Vergílio Ferreira (1916 -
1996)«4 de Julho de
1975 (sexta-feira)
(...) Entretanto continua a acentuar-se o
désarroi. Sinto-me desorientado. Medo? Um pouco. Mas não de ser encostado
a um muro. Morrer de cancro é bem pior. O que aflige é o destino deste
país.
Estarão conclusos os oito séculos da Nação? Haverá um homem ignorado que deite a mão a este descalabro? Uma oculta e inconfessada vergonha da nossa inferioridade. Não é “provincianismo”. Porque há um “provincianismo” do orgulho com o que em nós é pequeno. Um Salazar ao contrário. Não o temos. Temos é uma parada de palhaços que nos recobrem a tragédia de comédia.»
FERREIRA, Vergílio, "Conta – Corrente", Bertrand Editora, pág. 258, 1980.
Estarão conclusos os oito séculos da Nação? Haverá um homem ignorado que deite a mão a este descalabro? Uma oculta e inconfessada vergonha da nossa inferioridade. Não é “provincianismo”. Porque há um “provincianismo” do orgulho com o que em nós é pequeno. Um Salazar ao contrário. Não o temos. Temos é uma parada de palhaços que nos recobrem a tragédia de comédia.»
FERREIRA, Vergílio, "Conta – Corrente", Bertrand Editora, pág. 258, 1980.