E lembro-me do poema de Carlos Tê - Porto Sentido!
"Por ruelas e calçadasDa Ribeira até à Foz
Por pedras sujas e gastas
E lampiões tristes e sós
E esse teu ar grave e sério
Num rosto de cantaria
Que nos oculta o mistério
Dessa luz bela e sombria
Ver-te assim abandonado
Nesse timbre pardacento
Nesse teu jeito fechado
De quem mói um sentimento
E é sempre a primeira vez
Em cada regresso a casa
Rever-te nessa altivez
De milhafre ferido na asa."
Quem nunca visitou e deambulou pela rua Passos Manuel não conhece o Porto!
Não falo só das damas da Foz que vinham tomar o célebre "chá" servido em chávenas aristocratas, mas onde em vez de chá era servido o delicioso néctar da uva!
Falo-vos da vida buliçosa da rua Passos Manuel, figuras típicas, lojas, muitas lojas de tecidos!
Vão desaparecer as lojas de tecidos!
Imposição do liberalismo económico que detesta pequenos e médios negócios. É imposição dos «novos investidores», uns franceses!
Em Passos Manuel, local do Ateneu Comercial do Porto, do antigo cinema Olímpia, o Coliseu do Porto, Garagem Passos Manuel e sem esquecer a restauração, a centenária Casa das Tortas, o Escondidinho e o Tripeiro tudo com tanta História que uns investidores nada conhecem apenas as luxúrias e os rendimentos fáceis.
Curiosamente, Passos Manuel, herói liberal, ligado à fação mais radical da Revolução liberal do Porto que mudou Portugal no século XIX. A ele se deve a reforma do ensino, com a criação, entre outras, da Academia Portuense de Belas-Artes e da Academia Politécnica do Porto.
Outros tempos e outros personagens!
"Rever-te nessa altivez
De milhafre ferido na asa."
