Os guardenses foram mais uma vez confrontados com uma notícia envolvendo o estafado tema do hospital da Guarda.
A construtora Casal, no exercício de um direito legal, requereu junto do Tribunal Administrativo e Fiscal de Castelo Branco a impugnação da decisão do júri do concurso referente à ampliação do Hospital Sousa Martins.
Quem já esqueceu a recente visita do primeiro-ministro, em vésperas de um importante acto eleitoral, expressamente para lançamento da primeira pedra da mais que prometida obra? Para espanto geral só agora ficámos a saber que a providência cautelar interposta pela construtora Casal deu entrada três dias antes da celebração do contrato com a Hagen/Edifer, facto esse que não podia ser do desconhecimento da ministra da Saúde e do primeiro-ministro aquando da sua recente deslocação à Guarda.
Fica assim patente o apetite do partido socialista e do governo que suporta por cerimónias de circunstância, ainda que a oportunidade das mesmas possa vir a ser colocada em causa pelos Tribunais. O resultado das eleições europeias não augura um bom sucesso a este género de prática política, mas é ainda assim legítimo que nos questionemos sobre a eficácia de tal lição junto de quem tem o péssimo hábito de brincar com coisas sérias, como é o caso da saúde dos guardenses. Tais dúvidas decorrem, muito naturalmente, do facto de ser impossível ao partido socialista e ao governo combater a ideia de que tudo foi feito para que a existência de tal providência cautelar não fosse atempadamente conhecida da população, atrapalhando desse modo a desesperadamente necessária “inauguração” de obra por fazer…
Importa ainda chamar a atenção dos guardenses para a possibilidade, conferida pela Lei, de a aludida providência cautelar vir a ter algum tipo de consequência, eventualmente traduzida em mais atrasos na prossecução de uma obra há muito desejada pelos guardenses, e tantas vezes prometida por tanta gente. Independentemente dos custos – financeiros e não só – que tais desenvolvimentos possam acarretar à população do distrito da Guarda, é imperativo reflectir no sentido de responsabilidade de quem aceitou lançar uma primeira pedra (em período de campanha eleitoral…) de uma obra que sabia à data estar sujeita a decisão judicial pendente.
Esta forma de governar, bem como a mentalidade que lhe está subjacente, explicam a situação a que o país chegou, com as consequências que todos conhecemos, nomeadamente no que respeita à saúde dos guardenses, ou à falta dela.
É lamentável que a coisa pública seja usada pelos mesmos de sempre para simples exercício de propaganda, de que é exemplo adicional a afixação de um cartaz pago pelo erário público numa das paredes do hospital, profusamente iluminado durante a noite num local que há anos permanece virtualmente às escuras perante a indiferença de quem é suposto governar!
Há muito que os guardenses se habituaram à demagogia profusamente derramada à custa do prometido hospital da Guarda. O mais elementar respeito pela democracia e pelos cidadãos aconselharia a um primeiro-ministro de um país que se anuncia todos os dias como moderno, que tomasse uns caldinhos de galinha sempre que se perspectivasse uma batalha judicial a respeito de uma obra tão importante para a nossa população.
Mas infelizmente os acontecimentos vieram demonstrar que continuamos a ter apenas direito a mais do mesmo, já que do prometido hospital só é visível o lançamento de uma pedra, de algumas vedações manhosas, e de uma providência cautelar. O partido socialista não conseguiu, mais uma vez, resistir à doença dos apetites eleitoralistas. Tal doença, que se tornou crónica, necessita de tratamento urgente, o qual não poderá infelizmente ser dispensado num hospital que o partido socialista prometeu aos quatro ventos mas que foi incapaz de construir numa legislatura de maioria absoluta.
Aos guardenses não pode deixar de fazer confusão que quem se propõe construir projectos megalómanos tenha sido incapaz de, em quatro anos, ampliar simplesmente o nosso hospital…
Não há desculpas para tal comportamento. É por isso necessário que os guardenses reflictam nestes métodos recorridos pelo partido socialista, insensíveis ao longo sofrimento dos guardenses, e que sejam eles próprios a dar cura a este mal nas duas eleições que se avizinham.
Uma pedrada!!!