracia não se esgota nos partidos!
Fazendo uma revisitação ao programa apresentado pelo
Movimento pela Guarda, de que Sérgio Costa foi o cabeça de lista, há objectivos que dificilmente serão atingidos, mesmo que só tenha decorrido um ano de governação.
Por exemplo, para quando a criação das áreas de localização industrial em 11 freguesias? Para quando uma luta a sério para reduzir as portagens? Para quando a construção de uma nova cidade desportiva na zona do Parque Urbano do Rio Diz? Para quando a construção de vários pavilhões desportivos nos bairros da cidade e nas freguesias? E a construção de dois campos de futebol com relva sintética nas freguesias? E a instalação do centro nacional de formação desportiva? E a rede municipal de ecovias, a tal que anda a passo de caracol? E a rede urbana de bicicletas eléctricas? E o plano para a despoluição das linhas de água do concelho? E a plantação de um milhão de árvores no concelho? E a finalização do processo de revisão do PDM em 6 meses? E a reabilitação do centro histórico, mobiliário urbano, estacionamento, iluminação cénica, projecto de reabilitação da Praça Velha e rua 31 de Janeiro? E a construção da avenida dos 5 efes, com ligação à Senhora dos Remédios e Bairro da Luz? E a criação da nova Praça da Liberdade? E a criação dum novo parque Urbano na encosta abaixo do TMG, com espaço para a feira quinzenal? E a remodelação da encosta norte com a criação de uma mata municipal? E a construção da estrada verde de Videmonte até à Serra da Estrela? E o projecto da terceira fase da VICEG? E a criação da Sala de estudo com horário alargado das 08H00 às 24h00? E a redução do IMI para a taxa mínima? E a redução em 50% das taxas de licenciamento urbanístico e da taxa de derrama? E a rede solidária de medicamentos?
Como se percebe, a lista das promessas de Sérgio Costa é longa. E já nem falo dos imponderáveis que, geralmente, só servem para atrapalhar e fazer correr mal. Os incêndios que afectaram a região no último Verão são um exemplo. Sérgio Costa embeveceu-se com a ideia «de uma nova Serra da Estrela que iria nascer». Deve ser por isso que não toma uma posição face ao incumprimento das promessas do governo. Outro exemplo é o da má qualidade da água da rede pública, que não estava nos planos. E, para terminar, o pior imponderável de todos, o afundanço, em modo Titanic, do nosso hospital, com Sérgio Costa a não ter uma estratégia de congregação da opinião pública para virar o desfecho que
se teme.
Há alturas da vida em que se aprende mais ouvindo e fazendo do que abrindo a boca. Se não perceber isto, Sérgio Costa será, para nossa má sorte, apenas mais um, igual aos que critica.
Tenham uma boa semana!