Dando continuidade à análise da Assembleia Municipal da Guarda, realizada no dia 27 de Abril de 2022, que iniciámos na última crónica eis-nos chegados ao ponto em que o Bloco apresenta saudações ao 25 de Abril e ao 1.º de Maio. Nada contra cada um saúda como quer e o que quer. Estranha-se, ou talvez não, a apresentação de uma proposta para que a Câmara da Guarda passe a realizar celebrações oficiais para comemorar o 25 de Abril. Já sabíamos, foi dito pela própria Catarina Martins, que o Bloco era defensor da social democracia. Ora sociais democratas é coisa que não falta neste Bloco. Não sabem, ou não percebem que as comemorações do 25 de Abril e do 1.º de Maio são pertença do povo. Devem ser comemoradas na rua. O golpe militar do 25 de Abril de 1974 terminou no preciso momento em que o povo liderou as suas lutas, e conquistou as suas mais emblemáticas vitórias contra a ditadura. Só quem não viveu o 25 de Abril de 1974 e apenas se fica pela leitura livresca, quantas vezes deturpada da realidade, pode querer comemorações em salões engalanados, com discursos flamejantes de hipocrisia e punhos de renda. Percebe-se a intenção da proposta. Num momento em que o proponente diz vir a encerrar sedes, despedir funcionários, funcionários precários, eles que tanto vociferaram contra este tipo de situação laboral, espanto dos espantos. Eis que escolhem as comemorações em salão para terem palanque onde possam ter voz que lhes vai faltando noutros meios. Tudo entendido. Já quanto às subvenções e apoios concedidos a associações todos sabemos como o regulamento beneficia algumas, principalmente aquelas que dão votos, as que respondem ao poder instalado. Escusam de tentar esconder o Sol com a peneira. Todos os dirigentes sabem como e o que fazer para obterem o tão almejado apoio. Nada é diferente do que se passa a nível nacional. A corrupção no seu esplendor. Achei interessante o senhor presidente da câmara ter referido e passo a citar: «foram distribuídos mais de meio milhão de euros é o que está registado nos livros»! Registado nos livros? Isso quer dizer o quê senhor presidente? Depois veio, por conveniência de serviço, a auditoria da Deloitte. Invariavelmente quando um executivo quer fazer de conta que trabalha em prol dos munícipes nada melhor que arranjar uma entidade para realizar uma auditoria. Na página oficial da Deloitte pode ler-se e passo a citar: «Auditoria é um processo altamente complexo e a importância dos auditores como elo vital na cadeia de demonstrações financeiras nunca foi tão importante e nunca o seu papel como conselheiros fidedignos tão valorizado.» Fim de citação. Para mais à frente se dizer: « O recurso às nossas ferramentas permite aos profissionais de auditoria das firmas membro da Deloitte oferecer a garantia de serviço de qualidade e excelência, implícita na marca Deloitte, que a comunidade financeira e o mercado esperam de nós». Preciso dizer mais alguma coisa? No tempo da gestão socialista na câmara da Guarda também houve lugar a uma auditoria. Foi contratada a Universidade do Minho. Resultado da auditoria, falta de impressoras. Isso mesmo! O problema da gestão camarária estava na falta de impressoras. Elucidativo. Passados estes anos chegou uma nova auditoria, agora com a chancela da Deloitte, a tal que realiza serviço de qualidade e excelência que a comunidade financeira e o mercado esperam dele, Deloitte. E o resultado só podia ir de encontro a esse objectivo, o mercado. Conclui a empresa que o problema reside nas chefias e na distribuição dos serviços pelas várias divisões. Ou seja a organização administrativa vai contemplar mais chefias e talvez mais pessoal. Se não for admitido ninguém há um aumento de custos de 300 mil euros por ano. O financeiro e o mercado a funcionar em pleno. Mais uma vez, finge-se fazer alguma coisa para que tudo fique na mesma. Mais de 47 000 processos a aguardarem resposta dos munícipes e 27 chefias ilegais por não terem sido nomeadas oficialmente e em alguns casos pode ser pago o diferencial por horas extraordinárias é tudo desorganização de uma casa onde se faz gestão de taberneiro. E que dizer da saída do SMAS da esfera da Câmara? Um imbróglio que se justifica pela votação contra a decisão tomada por Amaro, pelo actual presidente da câmara, com a ausência à reunião onde tal medida foi tomada. Brilhante. Em vez de estar presente na reunião e dizer de viva voz que estava contra tal medida optou o actual presidente de câmara e vereador na altura em refugiar-se na ausência. Lastimável atitude que pouco ou nada abona em prol do seu sentido de ser, estar e principalmente fazer. Podem pagar todas as auditorias que quiserem que o problema é falta de saber gerir a coisa pública em prol dos munícipes e não em proveito partidário. Para já ficamos por aqui.
Tenham uma boa semana.