segunda-feira, novembro 13, 2023

Leituras.

Durante três séculos, os navios negreiros transportaram milhões de pessoas das costas de África até à América. 
Apesar do muito que já se conhece sobre a escravatura, pouco se sabe sobre estas embarcações e os seus passageiros.
Através de uma investigação detalhada, Markus Rediker recria com pormenores assustadores a vida, a morte e o terror dos escravos - mas também das tripulações -, bem como o dia a dia nos navios e as doenças, motins e violência.
Apresentando histórias reais - como a do jovem raptado da sua aldeia e vendido como escravo por uma tribo vizinha, ou a do capitão que nutria um prazer sádico em manter o seu inferno particular -, Rediker relata a tragédia e o desespero, mas igualmente a coragem e resiliência de pessoas despojadas das suas vidas e dispostas a tudo pela sua liberdade.
Os milhões de pessoas que transportou através do Atlântico representam, como lembra o historiador americano Marcus Rediker neste livro bem documentado, um elemento fundacional do capitalismo. 
Sem eles, as plantações do novo mundo jamais teriam dado o rendimento que deram, e é significativo que, mesmo quando vozes se erguiam em defesa dos índios no Brasil e noutros lugares, raramente estendessem a mesma cortesia aos negros.
O período mais lucrativo desse comércio, e foco principal de “O Navio Negreiro”, foi o século XVIII, quando se poderia julgar que a instituição estivesse em decadência.