segunda-feira, novembro 16, 2015

Amendoins, Pistachos, Deus e Salgados

Enquanto debicava uns pistachos em frente à televisão, fui surpreendido com mais uma daquelas notícias que nos dão vontade de emigrar para Marte.
O «dono disto tudo», Salgado para os amigos, teve um aumento na sua reforma. Passou a dita, ou passará, para o triplo do valor, isto é, para a módica quantia de … 90 mil euros por mês! De acordo com um parecer da Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões não há fundamento legal para os cortes impostos pela primeira gestão do Novo Banco às reformas dos antigos administradores do BES, estabelecidas ainda no tempo das vacas gordas e do forró financeiro que viria a desabar sobre todos nós. Quanto à questão moral subjacente, aí pelos vistos não há nem Autoridade nem Espírito Santo que nos valha. Só mesmo as cascas dos pistachos.
Para salgar ainda mais a coisa, a Procuradoria-Geral da República veio confirmar em comunicado que o Tribunal Central de Instrução Criminal decidiu reduzir a caução aplicada no processo Monte Branco ao ex-presidente do BES, de 3 milhões para 1,5 milhões de euros.
Porventura contaminado pelo espírito beato do novo e fugaz ministro da Administração Interna - o tal que atestou a idoneidade de Ricardo Salgado aquando da história da prenda dos 14 milhões de euros e mais tarde invocou Deus e os demónios – só me ocorre que afinal haverá outras explicações para a generosa e milionária reforma.
De facto, geralmente associo estas peripécias de um país campeão das desigualdades à palavra obscenidade, no sentido pornográfico e vulgar do termo. Mas agora, depois de Albufeira e do beato das botas altas, percebi finalmente, quiçá por inspiração divina, que o ministro da Administração Interna afinal tem razão. Deus nem sempre é nosso amigo e não será seguramente amigo dos lesados do BES e de todos os outros lesados, os portugueses. Mas Deus é pelo menos amigo de Salgado. De resto, esta deve ser uma amizade profunda. Pelo menos tem perdoado a Salgado todos os seus pecados. Talvez seja tudo responsabilidade do Espírito Santo e Calvão da Silva, o tal ministro das botas para chafurdar na lama, nos tenha sido enviado como se de um redentor se tratasse, só para nos ajudar a compreender este tipo de divinas singularidades.
Não tenho dúvidas de que Ricardo Salgado, com Deus e o Espírito Santo a jogarem na sua equipa, se vai safar desta história. E que eu, como tantos outros, pagarei o dízimos de todas estas loucuras. Por isso, meus amigos, uma coisa já eu percebi. Os pistachos já eram. A partir de agora só dará mesmo para amendoins. De preferência com piripíri. É a única forma de evitar mais salgados. Ou Salgados, por amor de Deus...
 
(Crónica no jornal O Interior - 11 de Novembro 2015)

sábado, novembro 14, 2015

Mais um slogan a cair....

O país vai bem e recomenda-se?
CLARO…
Os nove bancos que participaram este ano nos testes de 'stress' do Banco Central Europeu (BCE) apresentaram falhas de capitais acumuladas de 1741 milhões de euros, sendo que 80% são atribuídas ao português Novo Banco.

O POVO É SERENO!

Um eunuco é sempre um eunuco

Um tal António Barreto vem hoje para a comunicação social despejar mais lama, no pântano em que caiu a política portuguesa.
Diz o Barreto que: «Em Portugal parece que estamos sempre na Idade da Pedra»!
Será que o sociólogo em questão não conhece ou finge desconhecer a realidade portuguesa?
Grave, muito grave!
Mas logo a seguir o Barreto esclarece todas as dúvidas ao dizer que «este acordo (PS, BE, PCP E PEV) é monstruoso e absurdo».
Percebe-se a alusão à Idade da Pedra!
Ou para o Barreto era preferível a Idade Média?
É que a seguir esclarece ainda com mais acutilância que «O PSD merecia um pouco mais de respeito»!
Brilhante conclusão senhor Barreto!
E, já agora, onde fica o respeito pelos portugueses?
Pois é, na carteira ou no depósito bancário…
Nunca considerei um Barreto e este em especial!
Continuo a achar que nos momentos chave aparecem sempre uns malabaristas a inverterem o rumo da História!
Ou pelo menos a tentarem…

Barreto vai dar banho à toupeira! 

sexta-feira, novembro 13, 2015

Imprensa de cano de esgoto


A imprensa cano de esgoto continua a «inventar» e a alimentar o ego do PàF.
Ouvi um desses jornalistas, que defendem com unhas e dentes o bacalhau que lhe escapa por entre os dentes, dizer que o PS não sabe explicar onde vai buscar o dinheiro da reposição dos salários da função pública e das reformas!
Ora um tal de Portas veio dizer que os aumentos do PS são inferiores aos que a PàF proponha… mas, aí o comentador de esgoto nada questiona!
Esquece-se o comentador do esgoto que o PS tem um plano macroeconómico. A PàF não tem nenhum plano logo sem justificação nenhuma para QUAISQUER AUMENTOS!
Os aumentos da PàF deviam ser iguais aos cortes que um candidato a primeiro-ministro NEGOU que alguma dia faria.
Há cada acéfalo!
BARDAMERDA E CALADINHOS!

terça-feira, novembro 10, 2015

Ponto de Vista


Se me dissessem que um dia se assistiria à peixeirada política e mediática em que se transformou a discussão sobre a legitimidade de um governo com apoio à esquerda, nunca teria acreditado. Tendemos, de forma quase natural e despreocupada, a aceitar como garantido - decorridos que estão mais de 40 anos após o 25 de Abril - que todos compreendem os fundamentos e os mecanismos que fazem trabalhar a máquina da democracia. Mas, de facto, percebo-o agora, não é bem assim…

A possibilidade de uma deriva dita “estalinista” ou “frentista” do arco da governação não veio, ao contrário daquilo que se possa pensar, inquietar uma imensa direita. Essa direita já há muito que andava inquietada pela impossibilidade de reverter totalmente aquilo que considera em silêncio como a mais perigosa e abjeta das coisas: a conquista de direitos sociais à custa de uma revolução que um dia a apeou liminarmente do poder.

Se dúvidas houvesse é só atentarmos nas repetidas e intencionais investidas sobre a Constituição durante os últimos 4 anos. Tenho a certeza de que nenhum clube de futebol ou de qualquer outro desporto detém a nível mundial um record de vitórias tão assertivo quanto o das pafiosas tentativas de subversão da suprema lei do país.

Esta direita de que falo odeia tudo. Odeia os comunistas que comem criancinhas ao pequeno-almoço. Odeia a possibilidade de alternativas. Odeia quem pensa diferente. Odeia os russos. Odeia os cubanos, os norte-coreanos e os ladrões de courelas. Odeia os drogados e os mal-vestidos. Odeia o que não seja cristão e os refugiados. Odeia o PREC. Odeia os pobres e o que não seja do extremo. Mas odeia também os ricos que sejam diferentes. Odeia a Constituição e por vezes até odeia a Nação. E só não se odeia a si mesma porque quando lá chega já gastou o ódio todo.

Esta direita é tão imaterial que nem aparece nas votações. Mas anda por aí, bem escondidinha nos partidos. E nos comentadores e entrevistadores do sistema, aquelas peças da engrenagem que, à custa do óleo certo, vão lubrificando a máquina da propaganda e da inevitabilidade dos resgates e das austeridades. E de tudo o que for preciso.

Esta direita não reparou, ou nunca quis reparar, que há países da Europa em que, por exemplo, o 1.º ministro pertence ao 5.º partido mais votado. Ou em que o CDS lá do sítio já foi obrigado a governar com o BE lá do sítio. E que esses países não são menos democráticos do que o nosso.

Essa direita, se pudesse, já tinha desenterrado as mocas de Rio Maior ou incendiado umas quantas sedes do PCP e do BE. Ou enchido a Alameda numa Marcha de Caçarolas perfumada a Chanel nº 5. Já tinha mandado para o Tarrafal das Berlengas os seus inimigos políticos. E enchido o Estádio Nacional de comunas, esquerdalhos e socialistas tresmalhados. Se isso não resultasse, teria ressuscitado Salazar. Mas o problema é que não pode. E não pode porque simplesmente não consegue.

A pergunta que fica é “porquê”? Porquê este ódio à democracia? Porquê esta raiva e intolerância? Porquê este desespero? Eu acho, na minha humilde simplicidade, que é a força do hábito. Isto é, esta direita de que falo está há 40 anos no poder. Ou antes, nem precisa de lá estar. É uma direita a quem basta ser, sem se revelar. E quem assim é, não gosta de perder.

Pese embora a minha profunda descrença na natureza humana e o arrasto de desesperança com que carrego a minha ideia sobre o futuro, há sobretudo uma coisa que já percebi que esta direita nunca aceitará: o direito dos outros a falhar. Ela pode tudo, até isso. Os outros, nem sequer isso.

Esta direita sabe, melhor do que ninguém, que quanto maior o poder, mais perigoso é o abuso. E agora teme simplesmente que seja ao contrário.

A relação desta direita com o poder traz-me à memória uma expressão famosa: “O poder só pode agradar aos tolos ou aos predestinados. Os tolos desejam-no pelas vantagens que dele esperam. Os predestinados gozam-no pelo que para eles representa”. O curioso é que quem proferiu esta afirmação se chamava António de Oliveira Salazar.
Muito bom dia a todos.

(Crónica na Rádio F - 9 de Novembro 2015)

domingo, novembro 08, 2015

A odiosa família


BALADA DO FILHO DA PUTA - 1

I
o pequeno filho-da-puta
é sempre
um pequeno filho-da-puta;
mas não há filho-da-puta,
por pequeno que seja,
que não tenha
a sua própria
grandeza,
diz o pequeno filho-da-puta.

no entanto, há
filhos-da-puta
que nascem grandes
e
filhos-da-puta
que nascem pequenos,
diz o pequeno filho-da-puta.

de resto,
os filhos-da-puta
não se medem aos palmos,
diz ainda
o pequeno filho-da-puta.

o pequeno
filho-da-puta
tem uma pequena
visão das coisas
e mostra em
tudo quanto faz
e diz
que é mesmo
o pequeno filho-da-puta.

no entanto,
o pequeno filho-da-puta
tem orgulho em
ser
o pequeno filho-da-puta.

todos
os grandes filhos-da-puta
são reproduções em
ponto grande
do pequeno filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.

dentro do
pequeno filho-da-puta
estão em ideia
todos os grandes filhos-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.

tudo o que é mau
para o pequeno
é mau
para o grande filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.

o pequeno filho-da-puta
foi concebido
pelo pequeno senhor
à sua imagem e
semelhança,
diz o pequeno filho-da-puta.

é o pequeno
filho-da-puta
que dá ao grande
tudo aquilo de que ele
precisa
para ser o grande filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.

de resto,
o pequeno filho-da-puta vê
com bons olhos
o engrandecimento
do grande filho-da-puta:
o pequeno filho-da-puta
o pequeno senhor
Sujeito Serviçal
Simples Sobejo
ou seja, o pequeno filho-da-puta.

Alberto Pimenta

Habemus acordum


Alguém tinha dúvidas?

Os serviços secretos alemães "espiaram sistematicamente" países aliados e várias organizações de todo o mundo, noticiou o semanário alemão Der Spiegel.

O próximo


Podem apontar nas vossas agendas…
O próximo inquilino de Évora já está encontrado!
Eu disse, o próximo inquilino… não disse que vai ser condenado!
Aí, alto e pára o baile…
Nem o dos submarinos, quanto mais este!
A ver vamos, como dizia o cego das esmolas, da capela da Senhora do Coito!

sexta-feira, novembro 06, 2015

É FARTAR....

 
Foi notícia o aumento da reforma do Salgado para o triplo do valor!
Um verdadeiro atentado à pobreza dos portugueses!
Alguém a quem a justiça do país, as ordens instituídas não consegue acusar de nada!
Nem as comissões parlamentares, onde o «dono disto tudo» deu um «show» de treta e, os parlamentares engoliram dado que possuíam rabos-de-palha.
É o país que temos!
Vergonhoso!
Onde a polícia, a tal que dizem defender a ordem e investe contra os lesados, roubados e protege os gatunos.
Onde é que estamos?
Mas, não se julgue que o Salgado é filho único!
O Jardim Gonçalves e o Filipe Pinhal, ambos do BCP, foram contemplados com uma reforma de 170 mil e 70 mil euros, mensais, respectivamente.
Um verdadeiro euro milhões com totalistas únicos.
Será que as irmãs do Salgado vão continuar a fazer bolinhos para venderem por fora?
Ou agora, promovem o chá da caridadezinha para jogarem canasta e fazerem peditórios para os «pobrezinhos»?
HIPÓCRITA JUSTIÇA!
COBARDES!

As armas dos barões assinalados


quinta-feira, novembro 05, 2015

Livros


À ATENÇÃO DOS INTERESSADOS
No dia 7 de Novembro de 2015, pelas 16 horas, na BMEL (Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço), na Guarda, Rui Zink vai apresentar o seu novo livro "Osso".
IMPERDÍVEL!
 

quarta-feira, novembro 04, 2015

Os pantomineiros do costume

Começa a dar sinais de total acefalia certa imprensa que sempre apadrinhou a corja de gatunos…
Hoje, perante a manifestação dos ROUBADOS, pela agiotagem da corja em conluio com a seita dos mafiosos, encher as ruas de Lisboa, como se sentirá a tal comunicação social?
É que há uns dias, não muitos atrás, dizia-se, escrevia-se e propagandeava-se que cerca de 90% dos ROUBADOS já tinha aceitado as propostas do … NOVO BANCO?
MAS QUE 90%?
HIPÓCRITAS, PANTOMINEIROS E CHANTAGISTAS!

Ponto de vista

Nos tempos de crispação política a que vimos assistindo, tem-se acentuado a narrativa, por parte de militantes da coligação PSD/CDS, de que é inaceitável que qualquer governo de Portugal seja constituído com base em acordos com quem se manifeste programaticamente contra os tratados internacionais, nomeadamente aqueles que consagram a permanência de Portugal na União Europeia, no Euro e na NATO.
Não me preocupa minimamente, por buçal e estapafúrdia que é, tal narrativa. Nem que uma direita pafiosa e bolorenta ainda não tenha conseguido compreender, mais de 40 anos volvidos sobre o 25 de Abril, que numa democracia madura nenhum voto pode ser excluído do poder representativo ao nível da governação, a não ser pela óbvia ponderação da relação de forças no Parlamento.
Do mesmo modo, não me preocupa a incoerência das posições da direita sobre esta matéria. Bem sei que esquecem que o CDS/PP votou contra a primeira Constituição, logo em 1976, e que isso não o impediu de integrar diversos governos, incluindo com o partido socialista, em 12 dos muitos anos que desde então decorreram. E que não reconhecem que, ao contrário da nossa Constituição, nunca a adesão à União Europeia, ao Euro ou à NATO foram submetidas diretamente à decisão dos Portugueses.
 Com tanta falha de memória não me espanta mesmo nada que a direita tenha desrespeitado profundamente a Constituição que – essa sim – foi um dia sufragada por todos nós. Nem que continue a agitar o papão dos partidos que comem criancinhas ao pequeno-almoço ou que vão afundar um país que já se encontra enterrado até às orelhas numa dívida pública que nem 4 gerações de portugueses a trabalhar em regime de escravatura seriam capazes de pagar nos próximos 100 anos…
 Não me espanta que esta direita atrasada e retrógrada tenha a boca sempre larga para o corte nos salários, o não aumento do salário mínimo, o congelamento das pensões, o esvaziamento dos direitos sociais e outros mecanismos de empobrecimento da classe média, em contraponto ao dinheiro que nunca falta para salvar bancos, sobretudo se estes tiverem tido relações perigosas com políticos corruptos ou com o dinheiro que lubrifica os mais obscuros negócios de privatizações de setores estratégicos da nossa economia…
Por último, não me espanta que esta direita se manifeste histericamente, com o apoio de uma substantiva parte da comunicação social do regime, como se o mundo estivesse para acabar por obra e graça de um imenso asteroide ou qualquer outro cataclismo de galácticas proporções.
O que me espanta realmente é que em Portugal a extrema-direita nunca tenha tido expressão eleitoral. E não me digam que isso se deve ao efeito vacinal de uma ditadura fascista de 48 anos, porque a Grécia passou por uma infelicidade algo parecida à nossa sob o regime dos coronéis, e mesmo assim tem hoje um partido neo-nazi que capitaliza 12% dos votos…
Em Portugal, o centro político colapsou. E não foi por radicalismo da esquerda, muito pelo contrário. Uma esquerda que até aceita apoiar um partido socialista com políticas económicas de direita e posições totalmente opostas em relação à NATO, União Europeia e moeda única!
O que aconteceu foi que, finalmente, percebemos por onde anda a extrema-direita que existe em todos os países da Europa, desde os 25% da França, aos cerca de 30% da Noruega, passando pelos 20% da Áustria, 15% da Hungria, ou 13% da Finlândia, entre outros.

 O facto de não haver representação partidária de extrema-direita nos órgãos de representação política internos e externos não significa que a sua agenda política não esteja a ser colocada em práxis. O PSD e o CDS desempenham cada vez mais essa função. Percebo agora melhor por que razão disse um dia Bertolt Brecht que “não há nada mais parecido a um fascista do que um burguês assustado”… 
Muito bom dia a todos.

(Crónica na rádio F - dia 2 de Novembro 2015)