terça-feira, setembro 20, 2016

A porcina acéfala

É uma porca velha e gorda. Mamas grandes e leitosas. Cada vez que se senta à mesa empina as tetas e põe-se à escuta das novidades… nem o sol lhe falta, como às mulheres do soalheiro…
Veste mal. Muito mal.
Gorda como é gosta de mostrar as saliências das banhas.
Houve quem já lhe contasse sete barrigas, como as mulheres da Nazaré em número de saias.
Veste calças justas onde se notam todas as reentrâncias interiores e exteriores.
Cheira mal dos sovacos e tem um hálito que tresanda a metros.
Sempre à escuta para levar aos chefes as novidades e os comentários que se fazem.
Pelas festas traz as prendas com que banqueteia e bajula os chefinhos…
Um autêntico mercado da ladra… onde se presenteiam eunucos e pulhas.
A porcina tem vários segredos inconfessados…
O mais «escondido» é que a porcina tem uma alcova onde se deleita com os prazeres sexuais de um amante, de longa data, que vai traindo a esposa.
A porcina acha que ninguém sabe… mas, é do conhecimento geral.
Porcina tem a mania que é esperta…
Mas é burra que nem vaca que serve todos os toiros…
Porcina é a típica xica finória da banca do peixe.
Tem como habilitações a válvula que lhe permite ocupar cargos de venda de peixe podre!
Vende lulas e chocos em segunda mão.
Porcina tem outro segredo, esse bem menos conhecido.
Esconde-o.
Porcina é careca e marreca.
Usa peruca e tem colete que, para além de suportar as avantajadas mamas, encobre a marreca.
Porcina é nojenta e pestilenta.
Alcandorou-se nos postes para «gozar» a paisagem e guardar a manada.
Se as paredes falassem… ai Porcina até as fotocopiadoras trabalhavam sozinhas…

«Bojudo fradalhão de larga venta,
Abysmo immundo de tabaco esturro,
Doutor na asneira, na sciencia burro,
Com barba hirsuta, que no peito assenta:

No pulpito um domingo se apresenta;
Prega nas grades espantoso murro;
E acalmado do povo o grão sussurro
O dique das asneiras arrebenta.

Quattro putas mofavam de seus brados,
Não querendo que gritasse contra as modas [qu'rendo]
Um peccador dos mais desaforados:

"Não (diz uma) tu, padre, não me engodas:
Sempre me ha de lembrar por meus peccados
A noite, em que me deste nove fodas!"

Bocage