segunda-feira, março 28, 2016

O compasso ou a visita

Hoje fala-se de compasso!
No meu tempo, de menino e moço, falava-se de visita pascal!
No domingo de Páscoa, no fim da missa, o abade partia do largo da igreja, com um grupo de petizes e a irmandade a visitar, casa a casa, os paroquianos. Já se sabia que casa onde houvesse «mal casados» o abade não entrava! Era um alvoroço completo. Os garotos empurravam-se à entrada das casas e, assaltavam os pratos onde havia bolos e rebuçados. O abade olhava para a cesta que estava no meio da mesa. Na aldeia da minha avó havia, naquele tempo, muitos pastores. E casa de pastor visitada dava direito ao abade levantar a cesta com três ou quatro queijos! Servia-se uma aguardente aos acompanhantes mais velhos e ao abade um «vinho fino» comprado na festa do Senhor do Calvário. De tantos queijos recebidos o abade, no final do «compasso», fazia a selecção dos mesmos. E, os que eram rejeitados enchia uma gamela. Na quinta-feira seguinte lá estava, na feira da «vila», a tia Josefa a montar a barraca onde vendia a «colheita» do compasso!
Uma forma do abade ganhar mais uns dinheiros!
Um compasso a toque de sineta, com água benta que dava proveitos conforme o estatuto!
Um festa com negócio!