terça-feira, janeiro 08, 2008

O ano de 2008 ou a tragédia da idiotice


Aí está um novo ano.
Como é habitual nestas ocasiões deseja-se um bom e feliz ano.
Deseja-se!!!
Só que do desejo à concretização vai o salto de um gigante.
Nem a tão anunciada campanha publicitária, para promoção além fronteiras do País, o "West Coast of Europe" vai conseguir acabar com o subdesenvolvimento, iliteracia, corrupção e recorrentes indicadores estatísticos de miséria de Portugal.
Miséria que muitos denunciam mas que outros escondem com recurso a discursos alegre e orgulhosamente medíocres numa peça de fantasias e deslumbramentos para consumo interno.
Só mesmo para consumo interno!!!
O atraso estrutural do País em relação ao resto da Europa é escamoteado, ignorado.
Em todos os índices, humano, social e económico o País afunda-se no pântano da hipocrisia.
As desilusões e as mentiras irão continuar a nortear a governação.
Em 2008, nova vaga de cortes orçamentais já estão agendados.
O País vê cada vez mais adiados os projectos.
Encerram-se serviços, SAP’s, escolas, tribunais e tudo mais que faz aumentar o interiocídio.
Regressam os reitores e o presidencialismo do regime corporativo.
Governa-se para a ilusão e para elogio do seu próprio espectáculo. Anima-se a governação sempre, como sabem dizer, a Bem da Nação, na versão light, A Bem das populações!!!
O que 2008 trará não é de bom agoiro para os Portugueses.
A governação doméstica continuará a usar o mesmo velho cobertor - da destruição organizada, da incompetência generalizada, da admoestação pífia, da arrogância funcional, da ameaça e humilhação, da submissão abjecta -, virtuosamente puxado por um grupelho de falsários "reformadores".
Sobre o que se espera de 2008, em termos de desenvolvimento de um país ou de uma região é pouco ou pior é demasiado trágico.
Tomando como base a obra de Alexandre O'Neill, Idiotia & Felicidade, in "Uma Coisa em Forma de Assim", 1985, encontramos, de forma clara, no que se transformou toda a vida democrática e cívica do país.
"Como pode ser-se idiota e, ao mesmo tempo, feliz (...)Pois explico já. A idiotia e a felicidade são ideias muito vagas, difíceis de cingir em conceitos de circulação universal, digamos. Mas, pensando melhor, acho que certa idiotia é susceptível de conferir ao idiota seu proprietário (ou seu prisioneiro) uma espécie de segurança em si própria que o levará, em determinados momentos, julgo eu, a uma beatitude muito próxima do que se pode chamar estado de felicidade (...)Não se espante, por conseguinte, o leitor de que um qualquer idiota possa, ao mesmo tempo, ser feliz. É, até, assaz corrente. Há idiotas que se consideram inteligentíssimos, o que é uma forma muito comum de idiotia, e extraem dessa certeza alguma felicidade, aquela maneira de felicidade que consiste em uma pessoa se julgar muito superior à que a rodeiam (...)Os idiotas, de modo geral, não fazem um mal por aí além, mas, se detêm poder e chegam a ser felizes em demasia podem tornar-se perigosos. É que um idiota, ainda por cima feliz, ainda por cima com poder, é, quase sempre, um perigo ..."

O ano de 2008 será de sacrifícios anunciados para muitos e continuará a ser de vã glória e benefícios para outros, muito poucos.
Mesmo assim, um BOM ANO 2008.