sábado, maio 02, 2009

Novos/Velhos métodos de denúncia

O protesto à porta da Escola Secundária de Fafe marcou um dos momentos mais embaraçosos do mandato da ministra da Educação, ao ser recebida com uma chuva de ovos em Novembro passado.
No mês passado, os inspectores interrogaram vários alunos, tentando que eles denunciassem os seus professores como estando por detrás daquela acção.
Apesar da Inspecção Geral da Educação já ter declarado que não ocorreu nenhuma ilegalidade nas visitas dos seus funcionários à escola de Fafe, o comportamento dos inspectores nos interrogatórios aos alunos da escola indignou pais e professores e já deu origem a uma queixa apresentada ao Procurador Geral da República.
Como é que souberam que a ministra vinha a Fafe? Quem é que se lembrou de fazer a manifestação? Os professores deram aulas? Marcaram faltas a quem não esteve na sala? Como é que os alunos saíram da escola? Estava algum funcionário à porta?”, perguntou um dos inspectores à filha de Paulo Nogueira Pinto, citado no jornal Público.
“As perguntas feitas aos alunos permitem-nos deduzir que é isso que pretenderão provar — que eles foram manipulados, nomeadamente pelos professores”, explica o pai da aluna interrogada.
O inspector em causa pediu ao professor de uma aula de Educação Física que indicasse alunos com mais de 16 anos, apesar de muitos dos participantes no protesto que apareceram nas reportagens televisivas serem mais novos.
O objectivo era de impedir que a legalidade do depoimento fosse contestada, já que os 16 anos são o limite de idade para a imputabilidade penal. Isso mesmo foi explicado a este pai em resposta a uma reclamação apresentada à Inspecção Geral de Educação.Paulo Pinto diz que a filha foi “incitada a acusar e denunciar pessoas, nomeadamente os seus professores, pelos quais se espera que tenha respeito como figuras de autoridade”.
No fim, fizeram-na assinar uma folha com a suposta transcrição das suas declarações, feitas por uma pessoa que a DGE identifica como sendo o secretário do inspector”, relatou este pai, que também dá aulas noutra escola.
O presidente da associação de pais soube destes interrogatórios e deparou-se com o desconhecimento do conselho executivo da escola sobre a forma como estes decorriam e como os alunos eram seleccionados.
Agora, não tem dúvidas na atitude a tomar face a esta acção da Inspecção. “Assim como criticámos os alunos pela forma como se manifestaram, agora questionamos a legalidade e a legitimidade de um interrogatório deste tipo”, disse Manuel Oliveira Gonçalves que não se satisfaz com o esclarecimento dado pela IGE. “Por um lado, custa-me a crer que seja legal. Mas, ainda que assim fosse, não é legítimo. Eu nem queria acreditar que isto estava acontecer, tantos anos depois do 25 de Abril”, confessou o representante dos pais dos estudantes de Fafe.
Estes inspectores tiveram formação na António Maria Cardoso com o chefe Silva Pais?