SONETO
AO VIL INSETO
Enquanto
a rude plebe alvoroçada
Do
rouco vate, escuta a voz de mouro, (adivinho, profeta)
Que
do peito inflamado sai deste ouro
Por
estreito bocal desentoada;
Não
cessa a cantilena acigarrada
Do
vil inseto, do mordaz besouro;
Que
à larga se criou por entre o louro
De
que a sabia Minerva está coroada;
Enquanto
o cego ateu, calvo da tinha,
Com
parolas confunde alguns basbaques,
Palmeando
a amatória ladainha;
Eu
não me posso ter; cheio de achaques,
Cansado
de lhe ouvir — "Bravo! Esta é minha!"
Cago
sem me sentir, desando em traques.
Bocage