sábado, junho 09, 2007

10 de Junho


Após a Implantação da República, a 5 de Outubro de 1910, foram desenvolvidos trabalhos legislativos, “e logo em 12 de Outubro saiu um decreto que estipulou os feriados nacionais”. Alguns feriados “desapareceram, nomeadamente os ditos feriados religiosos, uma vez que o objectivo da República era justamente laicizar a sociedade e subtraí-la à influência da igreja”, como explica Conceição Meireles, professora de História Contemporânea na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. “Os feriados que ficaram consignados por este decreto de 12 de Outubro de 1910 foram o Primeiro de Janeiro, que era o dia da Fraternidade Universal; o 31 de Janeiro, que evocava a revolução – aliás, falhada - do Porto, e que portanto era consagrado aos mártires da República; o 5 de Outubro, vocacionado para louvar os heróis da República; o Primeiro de Dezembro, que era o Dia da Autonomia e o Dia da Bandeira; e o 25 de Dezembro, que passou a ser considerado o Dia da Família, tentando também laicizar essa festa religiosa que era o Natal”. O decreto de 12 de Junho dava “aos municípios e concelhos a possibilidade de escolherem um dia do ano que representasse as suas festas tradicionais e municipais. Daí a origem dos feriados municipais”, lembra a especialista. “Lisboa escolheu para feriado municipal o 10 de Junho, em honra de Camões”, uma vez que a data é apontada como sendo a da morte do poeta que escreveu “Os Lusíadas”. E porquê um dia em honra de Camões?“Camões representava justamente o génio da pátria, representava Portugal na sua dimensão mais esplendorosa e mais genial”. Era essencialmente este o significado que os republicanos atribuíam ao 10 de Junho, isto “apesar de ser um feriado exclusivamente municipal no tempo da República”, lembra Conceição Meireles.
Com o 10 de Junho, “os republicanos de Lisboa tentaram evocar a jornada gloriosa que tinham sido as comemorações camonianas de 1880, uma das primeiras manifestações das massas republicanas em plena monarquia”.A três dias do Santo António...O 10 de Junho “fica muito próximo da festa religiosa que é o 13 de Junho, ou seja, o dia de Santo António, essa sim tradicionalmente feita e realizada em Lisboa”. Conceição Meireles refere que, com essa proximidade de datas, “os Republicanos tentaram de certa forma esbater o 13 de Junho, Dia de Santo António, em favor do 10 de Junho, Dia de Camões”. O 10 de Junho no Estado Novo“O 10 de Junho começou a ser particularmente exaltado com o Estado Novo”, um regime instituído em Portugal em 1933, sob a direcção de Salazar. É nesta altura que o dia de Camões passa a ser festejado a nível nacional. A generalização dessas comemorações deve-se bastante à reprodução que vai sendo feita “através dos meios de comunicação social”, explica Conceição Meireles.“Durante o Estado Novo, o 10 de Junho continuava a ser o Dia de Camões”. O regime procurou dar alguma continuidade “a muitos aspectos que vinham da República”. Ou seja, “apropriou-se de determinados heróis da República, mas não no sentido positivista, não no sentido laico que os Republicanos lhe queriam dar”. O Estado Novo ampliou alguns desses aspectos “num sentido nacionalista e de comemoração colectiva histórica, numa vertente comemorativista e propagandística”.
A parada na praça do «Império» com a patética distribuição de medalhas e medalhinhas a filhos, pais e namoradas dos soldados mortos na «guerra do ultramar».
Com o 25 de Abril surge o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
Sucedem-se as comemorações «oficiais» por várias cidades. Centenas e centenas de convidados são «transportados» para almoços e sessões solenes.
As condecorações ao pescoço sucedem-se a um ritmo vertiginoso.
Desde políticos, desportistas, artistas de todo o género e feitio levam a sua grande cruz.
Não sei mesmo se um dia não haverá em cada casa portuguesa uma medalha do 10 de Junho.
Este ano aí está o 10 de Junho.
Setúbal foi a cidade escolhida.
Pinta-se o "Quartel do 11" por fora, arranja-se o edifício do Porto de Setúbal entre a Doca das Fontainhas e a Portugália, até então deixado ao abandono, restaura-se o antigo edifício do Banco de Portugal agora Aerset, pintam-se e alteram a disposição dos pilares do estacionamento da beira-mar …também se limpam alguns jardins, é tudo para o dia da festa.
Tudo a exemplo do que já sucedeu noutras cidades contempladas com a «festa».
A Câmara Municipal organizou uma sessão de leitura de "Os Lusíadas", de Luís de Camões, prevista para a tarde de sábado, dia 9.Cavaco aceitou o convite da câmara para participar na iniciativa e irá transcrever a primeira estrofe, seguindo-se a leitura, pelo deputado socialista e ex-candidato presidencial Manuel Alegre, a presidente da Assembleia Municipal de Setúbal, a antiga deputada do PCP Odete Santos, o embaixador de Angola em Lisboa, o presidente da comissão organizadora das comemorações, João Benárd da Costa, e a mulher de Cavaco também participam na iniciativa.
Lindo, lindo mesmo de ver. É disto que o meu Povo gosta. A «cultura» servida ao jeito de jogo floral.No dia 10 haverá uma sessão solene, no Edifício do Porto de Setúbal, recuperado de propósito para a ocasião, e onde são «esperadas» 600 pessoas.Lá estarão o corpo diplomático, os membros do Governo, deputados, altas patentes militares, todos os presidentes da câmara do distrito e representantes de entidades locais, ou seja tudo gente mui respeitável.
Cavaco irá discursar por três vezes (grande canseira) e irá «agraciar» 37 personalidades, ou seja mais umas tantas medalhas.
Desde o clero à burguesia passando por mercadores e vendedores de banha da cobra tudo vai levar a medalhinha.
Mas a «festa» custa uns euritos. Coisa de pouca monta!!!!
Segundo a imprensa custará qualquer coisa como meio milhão de euros.
Leram bem!!!!!
MEIO MILHÃO DE EUROS!!!!!!!Ou seja um "10 de Junho de luxo em Setúbal com ajuda de câmara falida".Só um almoço orça em 64 000 €.
Ah! pois estes senhores não comem qualquer coisa!!!!!!
Umas pataniscas na tasca da Rosinha não servem.Numa época em que nos cortam tudo, que nos pedem todos os sacrifícios, que nos congelam o direito a progredir nas carreiras, que fecham escolas e centros de saúde, que nos querem tirar a ADSE, que nos querem reduzir aposentações e reformas, que... que... e que... haja verbas para se gastarem meio milhão de euros numa visita a um local que se situa a 30 km de Lisboa.VERGONHOSO!!!!!!
O preço da alimentação dos camelos também está bem cara.
Ontem, ficámos a saber que as nossas pensões vão baixar e que, embora já sejamos dos europeus que pagamos a saúde mais cara, vamos começar a pagar ainda mais. Hoje ficámos a saber que, para ir a Setúbal, o tal Silva “agarradinho” vai gastar meio milhão de euros. Trinta quilómetros caros estes que separam Belém de Setúbal. Muito dinheiro para gastar numa jornada de propaganda pessoal. Na realidade nada de importante vai acontecer para lá de uns discursos no deserto da margem sul, umas condecorações «amigas», e muito show off. Afinal o poupadinho, quando se trata de dinheiro de todos nós, não poupa nas despesas. Com tanto Roteiro para a inclusão, estou certo que haveria muito lugar onde esse meio milhão seria muito melhor aplicado. Mas isso sou eu que não entendo nada de políticas e orçamentos.
No final da «festa» , toque-se o hino!!!!!
Claro a debanda geral!!!! Para o ano há mais.............