Ficaram sem ter como pôr comida na mesa e começam agora a engrossar as filas nas instituições que prestam ajuda assistencial.
Muitos dos 280 mil portugueses que dependem dos cabazes do Banco Alimentar contra a Fome são da classe média.
Tinham emprego, férias, acesso à net e tv por cabo, cartão de crédito. Ficaram com uma casa para pagar ao banco, um subsídio de desemprego que tarda a chegar - quando chega - ou que já acabou. Um carro que já não sai da garagem.
Chegam à Assistência Médica Internacional (AMI), à Caritas ou às Misericórdias e pedem comida, ajuda para pagar os livros dos filhos, a mensalidade da casa, a conta da farmácia.
Pedem, sobretudo, que não lhes divulguem o nome, porque nunca se imaginaram na posição de quem faz o gesto de estender a mão a pedir ajuda. "São pessoas que [nas cantinas comunitárias] comem viradas para a parede, têm vergonha de ser vistas ali, se lhes perguntamos o nome, fogem...".
São refeitórios comunitários (que substituíram as velhíssimas sopas dos pobres) " e, onde a procura aumentou entre 200 a 250 por cento".
Ainda nos refeitórios das misericórdias, as médias etárias baixaram "dos 65 ou mais para os 42 anos ou menos".
E que quem ali vai já não são só os sem-abrigo, os velhos e os inempregáveis do costume.
Prova-o a forma como se vestem. "São pessoas arranjadas e cuidadas, nota-se que já tiveram a vida mais equilibrada. Ficaram desempregadas, ou aconteceu-lhes outro qualquer desarranjo, mas naturalmente não deitaram a roupa fora...".
São professores, advogados, engenheiros: profissões que nada fazia prever que precisariam de ajuda institucional.
Só a Cáritas do Porto ampliou a sua oferta, que era alimentar e de vestuário. E, este ano criaram apoio medicamentoso, cujo investimento vai em 5063 euros.
São apoios para pagar a água, a luz ou renda e de execução fiscal.
Menos mal quando pedem ajuda. Nos centros Porta Amiga, da AMI, 7026 pessoas pediram apoio social no primeiro semestre de 2010.
Cerca de 75 por cento do total de 2009.
A maioria entre os 21 e os 59 anos, ou seja, com idade para estar a trabalhar.
Mas, há muita gente fechada em casa, a passar fome.
A pobreza envergonhada!!!
Vendem o recheio da casa, acumulam dívidas, é a caracterização económico-social de um povo na miséria!!!
Esquecem-se que «Pedir ajuda é um direito, as pessoas têm que perder a vergonha de o fazer."
A situação actual só surpreende quem não andou atento aos números.
Em 2003, o INE dizia que 20,4 por cento da população estava em risco de pobreza, ou seja, tinha rendimentos inferiores a 414 euros mensais.
Em 2008, José Sócrates orgulhava-se de ter reduzido essa taxa para os 18,9 por cento. Se tivéssemos olhado para aqueles números antes das transferências sociais, percebíamos que a taxa de pobreza tinha aumentado na realidade de 41,3 por cento, em 2003, para os 41,5 em 2008.
MENTIRAM!!!!
Escamotearam a realidade!!!
VERGONHOSO!!
ALDRABÕES!!!
Por causa do crescimento económico, do desenvolvimento da administração pública e de um processo de concentração urbana muito brusco, entre outros factores, os trabalhadores começaram a acreditar que podiam pertencer à classe média e isso, aliado à facilidade de crédito, ajudou a que ficassem mais disponíveis para a compra de casas, assim como para os empréstimos para aquisição de carros, telecomunicações, equipamentos de longa duração.
Tudo isso criou a ilusão de que a condição de classe média era sólida e estável.
Ora, na verdade isso nunca aconteceu, porque as pessoas estavam era endividadas e o que esta crise está a provocar agora é um enorme defraudar dessa expectativa.
Voltamos aos números: em Agosto, o incumprimento no crédito à habitação ascendia aos 1.957 milhões.
No crédito ao consumo, a taxa de incumprimento é um pouco maior: sete por cento do total, ou seja, 1232 milhões de euros.
A classe média está a atrofiar-se muito rapidamente.
O sociólogo Boaventura Sousa Santos diz mesmo que "A classe média é composta por aqueles que conseguem planear a vida, a ida dos filhos para a universidade, a compra do carro, as férias. Ora, as condições que tornaram possível o seu aparecimento estão a ser destruídas", constata, para concluir que, "se as democracias valem o que vale a classe média, então é evidente que a democracia portuguesa está a cometer suicídio".
Agonia final!!!
Este é o país que um tal de Sócrates nos vai deixar...NA MISÉRIA!!!