terça-feira, março 12, 2024

E o Papa Francisco volta a agitar as águas imundas do pântano onde só há seres irracionais.

Apelar-se às partes em conflito na Ucrânia para terem "a coragem de levantar a bandeira branca" e negociar é algo que molesta só os imbecis e os senhores da guerra.
Só os senhores da guerra, as empresas de armamento, os poderosos ditadores, os eunucos e as vacas sagradas podem defender mais e mais guerra, mais e mais inocentes a morrerem.
Sejamos dignos do ser racional que devia existir em cada um de nós.
Este episódio fez-me lembrar outro protagonizado pelo Papa Paulo VI quando a 1 de Julho de 1970, quatro anos antes do fim da Guerra Colonial, recebia os líderes dos movimentos de independência da ex-colónias portuguesas, no Vaticano.
E sem perda de tempo, Marcelo Caetano lá foi à televisão, no dia 6 de Julho, ensaiar malabarismos diversos para desqualificar o acontecimento, enquanto chamava a Lisboa o embaixador de Portugal no Vaticano, “esperando-se que nos sejam prestadas pela Santa Sé os esclarecimentos convenientes” (Nota oficiosa do MNE de 5 de julho de 1970).
Sem falar do que se escrevia em pasquins afectos ao regime: "foi com “surpresa e profunda mágoa” que se tomou conhecimento da audiência do Papa aos três dirigentes nacionalistas: “Insólito e lamentável/O Papa recebeu terroristas responsáveis pela chacina de milhares de cristãos”.
Mais uma vez a nossa chacina nos territórios conquistados far-se-ia e defender-se-ia com a propaganda hipócrita da cruz de Cristo numa mão e a espada na outra.
“O chefe da Santa Sé deveria ter enviado sinais à comunidade internacional sobre a necessidade de unir forças imediatamente para garantir a vitória do bem sobre o mal, e apelar ao agressor, não à vítima”!
O discurso é sempre o mesmo. Só mudam os actores da tragédia.