terça-feira, março 13, 2007

Memória curta .....perna longa!


O país vai de carrinho........

Na última semana tivemos três aniversários.
O do 1.º ministro, que fez anos de governação.
O Sr. Silva, que fez anos de eleito, entre pares.
E......como não há duas sem três, a RTP também entrou na «festa».
Quanto à RTP, o «show» foi patético.
Horas e horas de completo tédio, modorra caracterizaram aquela emissão do «programa segue dentro de momentos»!!
E seguiu, como de costume.
Péssimo, sem interesse e enfadonho!!!!
Um «chefe» inaugura um edifício, inacabado.
Um prior «benze» pedras.
Tudo à dimensão do Estado Novo.
Ainda pensei que era um filme de alguma série de terror ou da RTP memória.
Mas não. Era mesmo real, século XXI, Portugal.
Assistir a estas palhaçadas, não dá, não há pachorra.
Que o Estado continue a pôr-se de cócoras perante a igreja, dita católica, é pouco dignificante, é humilhante, para um Estado que se diz laico.
Depois da missa de graças mandada dizer pelo director-geral dos impostos, só faltava mesmo que o presidente da RTP convidasse o cardeal para uma benzedura.
A pujança e castidade com que o vigário agitava o hissope para a benzedura, é uma farsa, um engodo, só revela a promiscuidade que existe entre a Santa Igreja apostólica romana e o Estado português.
O problema é que continuamos a viver num reino cadaveroso, pautado pela cobardia, pelo medo e pela hipocrisia.
E eu que pensava, que esta coisa das cerimónias oficiais e do papel das confissões religiosas nas mesmas e no protocolo de estado, tinha sido discutido no parlamento, no ano passado e, se chegara à conclusão, de que era necessário, respeitar a não confessionalidade do estado nas ditas cerimónias, puro engano, claro!!!
Mas, a religião, o dogma televisivo não se fica pelas benzeduras!!
A RTP continua prestar o serviço público do costume - péssimo e de inteiro interesse de uns quantos!!!!!
Exemplos, mais que muitos.
A «santinha» Elisa protectora dos «bem aventurados» de espírito, a «noviça» Judite e a «entrevista encomendada», etc....
Judite de Sousa desempenha habilmente o papel de «senhora dos aflitos» da direita.
Olhando para os «devotos» de Judite de Sousa chegamos à conclusão que são quase todos, ou amigos ou camaradas, de partido do seu marido.
Valentim Loureiro, o cidadão exemplar do país, até se dá ao luxo de dizer, com o seu vozeirão altivo, que brevemente vai ter a oportunidade de explicar tudo numa televisão.
Valentim Loureiro, um político rejeitado pelo seu próprio partido e arguido em processos de corrupção no desporto é tratado como cidadão exemplar que tem direito a tempo de antena e trata e comporta-se como se fosse dono da estação de «serviço».
Em Portugal usa-se e abusa-se da presunção da inocência, podemos ver um crime ser feito à luz do dia mas até trânsito em julgado o criminoso deve ser tratado como um cidadão exemplar porque se presume inocente.
Podemos ler as transcrições das escutas feitas aos dirigentes do futebol que não deixam dúvidas de que não são gente digna mas temos que os tratar como líderes sociais, como a RTP vai fazer com Valentim Loureiro, pode dar-se o caso de haver uma qualquer vírgula errada, uma exclamação em vez de uma interrogação, no mandado do juiz que leve à anulação das escutas e, em consequência, à não condenação do arguido.
Valentim Loureiro e outros poderão não ser condenados pela justiça portuguesa, mas por aquilo que se sabe não são merecedores de serem tratados como figuras públicas, por mais votos que os eleitores de Gondomar confiem nele.
Não ser condenado não significa que se seja inocente perante a sociedade e os portugueses e, não pagam os impostos que financiam a RTP para que a Judite de Sousa promova a recuperação da sua imagem.
Ontem ouvi Valentim Loureiro dizer, com aquele ar de cidadão moralmente superior que todos lhe conhecemos, que iria explicar tudo num canal de televisão.
Fiquei meio atónito pois o “Perdoa-me” já acabou há muito tempo e não estava a ver o autarca de Gondomar pagar publicidade do seu bolso, não imaginava que um cidadão tão exemplar pudesse dispor de tempo de antena.
Não podia crer que a RTP iria usar o dinheiro dos contribuintes para permitir a um sujeito que é suspeito de corrupção vir fazer campanha televisiva enquanto está envolvido com a justiça.
Mas enganei-me, Valentim vai ter mesmo direito a prime time na televisão que pagamos com os nossos impostos e não só vai poder usar um bem que é público como se dá ao luxo de o anunciar com semanas de antecedência como se fosse ele o dono da estação de televisão.
Enquanto a justiça acusa, a RTP antecipa a barra do tribunal, com uma audiência conduzida pela Judite Sousa.
Ou seja, a «Grande Entrevista» é a versão politiqueira de «Na cama com ...... Judite de Sousa».
A "Grande Entrevista" da Judite de Sousa tem servido com frequência para fazer exercícios de reanimação de aflitos do PSD, ou alguma personagem da direita ou do mundo da bola está em dificuldades é certo e sabido que na semana seguinte vai para tratamento naquele programa, uma verdadeira "ala dos queimados" da RTP.
Sucedeu há pouco tempo com Carmona Rodrigues, Ribeiro e Castro, Paulo P. e tantos outros e, vai voltar a acontecer com Valentim Loureiro.
Só que de Valentim Loureiro não há mais nada a saber e se o houver é mais do domínio da justiça do que da comunicação social.
As únicas entrevistas úteis que Valentim Loureiro poderá dar neste momento serão aquelas que Manuela Morgado, ou um qualquer juíz quiser entender serem necessárias e não as da serva Judite Sousa.
As primeiras servem para apurar a verdade, as segundas servirão apenas para iludir essa mesma verdade, as primeiras fazem parte da justiça enquanto as segundas só poderão ser úteis para dificultar a justiça.
Ao promover este tipo de entrevistas a RTP está a «limpar» a imagem de «cidadãos» que estão longe de terem demonstrado serem modelos de cidadania e, pior do que isso, está a interferir na opinião pública no meio de um processo judicial, dando ao mais conhecido dos arguidos a possibilidade de virar essa opinião pública contra a justiça.
Entrevistas como esta deveriam ser transmitidas a partir de Medelin, na Colômbia.
Resta-nos a nós, enquanto cidadãos, não vestir o «hábito» desta confraria. Da minha parte, não vou contribuir para este peditório, a favor da Madalena «comprometida».
Aniversários e mais aniversários só mesmo para comer um bolo putrefacto e apagar a velinha da santa ignorância.
Ámen!!!!