Joseph Goebbels, ministro do Povo, da Alegria e da Propaganda de Adolf Hitler, gostava de dizer que uma mentira repetida mil vezes passava a ser uma verdade. O quase, quase, ex-presidente da ULS da Guarda não é como Goebbels. Mas na sua bizarra modéstia é capaz de se esquecer de dizer umas verdades. É que se fossem ditas, poderiam até parecer mentira…
Salta-nos uma lágrima ao olho logo no título de uma sua entrevista, concedida a meio do mês de Setembro: ULS da Guarda de boa saúde financeira. De facto, num país à beira do abismo é reconfortante sabermos, pela boca de quem sabia estar de malas aviadas, que um verdadeiro génio local é o responsável por pelo menos alguma coisa não estar falida. Julgava-se.
Poucos dias depois destas “excelentes” notícias, o Público informava: Maioria dos hospitais e ULS não cumpriu objectivos em 2010; e acrescentava: nenhuma das unidades locais de saúde conseguiu alcançar a totalidade das metas definidas.
O desmentido categórico da propaganda de Fernando Girão assenta no Relatório de Acompanhamento da Execução dos Contratos-Programa 2010 das Instituições e Unidades Locais de Saúde do SNS (!), publicado em Agosto deste ano pela Administração Central do Sistema de Saúde. Esse relatório conclui que nenhuma das ULS cumpre a totalidade dos objectivos fixados. Mas li mais: a ULS da Guarda ocupa, entre seis instituições, o 4.º lugar, com uma taxa de cumprimento de 58%, no que respeita aos cuidados primários. Nos cuidados secundários a nossa ULS passa para o 6.º lugar, o último de todos, com uma taxa de cumprimento de… 29%. Na apreciação global a desgraça continua: cumprimento de 48%.
Mas pelo menos numa das alíneas fomos campeões nacionais: o da contenção de custos. De facto, aí a nossa ULS deu cartas, com um cumprimento a 100%.
Dito de outro modo, Fernando Girão é muito bom a cortar despesa, a eliminar transportes a doentes (poupando adicionalmente nos exames e consultas que já não se fazem), a não pagar a fornecedores e a funcionários, ou a pregar multas a médicos. E também a dar entrevistas para tentar manipular relatórios…
A coisa já não corre tão bem no cumprimento dos objectivos de saúde, que são, afinal, a verdadeira razão de existir dos hospitais.
No entanto a maior poupança veio de onde menos se espera, e disso o Público não falou. Sabem por acaso o que são indemnizações compensatórias? São aquelas centenas de milhares que um governo paga sempre que demite a meio de um mandato uma equipa de génios como a do entrevistado. Pois fiquem sabendo que em Outubro de 2010 um grupo local de médicos foi abordado com vista à exoneração governamental de toda a administração da ULS da Guarda. E que a coisa só não foi avante por estes terem recusado liminarmente a ideia, que vinha atrelada ao negócio, de um hospital central ali para os lados da Covilhã! E que o assunto nem sequer passou pela estrutura local do partido do entrevistado, então ocupada em guerrinhas internas de alecrim e manjerona.
Moral da história: a ULS da Guarda dá lucro até quando o seu presidente não sabe nada do que se está a passar. É de gestores deste quilate, capazes de renderem fortunas mesmo quando dormem, que o País precisa!
Aqueles que pensam que a modéstia é a arte de fazermos dizer aos outros todo o bem que pensamos de nós, estão enganados. A verdadeira modéstia, para certa gente, é apenas o único brilho que puderem acrescentar à glória. Mesmo àquela que não têm…
Mas, para quando o fim desta tragédia?
No horizonte, alinham-se os novos mandantes.
Uns são corredores habituais aos lugares vagos e, outros as lebres de sempre que só aparecem para confundir……a decisão já está acertada, combinada e assinada!!!
Nada de bom se augura para a ULS e muito menos para os utentes de um hospital que se queria DISTRITAL.
Os que podiam e deviam ter opinião e quiçá meios para intervir encolhem os ombros e deixam a banda passar, tocando ao compasso desafinado, de uns outros, que tudo querem para glória do seu campanário.Triste e abandonada vai ficando uma região.
(artigo publicado no jornal O Interior em 12 de Outubro de 2011)
Nada de bom se augura para a ULS e muito menos para os utentes de um hospital que se queria DISTRITAL.
Os que podiam e deviam ter opinião e quiçá meios para intervir encolhem os ombros e deixam a banda passar, tocando ao compasso desafinado, de uns outros, que tudo querem para glória do seu campanário.Triste e abandonada vai ficando uma região.
(artigo publicado no jornal O Interior em 12 de Outubro de 2011)