«A música e a poesia sempre foram o rosto duplo da beleza. E, de um modo manso, esses dois vibrantes semblantes surgiram no caminho do escrevinhador destas linhas como que a pedir-lhe que os trouxesse para o corpo do mundo, que neste caso tem a forma de livro. E ele começou a guardar de entre as mais variadas sonoridades dos instrumentos com acompanhamento da voz humana cantada aqueles momentos sonoros em que uma qualquer corda órfica dentro dele vibrou muito para além da sua condição terráquea.
E para quem passa e é saudavelmente curioso, aqui fica o convite: ler os poemas e escutar as músicas - ou vice-versa -, pois pode acontecer que os dois rostos, de repente, se transformem, magicamente, num só, para contento dos amantes das presenças transcendentes.»
Joaquim M. Palma
Joaquim M. Palma
"Porque brigam os homens entre si
se isso alimenta e engorda
as sombras das suas cavernas?
Que se juntem numa clareira
todos os que adoram a violência
e se aniquilem mutuamente
até não restar um sequer.
E logo ali despontará o alvorecer
de uma nova civilização de homens bons
onde ninguém morrerá antes de ser velho
e tudo se cumprirá segundo a sagrada lei
da beleza
da alegria
e do nunca presente temor."
Joaquim M. Palma, in “Vox Humana”, Companhia das Ilhas, Março de 2024, p. 214.