sábado, setembro 24, 2011

Uma auditoria é demasiado pouco para tantos jardins....

Estava tudo a correr quase bem. O Governo até avançou com uma proposta que facilitará o despedimento de todo e qualquer trabalhador que acorde com uma inadaptação súbita ou que não consiga cumprir objectivos melhor imaginados pelo seu patrão e outra que reduz para metade o valor do trabalho suplementar. E eis que lá aparece outra vez aquele Alberto João a estragar tudo, a admitir que o valor da dívida da Madeira equivale ao da delinquência banqueira do BPN, àqueles mais de 5 mil milhões que, em capítulo anterior, “para salvar a Pátria”, fomos convocados a pagar. O Governo terá agora que flexibilizar ainda mais os despedimentos e tornar obrigatória a regra do voluntariado nas horas extraordinárias que, mercê da quase ausência de fiscalização, já fortalece a solidez financeira de grande parte do nosso tecido empresarial.

Mas o que é que uma coisa tem a ver com a outra? O mesmo que o desbaste que está a ser promovido nos salários e nos direitos laborais tem que ver com o argumento que o justifica, a situação das contas públicas do país: nada. E aceitar mais impostos, mais desmantelamentos de serviços públicos, mais cortes nas prestações sociais, mais vendas ao desbarato de património público e a terraplanagem dos nossos salários e direitos, longe de ser uma solução, é aceitar continuar a alimentar os desvarios de um poder que não está em boas mãos.

Quantos serão, afinal, os nossos Jardins? Demasiados para apenas uma só auditoria. O problema da Madeira tem que ser resolvido, é verdade, mas é apenas uma parte de outro, muito mais vasto. Alberto João foi impotente para travar a auditoria que está a resultar na sua exposição ao julgamento público. O mesmo julgamento que evitam os três partidos que têm poder quanto baste para adiar cine dia a auditoria à totalidade da nossa dívida. E a Madeira mostra como urge fazê-la para, aí sim, finalmente começarmos a reconstruir o que continua a ser consumido no banquete do clube de compadres que, à vez, mandam no Continente há tanto tempo como o auditado e até agora conviva reina na Madeira. Sentimo-los a passearem-se sobre os nossos sacrifícios. E pesam. Sem o travão de uma auditoria,pesarão cada vez mais.

Gosto disto...tirado daqui!!!