quarta-feira, setembro 14, 2022

Memória - Mestre Aquilino Ribeiro

A 13 de Setembro de 1885 nascia em Tabosa do Carregal, Sernancelhe, Viseu, um dos maiores escritores da Língua Portuguesa - Aquilino Ribeiro.
Justamente apelidado de Mestre Aquilino.
A linguagem de Aquilino Ribeiro caracteriza-se fundamentalmente por uma excepcional riqueza lexicológica e pelo uso de construções frásicas de raiz popular, cheias de regionalismos.
Aquilino foi sobretudo um estilista e, por isso, a sua linguagem vernácula é arejada, frequentemente condimentada nos diálogos com expressões entre grotescas e satíricas.
Ler Mestre Aquilino é uma aprendizagem constante do léxico da língua portuguesa. Convém fazê-lo com um bom dicionário da língua portuguesa tal a qualidade linguística dos seus textos. Apesar de ter optado por uma literatura de tradição, Aquilino procurou ao longo da sua vida uma renovação contínua de temas e processos, tornando-se assim muito difícil sistematizar a temática da sua vastíssima obra.
Num número considerável de obras, Aquilino reflecte cenas da sua vida: o convívio com as gentes do campo, a educação ministrada pelos sacerdotes, as conspirações políticas, as fugas rocambolescas, os exílios.
Até 1932, ano em que fixa residência na Cruz Quebrada, todos os ambientes, contextos e personagens que Aquilino cria, remetem para a sua querida Beira natal. O Malhadinhas, Andam Faunos pelos Bosques, Quando os Lobos Uivam e Terras do Demo constituem o melhor exemplo desta situação. De facto, ver-nos-emos, com uma extrema facilidade, envolvidos com as suas personagens beirãs, os seus costumes, tradições e modos de falar típico. Mestre Aquilino Ribeiro foi um enorme escritor mas foi igualmente um cidadão interventivo, crítico mordaz de uma monarquia liberal, podre e assente em governos autoritários. Participou em muitas lutas contra a déspota, tirana e inútil monarquia.
Um escritor a quem devemos as página mais ricas da literatura mundial. A melhor homenagem que lhe podemos e devemos prestar é lê-lo, aprender com o Mestre.
Alguém pode deixar de ler, pelo menos, essa enorme obra «A Casa Grande de Romarigães»! Quanto da Beira rural e analfabeta ancorada numa sociedade patriarcal, num ambiente arreigado na religiosidade e na crendice e revelador do instinto camponês com todas as superstições e todos os subterfúgios associados à obsessão de propriedade, ao compadrio, ao poder não encontramos ainda hoje na sociedade moderna?
Mestre Aquilino sempre, mas sempre, actual e actuante, assim o queiram as mentes perceberem a sua mensagem.
Não é fácil a leitura. Mas o esforço é compensador a cada frase, a cada parágrafo.
Conhecermos de onde viemos, onde estamos e para onde queremos ir é sempre o mais importante.
Obrigado Mestre Aquilino pelos ensinamentos que nos dás a cada revisitação das tua obras.