Quando era jovem lembro-me das denominadas férias GRANDES, que faziam jus ao nome. Começavam por volta do dia 10 de Junho e.....terminavam no célebre 7 de Outubro. O dia do regresso às aulas.
Eram 4 meses fantásticos.....
Qual sensação de vazio!
Preenchimento TOTAL do tempo.
Desde andar de bicicleta, jogos de futebol intermináveis, de mudança de campo aos 5 e a terminarem aos 10 ou, nalguns casos terminavam quando já era noite e nos chamavam para a janta.
Era a ida à praia, com quinze dias admiráveis de novas amizades, de sol e mar, da bolacha americana, a tal que se come e engana, o «OLÁ» e o «RAJÁ» e tantas, tantas outras coisas.
Mas qual sentido de vazio.
E, sempre que a brincadeira permitia lá havia tempo para a leitura, a música e as festas de aniversário, com direito a baile na garagem ao som da Françoise Hardy, do Adamo, dos Beatles e Sandy Shaw e tantos outros.
Ao fim do dia, uma ida ao cinema ver um western com o John Wane, ou um Bruce Lee que dava pancada em tudo que mexia ou uma paródia do Louis de Funès e outros que tais.
Vazio?
E não havia computadores, internet e videojogos. A televisão (péssima), com apenas dois canais que abria às 19 h e 30 minutos e fechava por volta da meia-noite. Com programas desinteressantes, desde logo com as aborrecidas conversas em família de um senhor de óculos, com pronúncia de Viseu e, com um «telejornal» sempre ouvido em silêncio, não fosse cair o velho da cadeira.
Já na altura achava de elevado interesse o programa do Vitorino Nemésio - esse sim, um professor de elevada craveira e um comunicador de excelência. O programa chamava-se, «SE BEM ME LEMBRO»!
Uma delícia de comunicação. O que mais me fascinava, tendo eu pouca idade, era a facilidade de comunicação de alguém que sozinho, frente a uma câmara de televisão, dissertava sobre um qualquer tema, com variadas e oportunas divagações, mas sem nunca perder o mote original. Para mim ficará para sempre como o melhor programa de televisão - SE BEM ME LEMBRO!
Depois havia o serão de sábado reservado para a família da «Ponderosa»! Imperdível.
E, mais tarde, já na «dita primavera marcelista» que, para mim já com sentido do ser, estar e fazer da vida continuava a ser INVERNO, apareceu o ZIP ZIP. Para ver nas noites de segunda-feira, em diferido!
Numa época que não havia vídeos e, consequentemente, não existindo a possibilidade de alugar um filme.
Alugueres? Só o dos livros da carrinha da Gulbenkian que, semanalmente, parava no largo da aldeia e, onde a garotada ia alugar os seus livros e devolver os já lidos. Uma alegria e um momento de inegável oportunidade de ler os clássicos, quer portugueses quer estrangeiros. Desde Alexandre Dumas, Camilo, Vítor Hugo e outros. Leitura obrigatória eram as aventuras dos «CINCO»! E, como não podia deixar de ser as histórias aos quadradinhos com cowboys e índios.
Os outros livros, os PROIBIDOS, os MALDITOS para o regime .... só à socapa!!
Vazio?
Vazio de o dia não ter mais e mais horas....isso sim.
«Curtam» o tempo das férias como melhor acharem. Mas desfrutem dele com prazer e, acima de tudo, como forma de conhecimento. Mesmo em férias, em lazer, com tempo livre o conhecer é importante.
A partilha com amigos estejam eles na tua rua, na tua cidade, aldeia ou vila ou a milhares de quilómetros é sempre importante.
Já agora BOAS FÉRIAS!