segunda-feira, novembro 27, 2017

Ponto de Vista

Hoje, dia 27 de Novembro, comemora-se o dia da cidade, da cidade da Guarda. Paradoxalmente, ou talvez não, diz a propaganda oficial que neste dia 27 de Novembro se comemoram 818 anos da entrega do foral por parte do rei D. Sancho I, o rei que ficou com o cognome de “O Povoador”. Ou seja, é uma comemoração tipo duas em um. Sabe-se que uma Carta de Foral, ou simplesmente Foral, foi um documento real utilizado em Portugal, que visava estabelecer um Concelho e regular a sua administração, deveres e privilégios. Os Forais foram concedidos entre o século XII e o século XV. Eram a base do estabelecimento do município e, desse modo, o evento mais importante da história da vila ou da cidade. Era determinante para assegurar as condições de fixação e prosperidade da comunidade, assim como no aumento da sua área cultivada, pela concessão de maiores liberdades e privilégios aos seus habitantes. O Foral tornava um concelho livre do controlo feudal, transferindo o poder para um concelho de vizinhos (concelho), com a sua própria autonomia municipal. Por conseguinte, a população ficava direta e exclusivamente sob o domínio e jurisdição da Coroa, excluindo o senhor feudal da hierarquia do poder. O Foral garantia terras públicas para o uso coletivo da comunidade, regulava impostospedágios e multas e estabelecia direitos de proteção e deveres militares dentro do serviço real. Há 818 anos um rei português a quem lhe deram o cognome de O Povoador, atribuía foral à cidade da Guarda. Num tempo em que era preciso povoar o reino para ficar a salvo dos saques dos castelhanos, D. Sancho I tinha a noção que só povoando e doando terras ao povo conseguiria fixar as populações em terras tão inóspitas e de difícil amanho. Ora o que foi dito revela que comemorar-se o dia da cidade em paralelo com a comemoração da entrega do foral é uma perfeita idiotice. O que faz sentido comemorar é o município. Diz-se que o dia 27 de Novembro é feriado municipal, na Guarda. Guarda concelho, acrescente-se! O que é isso de feriado municipal? Cada município escolhe um dia para ser observado como feriado municipal, que geralmente corresponde ao dia do padroeiro da localidade-sede ou a uma data importante na História do município. E, precisamente para comemorar uma data história nada melhor que comemorar a entrega do foral. Importaria que de uma vez por todas se acabasse com esta centralidade de considerar o feriado como o dia da cidade. Alguns acham que o Município se reduz à cidade da Guarda, chamam-lhe o dia da cidade. Hoje retiram ao dia o simbolismo que era devido. As freguesias, e uniões de freguesias numa modalidade Relvista, ficam excluídas da comemoração. Centrar todas as festividades na cidade é um acto de total desprezo para com as freguesias que ainda são constituídas por cidadãos que arduamente contribuem para a bolsa do financiamento da autarquia. Bem sabemos que aquilo que anunciam aos sete ventos como defensores do interior é pura demagogia. O exemplo vê-se na forma como centralizam todas as actividades e, por patético que seja, dando uma de chamariz folclórico trazendo as bandas dos bombeiros das três freguesias do concelho que os têm. Para quê? Hastear uma bandeira? Ouvir-se o rufar dos tambores e o som dos clarinetes a anunciar que o rei agora não é povoador mas esbanjador. Exigia-se uma maior envolvência das populações numa comemoração que se pretende projectada no futuro. Sem demagogias nem punhos de renda. Não basta celebrar protocolos com comes e bebes para enganar tolos. Não basta encabeçar movimentos em defesa do interior quando esse interior que defendem apenas se reduz à sede do concelho. O desenvolvimento deve ser completo e abrangente. Desde condições mínimas de habitabilidade, de mobilidade, de apoio aos que teimosamente, contra tudo e todos, insistem em viver nas freguesias. Importa não ser demagogo e apoiar condignamente os jovens, os idosos que ainda vão ficando sabe-se lá por quanto tempo. 
Tenham um bom dia e já agora um bom feriado municipal.   

(Crónica Rádio F - 27 de Novembro de 2017)

domingo, novembro 26, 2017

Parolada

Pode faltar a água em Viseu...
Mas aeródromo têm eles!
Que acéfalos....
Investem no que às populações nada diz... e, no que é necessário, estão-se cagando.... os contribuintes que paguem o transporte da água de umas regiões para outras.
Tudo por incúria e incompetência dos regedores!

É o novo-riquismo parolo e patego! 

sábado, novembro 25, 2017

A hipocrisia da canalha

O ridículo de uma medida estúpida!
Então não é que uns tipos, que se dizem de esquerda, vão exigir IMI às pessoas a quem lhes arderam as casas?
Isto revolta-me....
Não me identifico com esta canalha!
Cada vez mais acredito na intrujice dos peditórios, nas lágrimas de crocodilo que verteram e nos abraços falsos....
Que hipocrisia!
E tu, o dos afectos, nada dizes?
Pactuas?
Nojo!

Era preciso tanto?

Depois não venham criticar os outros que fazem eventos com o mesmo objectivo.... populachos!
Tudo isto é uma farsa!

sexta-feira, novembro 24, 2017

Ponto de Vista

Hoje venho falar-vos de peditórios. Sim, do verdadeiro enxame de peditórios que invadiu a sociedade portuguesa. O caso que recentemente melhor simbolizou o estado a que chegou esta modalidade de gestão da caridade pública, é o de um dos peditórios a favor das vítimas dos incêndios. Envolveu, como agora sabemos, a Caixa Geral de Depósitos, a Gulbenkian e o Ministério da Saúde.
A CGD foi a primeira instituição bancária a abrir uma conta de solidariedade para com as vítimas dos incêndios de Pedrogão. Na comunicação pública inicial que fez, a CGD identificou como prioritários a reconstrução das primeiras habitações, a reconstrução de anexos agrícolas, a recuperação dos meios de subsistência das famílias afectadas e o apoio aos apicultores que viram a sua produção destruída. Angariou assim donativos que atingiram os 2,6 milhões de euros. O problema é que a CGD entregou o dinheiro à Gulbenkian, e não aos destinatários a quem tinha prometido fazê-lo.
O que está em causa não é aquilo que a Caixa identifica, com bons ou maus argumentos, como prioritário, mas sim aquilo que os doadores perceberam que ia ser feito com o dinheiro que decidiram doar. O facto de a Gulbenkian ter decidido pelo reforço da capacidade de resposta do SNS na emergência e na pós emergência clínica às populações afetadas, nomeadamente na área dos queimados, só significa que o dinheiro foi usado para o cumprimento de uma obrigação que é afinal do Estado, com óbvio prejuízo para os destinatários originais do peditório.
Dito de outro modo, a Gulbenkian e a CGD acham normal que se peça dinheiro para o apoio directo às necessidades imediatas das pessoas afetadas e, posteriormente, que esse dinheiro seja desviado para colmatar falhas do Estado no cumprimento das suas obrigações.
Eu e muito provavelmente milhões de portugueses, e com toda a certeza os agricultores e apicultores de Pedrogão, achamos que se há um problema sério com o cumprimento das obrigações do Estado, o dinheiro deve vir dos milhares de milhão ilegalmente desviado durante anos para os offshores, ou das imorais ajudas de milhares de milhão à banca, ou das obscenas negociatas de milhares de milhão das PPPs, ou de mais uns 50 sítios diferentes aonde a ideia comum é sempre “milhar de milhão”.
Sem discutir sequer a falta de ética e de vergonha de tudo isto, não consigo entender por que razão a opinião da Gulbenkian ou da CGD conta mais do que a minha ou a de tantos outros portugueses. E não consigo perceber como é que um governo permite que tudo isto se passe, elevando a um nível galacticamente chocante a promiscuidade entre poder político e poder económico e a subserviência patética dos nossos políticos.
A consequência mais imediata desta novela de mau gosto foi uma queda abrupta das doações dos portugueses no âmbito de outros peditórios. Não conheço os n.ºs nacionais, mas sei que isso aconteceu, por exemplo, no peditório da Liga Portuguesa contra o cancro, aqui na Guarda. Assistiu-se igualmente a uma substituição das doações em dinheiro por doações em espécie, diretamente entregues por cidadãos individuais e desconfiados aos verdadeiramente necessitados.
Isso demonstra que o mais grave nem foi a falta de ética e de vergonha a que me referi. Foi o facto de os envolvidos, com a cumplicidade do nosso governo e das elites dominantes, não terem conseguido apreender o impacto que isso teria na confiança dos portugueses nas suas instituições e sobretudo nas organizações não-governamentais genuínas.

Ficou muito mais difícil a vida daqueles que pensam a sério em quem mais precisa, porque em situações destas é mais fácil meter-se tudo no mesmo saco do que separar-se o trigo do joio. A banca, que já aparecia aos olhos dos portugueses como algo de muito pouco confiável, conseguiu assim alcandorar-se ao estatuto de verdadeira máfia. O governo, esse, passou a ser neste filme apenas o juiz corrupto. Tenham um muito bom dia.

(Crónica na Rádio F - 20 de Novembro 2017)

terça-feira, novembro 21, 2017

E por cá?

Monitorizar?
Pois.... e para quando os resultados?
Pouparam 5%?
Mas 5% de quanto?
Só tretas....

Com a minha factura da água só veio o total a pagar, com taxas e taxinhas.... um valor galacticamente elevado! 

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Um reflexo condicionado

O Porto concorreu a sede da Agência Europeia do Medicamento.
Perdeu....
Agora, em jeito de brinquedo, o governo de Costa «decide» mudar a sede do Infarmed de Lisboa para o Porto!
Uma espécie de reflexo condicionado!
O regedor Rui Moreira afirmou que: "Nós temos que nos habituar que a cidade do Porto também faz parte do Estado", declarou o autarca, que adiantou que a decisão lhe foi transmitida pelo ministro da Saúde “às 8h35” desta terça-feira.
Senhor regedor que eu saiba o Porto, a Guarda, Cebolais de Cima ou de Baixo e todas as outras cidades, vilas, aldeias ou lugarejos deste nosso país fazem parte do Estado....
Ou para o regedor não é? Entendido!
Já se percebeu que este Costa gosta de reflexos condicionados, com ou sem cães... de trela!
Já agora gostava de saber, como contribuinte do Estado português, quanto vai custar tal mudança.
O que vai acontecer aos funcionários?
Respondam se tiverem coragem!