Enquanto
se desdobra em salamaleques, jantaradas de confrades, festas e festinhas,
homilias, bajulações e procissões de andores com a senhora dos Prazeres, da
senhora do coito e do santo marreco eis que se anuncia a candidatura do
hipócrita ao lugar de presidente da República.
Para
que não se julgue que estou a exagerar, quando chamo a atenção do tempo que
promoveu o desenvolvimento humano do figurante e, o moldou em consonância com a
época, quer ao nível do microssistema, do mesossistema, do exossistema e,
principalmente, do macrossistema tornando-o no ser repugnante, lambe botas que o
caracteriza, eis uma prova evidente de tudo o que o «sujeito» consegue ser!
Aqui
fica uma carta que o figurante enviou ao presidente de conselho, na altura era
assim que se designava o primeiro-ministro!
«Senhor
Presidente do Conselho,
Excelência
Venho
agradecer a Vossa Excelência a amabilidade que teve para comigo ao enviar-me,
por intermédio da Senhora D. Jenny, alguns livros de Vossa autoria e por Vossa
Excelência rubricados.
Eu, como simples aluno do primeiro ano liceal, acho que é demasiado valiosa para mim a oferta de Vossa Excelência, pois o dever do aluno e filido [sic] da M.P. é tentar melhorar-se e educar-se a si próprio por sucessivas victórias da vontade.
E para certificar a afirmação feita bastam os versos de Fernando Pessoa:
“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”.
E Senhor Presidente, para terminar esta pequena e modesta carta, desejo a Vossa Excelência muitos anos de vida, para bem da Nação Portuguesa e de todos nós.
Com o mais profundo respeito e a mais sentida gratidão,
subscreve-se o vosso humilde servo,
Eu, como simples aluno do primeiro ano liceal, acho que é demasiado valiosa para mim a oferta de Vossa Excelência, pois o dever do aluno e filido [sic] da M.P. é tentar melhorar-se e educar-se a si próprio por sucessivas victórias da vontade.
E para certificar a afirmação feita bastam os versos de Fernando Pessoa:
“Deus quer, o homem sonha, a obra nasce”.
E Senhor Presidente, para terminar esta pequena e modesta carta, desejo a Vossa Excelência muitos anos de vida, para bem da Nação Portuguesa e de todos nós.
Com o mais profundo respeito e a mais sentida gratidão,
subscreve-se o vosso humilde servo,
Marcelo
Nuno Duarte Rebelo de Sousa
Lisboa,
7 de Abril de 1960»
[Fonte:
Torre do Tombo – Arquivo Salazar]
Notas:
o que o figurante queria dizer com [filido]?
Erro?
Também dava erros e a «titi» não lhos corrigia?
GRAVE,
MUITO GRAVE!
Devia
levar 10 reguadas em cada mão! Esse era o método de ensino do sistema. O mesmo sistema que
bajulava!
M.P.
: Mocidade Portuguesa!
Contrariamente
ao que o figurante Marcelo já disse, a organização M.P. só era obrigatória a
partir do 1.º ano liceal ou técnico!
«o
dever do aluno e filido [sic] da M.P. é tentar melhorar-se e educar-se a si
próprio por sucessivas victórias da vontade».
Que raciocínio mais lamechas!
Um
hino ao lamechismo parolo, bacoco e saloio próprio de canalha lambe botas!
«Victórias
da vontade»??
O
que é isso?
Sabes
parolo as victórias que os alunos, da tua época, conseguiam não o deviam a
quaisquer vontades próprias mas, apenas e tão só, à carteira dos papás!
Que, no
teu caso, um papá governador de uma província ultramarina - Angola - e, servidor do estado
salazarento e marcelista era, como convinha, bem recheada!
Por
fim, a última e a pior, « muitos anos de vida, para bem da Nação Portuguesa e
de todos nós»!
REVELA
TUDO!
A
HIPOCRISIA TOTAL!
Ontem
bajulavas os Salazares e Caetanos hoje és um democrata… de aviário, claro!
VAI
ENGANAR O TEU AVÔ!