quinta-feira, julho 14, 2022

O teatro dos incêndios

Não são só as altas temperaturas a causa de tantos incêndios.
Eu sei que há muita mão criminosa. 
Sei, escusam de começar a vociferar contra os meus argumentos. 
Mas também sei que a ditosa justiça nada faz. Uma pulseira nalguns casos e noutros uma ligeira pena para não se levantarem muitas críticas. É a justiça que temos. Dizem os «entendidos» que não se pode andar a vigiar os malucos dos incêndios. É inconstitucional, dizem os «letrados»! 
E assim a impunidade leva a que se percam milhares de hectares de floresta, que se ponha em risco a segurança das pessoas, que se gastem rios de dinheiro que tanta falta fazem à sociedade, que se atire para a miséria a vida das pessoas. 
Será que os juízes, das suas altas cristas, não poderiam determinar que esses «maluquinhos» fizessem trabalho comunitário? 
Limpeza de tanta mata cujos legítimos proprietários não possuem meios para o fazerem? Nada.
Depois as causas próximas. Quem não se lembra das frases feitas com as quais nos quiseram impingir a verdade deles, tais como «no Inverno é que se deve trabalhar para combater os incêndios», «nunca mais se repetirá o flagelo de Pedrógão», «Certamente chegará o momento de apurar o que aconteceu -- algo que nunca tinha acontecido e de uma dimensão absolutamente trágica», «A PJ, em perfeita articulação com a GNR, conseguiu determinar a origem do incêndio e tudo aponta muito claramente para que sejam causas naturais. Inclusivamente, encontrámos a árvore que foi atingida por um raio.», «Houve uma situação meteorológica particular a partir das 14 horas, numa extensão entre Coimbra e o norte do Alentejo, com a sucessão de trovoadas secas que terão estado na origem destes incêndios, e que terão gerado fenómenos meteorológicos de grande concentração e violência, como este que vitimou o conjunto destas pessoas.», «O que se fez foi o máximo que se poderia ter feito.», «A palavra que quero deixar agora não é uma palavra de desânimo, é uma palavra de ânimo, de confiança, de conforto», «Não era possível fazer mais, há situações que são situações imprevisíveis e quando ocorrem não há capacidade de prevenção que possa ocorrer, a capacidade de resposta tem sido indómita.», «O momento é um momento de pesar e de concentrar todo o esforço no combate a este incêndio.», «O momento é de combater não é de fazer avaliações.», «Ora se há realidade que objectivamente ocorreu com estas mortes, e estas duas e tão diferentes provações de um Verão interminável, foi a fragilização de muitos portugueses. Não vale a pena negá-lo.», «Ficaram sobretudo fragilizados perante a ideia da impotência, da sociedade e dos poderes públicos em face de tamanha confluência de catástrofes no tempo e no espaço.», «Pode e deve dizer que esta é a ultima oportunidade para levarmos a sério a floresta e a convertermos em prioridade nacional com meios para tanto, senão será uma frustração nacional. Se houver margens orçamentais, que se dê prioridade à floresta e ao combate de fogos.», «Pode e deve dizer que reformar a pensar no médio a longo prazo não significa termos de conviver com novas tragédias até lá chegarmos» e outras tantas. 
Hipócritas frases. 
Podem repeti-las. 
O povo já nem se lembra delas. 
Aproveitem e façam mergulhos nas águas de rios e ribeiras das zonas afectadas para que o «show possa continuar».
Mas quem acredita numa canalha pantomineira? Os mesmos que estiveram no «palco de operações» de outros anos são os mesmos que hoje subiram na hierarquia e comandam as operações e continuam a dormir o sono dos assassinos.
Todos eles! 
Um incêndio não se devia combater, devia-se evitar. Mas isso a quadrilha malfeitora nunca o fez nem fará. Agora já não falam na palhaçada do negócio das golas inflamáveis, as ditas «aldeias seguras» e os celebérrimos «Oficiais de Segurança Local».
Onde estão? Foram com o Cabrita e a Constança. 
Mas outros participantes do «teatro de operações» continuaram a abanar a árvore das patacas.
Se houvesse alguém com o dever de responsabilidade já há muito que tinha exigido uma vassourada no lixo.
Mas não há! 
O que há é fotografias e circo.
O «novo» argumento da canalha que na opinião dos «inteligentes» nos salvará dos incêndios será o cadastro dos terrenos. Mais uma forma encapotada de roubar os pobres proprietários. Mas disso já estamos habituados.