terça-feira, maio 23, 2023

Cinema

A propósito do «regular falecimento de instituições» revi um filme, mais um, extraordinário: «Manobras na Casa Branca»!
Para começo de conversa dizer, aos menos atentos, que o elenco tem só dois SENHORES da representação: Dusti Hofman e Robert De Niro.
Logo sinónimo de filme de qualidade.
Quando um famoso produtor de Hollywood (Dustin Hoffman) e um poderoso consultor de comunicação (Robert De Niro) são recrutados para tentar evitar o escândalo sexual que envolve o Presidente dos Estados Unidos, estão lançados os ingredientes para um filme de sátira política, mordaz e de humor negro produzido e dirigido por Barry Levinson. 
O roteiro baseia-se numa notícia falsa (mais uma boa sátira!) sobre uma guerra na Albânia, para distrair os eleitores de um escândalo sexual envolvendo o Presidente dos Estados Unidos.
Mas nada do que é feito por cineastas de relevo é inocente.
O filme foi lançado um mês antes do início do escândalo Lewinsky e dos subsequentes bombardeios sobre o Afeganistão e o Sudão. 
Mas também o podemos e devemos relacionar com o bombardeio ao Iraque, no tempo do democrata(??) Clinton durante o seu julgamento e hipotética destituição devido ao escândalo Lewinsky, e à invasão do mesmo Iraque com o pretexto da famosa mentira das armas de destruição maciça.
Faltam duas semanas para as eleições presidenciais e o escândalo que o Presidente acaba de criar pode derrubá-lo num ápice. Só um acontecimento ainda mais mediático que o próprio escândalo poderá salvá-lo.
E que tal uma guerra?
Esta é a mais óbvia aventura criminosa sobre o uso e abuso do poder político nos Estados Unidos.
Nunca perder de vista a actuação da sinistra CIA.
Mas o filme merece que seja visualizado e analisado face a tudo o que um país, dito democrata, pode fazer em prol da mentira para esconder os seus horrendos e bárbaros crimes mesmo protagonizados pelo seu presidente.
A não perder, obviamente, e a perceber-se o quanto escondem, hoje em dia, certos comportamentos das autoridades estado-unidenses e seus súbditos.
Imperdível para os que acham que a distracção é a melhor forma de iludir um povo.