No
meu tempo, de menino e moço, falava-se de visita pascal!
No
domingo de Páscoa, no fim da missa, o abade partia do largo da igreja, com um
grupo de petizes e a irmandade a visitar, casa a casa, os paroquianos. Já se
sabia que casa onde houvesse «mal casados» o abade não entrava! Era um alvoroço
completo. Os garotos empurravam-se à entrada das casas e, assaltavam os pratos
onde havia bolos e rebuçados. O abade olhava para a cesta que estava no meio da
mesa. Na aldeia da minha avó havia, naquele tempo, muitos pastores. E casa de
pastor visitada dava direito ao abade levantar a cesta com três ou quatro
queijos! Servia-se uma aguardente aos acompanhantes mais velhos e ao abade um
«vinho fino» comprado na festa do Senhor do Calvário. De tantos queijos
recebidos o abade, no final do «compasso», fazia a selecção dos mesmos. E, os
que eram rejeitados enchia uma gamela. Na quinta-feira seguinte lá estava, na feira
da «vila», a tia Josefa a montar a barraca onde vendia a «colheita» do
compasso!
Uma
forma do abade ganhar mais uns dinheiros!
Um
compasso a toque de sineta, com água benta que dava proveitos conforme o
estatuto!
Um
festa com negócio!