segunda-feira, fevereiro 08, 2016

O DESCRÉDITO


Depois de tantos, e tantos malefícios, que o governo de Passos e Portas provocaram à generalidade dos portugueses só faltava mesmo termos tido conhecimento esta semana, do escândalo que foram os aumentos nos salários dos gestores das entidades reguladoras.
Aumentos na ordem dos 150%.
Escandaloso.
Isto para não falarmos das quase nomeações vitalícias que alguns directores foram agraciados. Sim por que as gratificações entre pares, não são só promulgadas por imposição de coleiras ou de mordomias, também as há na forma pecuniária.
Mas deixemos essas e outras considerações para outras núpcias. Voltemos aos inverosímeis aumentos.
Chegados aqui, poder-se-á questionar da legalidade dos aumentos. Ora não se espantem os menos incautos mas, enquanto a maioria dos portugueses apertava cada vez mais o cinto, o horário de trabalho era aumentado sem qualquer compensação remuneratória, com os direitos adquiridos rasgados, com os apoios sociais cortados eis senão quando a mesma legitimidade que possibilitou à banca recuperar da crise à custa dos contribuintes e com a bênção do governo do PSD e CDS eis que, pela calada da noite de breu, se aumentavam os ordenados dos gestores das ditas entidades reguladores.
Perguntar-se-á como pode legalmente um governo hipócrita deitar a mão à parasitagem e matar a população trabalhadora.
Sim por que quanto à legitimidade estamos conversados.
A legalidade do acto resulta da deliberação de uma comissão nomeada ao abrigo da lei quadro das entidades reguladoras. Ou seja, a comandita socorre-se do poder legislativo para inusitadamente protelar, proteger e apoiar os pares.
Por uma simples alteração de denominações dos antigos institutos para entidades reguladoras, os ordenados dos administradores foram alterados em Outubro de 2015, sendo que o vencimento anterior, no caso da Entidade Reguladora dos Serviços de água e resíduos, que era de 6419 euros, já incluindo despesas de representação, passaram para 10 716 euros, mais 4512 euros em despesas de representação, o que perfaz a módica quantia de 15 228 euros. ESCABROSO! E, mais um exemplo, o presidente da Autoridade Nacional para a Aviação civil viu o seu ordenado mensal alterado de 6030 euros para 16 075 euros. Perguntará, nesta altura, o leitor quem é a tal comissão que possibilitou os aumentos de vencimentos na ordem dos 150%? Pois bem, nada que saber! A comissão dos vencimentos é composta por um membro do Governo, responsável pela área das Finanças, da alçada, na altura, de uma tal Maria Luís Albuquerque de tão triste e má memória para os portugueses. O outro elemento da comissão é o representante da área económica sobre a qual incide a actuação da entidade reguladora, uma espécie de raposa guindada à categoria de guardadora do galinheiro. E, por fim, mas não menos caricato um elemento indicado pela entidade reguladora. Ou seja, e como diz o povo na sua sabedoria ancestral, juntou-se a fome com a vontade de comer. E, lá seguiu o triunvirato na sua senda de pôr e dispor como muito bem entendia e queria. Tudo, mas tudo bem divido e repartido. Que nisto de divisões importa o quociente e não o resto. Mas para que a vergonha fosse ainda maior, uns ditos partidos de esquerda, fizeram o alarido quanto baste mas tomadas de posição a nível parlamentar e bastou-lhes. NADA RESULTOU! Ou seja, fazem lembrar aquele sujeito que pedem para o agarrar para não ir às fuças do opositor. Uma hipocrisia servida fria, como convém.