segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Evolução do Recurso ao Aborto Depois da Legalização na Europa

O caso italiano fornece um exemplo típico da evolução da quantidade de abortos realizados num país após a passagem de uma lei repressiva e injusta para a despenalização da interrupção voluntária da gravidez.
Em 1978, data da lei em vigor até hoje, realizaram-se 137.400 abortos.
No ano seguinte este número tinha aumentado, reflectindo o ajuste da clandestinidade para a legalida de, para 187.752. Até 1983 esta tendência mantém-se, atingindo-se o número máximo de 234 mil abortos.
A partir daqui, o número de abortos não pára de diminuir, de 210 192 em 1985, para 175 541 em 1988, e para 136 817 em 1995.
Com flutuações na ordem dos milhares durante os anos 90, a interrupção voluntária da gravidez mantém-se por volta dos 130 mil durante os primeiros anos do século XXI. Em 2003, os últimos dados disponíveis reflectem a continuação da descida do número do aborto, com o total anual de 124 118.
Na maioria dos países europeus em que o aborto foi legalizado, estes números não têm tendência para aumentar a longo prazo, antes se confirma o contrário.
No entanto, há excepções, como a Espanha, em que o aumento de IVG tem a ver com um aumento significativo de imigrantes no país nos últimos anos, que aumentou a própria população, e ainda incorpora o efeito, não desprezível, de mulheres portuguesas que vão a Espanha abortar. Um estudo mais alargado de comparação entre os países europeus poderia explicar porque é que a descida é tão acentuada na Áustria ou porque aumenta ainda o número de abortos na França. Isto reflecte as características sociais e demográficas variáveis, desde o aumento da imigração, da população e da natalidade à melhoria dos cuidados de saúde prestados e à crescente informação sobre planeamento familiar e sexualidade.
«in Esquerda [Link]