sexta-feira, janeiro 31, 2025

Ponto de vista

 Dando continuidade à revisitação ao programa eleitoral do movimento “Pela Guarda” e a análise ao muito do que foi prometido e não cumprido nestes últimos 4 anos, vamos hoje terminar por agora esse trabalho. Falemos de cultura! Cultura no programa eleitoral apresentado em 2021 era um deserto. Uma ausência total de ideias. Nada, mas mesmo nada digno de referência. Logo, na área da cultura o mais conseguido, pois nada se prometeu e como tal tudo continuou na mais profunda ordem das trevas. O que revela por si só como este executivo considera a cultura. É a cultura do compadrio, dos amigalhaços, comezainas e eventos de paupérrima qualidade próprios para uns amealharem boas quantias. Cultura é coisa que não interessa desenvolver no concelho. Os 40% dos que não sabem interpretar um texto e desconhecem operações para além das elementares operações aritméticas acharão que tudo está bem e deve continuar. O iluminismo ainda não passou por terras da Ribeirinha. Como se deve saber, o Iluminismo foi um movimento intelectual e filosófico que possibilitou uma série de ideias sociais centradas no conhecimento, aprendido através do racionalismo e do empirismo e ideais políticos como o direito natural, a liberdade, em toda a sua extensão, o progresso, a tolerância, a fraternidade, e a separação formal e material entre a igreja católica apostólica romana e o estado, todo ele. Como tal havia, se para tal houvesse engenho e arte, cogitar sobre o princípio do discurso do método de René Descartes de “penso, logo existo”. Mas nem existência e muito menos esclarecimento. Todo o esclarecimento em falta. Acéfalos, imbecis e não conhecedores da vida do município é como vos querem para os de sempre continuarem a viver no paraíso. A cada discurso usa-se e abusa-se da palavra transparência. Onde fica essa transparência? Pura e simplesmente não existe e pior, finge-se que existe. Lembrar aos mais distraídos que em Portugal 45% da corrupção está nas autarquias. Dá que pensar! É cada vez mais necessário e urgente instituir mecanismos para o exercício do controlo social das ações de governos, todos eles, e dos serviços públicos, sem o qual não se pode consolidar o conceito de cidadania. Esse é o princípio que contribui para o controlo dos gastos públicos e para a busca do equilíbrio fiscal. Não se conhece forma mais eficaz de inibir a corrupção e combater o populismo, do que fiscalizar os desmandos de governos perdulários do que o exercício do controle social por uma sociedade informada e capaz de saber como agir. Controlo social e desburocratização, pois desta depende fundamentalmente aquele. Trata-se de um processo de mudança que está longe de ser simples: ele passa pela modificação de todo um aparato fundado na crença equivocada de que a maneira de combater a corrupção é criar leis e mais leis, controlos e mais controlos, que nem sempre se mostram eficazes e pior, iludem os cidadãos. A criação de novas formas e canais de participação cidadã enfrenta uma arraigada cultura política elitista e autoritária que não se transforma muito rapidamente. Há uma lógica, historicamente predominante, na relação da população com o Estado, impregnada de apatia, clientelismo, submissão, populismo, cooptação e outros tantos efeitos perversos desta herança cultural que beneficia os párias. A abertura destas novas formas e canais de participação requer, portanto, uma prática pedagógica planeada capaz de orientar o necessário processo de mudança de atitudes, valores, mentalidades, comportamentos, procedimentos, tanto por parte da população como daqueles que estão no interior do aparelho estatal. E desde logo essa aprendizagem deve ser feita a vários níveis na sociedade, no comportamento dos donos do poder e nas escolas. O sentido crítico deve ser premiado e nunca servir de mote para ostracizar, excluir e condenar como é hábito nesta sociedade. E que dizer da habitação, da mobilidade, da economia, da educação no concelho? O atraso de sempre. Cantam hosanas quando uma empresa abre portas na sempre citada PLIE com dez trabalhadores ou menos, com todos os apoios e mais alguns, nunca esquecendo as benesses municipais e passado pouco tempo, com o dinheiro no bolso os ditos empresários dão às de vila Diogo e os trabalhadores ficam a arder com remunerações em falta e a autarquia a procurar desfazer a vergonha com festas e romarias. E que dizer do santo e amado desporto, um dos pilares do obscurantismo que alastra. Provas e mais provas, passeatas, comezainas e prémios, muitos prémios ditos aliciantes que só interessam a uns quantos parasitas. E sobre mobilidade resta perguntar ao senhor presidente da câmara como está a ligação entre as freguesias e a sede do concelho? O mesmo de sempre para quem não tem posses para ter carro próprio ou alugar um. Utilizar os transportes escolares e ficar na sede do concelho um dia inteiro até conseguir o regresso no mesmo transporte. Bem sei que é mais importante para o executivo camarário gastar dinheiro em transporte de atletas e respectivas famílias a provas onde ganham prémios chorudos do que promover e facilitar a mobilidade de cidadãos, do concelho, muitos deles sem recursos financeiros. É a falta de equidade no tratamento dos cidadãos, da falta de transparência nos actos públicos e mostrar aos de fora que há apoio ao desporto cá pelo feudo, mas desprezando os mais necessitados. E o parque infantil e demais espaços lúdicos nos bairros e freguesias? Uns ao abandono e outros prometidos. Bem sei, que a justificação para o imobilismo, falta de cumprimento das promessas feitas vai ter como justificação a falta de aprovação do orçamento municipal e principalmente a não aprovação dos célebres empréstimos. Então como explicar os 9,5 milhões de euros de excedente orçamental e que dizem vão transitar para 2025. Mas transitam para continuarem as festas, as comezainas, os apoios duvidosos a instituições e de forma encapotada a certos agentes? Se mesmo com restrições orçamentais e sem empréstimos, ainda houve um saldo positivo de 9,5 milhões de euros, imagine-se o regabofe que seria se os empréstimos tivessem sido aprovados. Mas o pior vinha mais tarde, quando este executivo já cá não estava e os guardenses e as gerações futuras a sofrerem a bem sofrer para pagar tantos e tantos milhões. Diz o presidente da câmara que a Guarda está a mudar, e 2025 será o ano em que essa mudança será visível para todos. Só para rir. Ainda não percebeu que a Guarda continua a perder em toda a linha? E principalmente em população? Já não há pachorra! Aliás, nunca houve, mas enfim alguns assim o quiseram assim o têm! Tenham uma excelente semana.