Aquando da adesão de Portugal à União Europeia anunciaram-se um conjunto de apoios, designados por fundos europeus, que deviam servir para a convergência com os restantes países que faziam parte da Comunidade.
Após cinco quadros comunitários de apoio – que correspondem a mais de 30 anos de fundos europeus –, Portugal não fez o ajustamento que devia e que todos esperávamos com a Europa.
Esbanjaram-se milhões de euros e o desenvolvimento do país foi sendo adiado não se verificando qualquer melhoria das condições de vida dos portugueses.
Um país com pouco investimento, um país em que os sectores que mais se têm desenvolvido são os de baixa tecnologia, de baixa produtividade e de baixos salários, ou seja um país de salários mínimos não tem futuro.
Continuará a ser um país de mão estendida à espera da esmola.
O crescimento económico tem sido deprimente, em média 0,9% ao ano, a produção e a exportação de produtos de alta intensidade tecnológica, portanto de elevado valor acrescentado a que está associado remunerações elevadas, continua a ser residual, segundo o Instituto Nacional de Estatística representam menos 5% das exportações e Portugal tem-se atrasado em relação à média da União Europeia.
E é cada vez mais um país onde os setores que se têm mais desenvolvido são de baixa produtividade, portanto um país cada vez mais de salários mínimos.
Para piorar a situação ainda assistimos a um atraso significativo na execução dos programas financiados pelos fundos comunitários.
O “PORTUGAL 2020” que era para ser executado no período 2014-2020, no fim de 2022 ainda estavam por utilizar 3 675 milhões €; o Plano de Recuperação e Resiliência, a famosa “bazuca” que termina em 2026, passados ano e meio após a sua aprovação pela Comissão Europeia só foram pagos aos beneficiários finais 874 milhões €, ou seja 5% do total e o “PORTUGAL 2030”, para o período 2021/2027, financiado pela União Europeia com 23 000 milhões €, ainda nem começou.
É que ao contrário do que é dito pelo governo de António Costa o atraso na execução dos 43 000 milhões € de programas comunitários financiados pela União Europeia são preocupantes e, se não forem tomadas já medidas, corre-se mesmo o risco de se perderem parte desses fundos.
Se os fundos comunitários fossem bem utilizados e atempadamente, o que não está a acontecer, poderiam ser um importante contributo para ajudar o país sair do atraso crescente em que se encontra e da crise em que está mergulhado e funcionaria como uma compensação, embora insuficiente, de Portugal estar dependente de decisões dos tecnocratas de Bruxelas.
Os discursos e as promessas do governo não servem para nada, a não ser enganar os portugueses.
O próprio Marcelo, que como aliado de Costa se tem mantido impávido e sempre pronto a atirar areia para os olhos dos portugueses com acções de diversão e entretenimento, acordou para o problema e já veio publicamente chamar à pedra a Ministra Abrunhosa quando na Trofa disse claramente “Este é um dia super feliz, mas há dias super infelizes. E verdadeiramente super infeliz para si será o dia em que eu descubra que a taxa de execução dos fundos europeus não é aquela que eu acho que deve ser. Nesse caso não lhe perdoo. Espero que esse dia não chegue, mas estarei atento para o caso de chegar”.
Deixe-se de retóricas para enganar os portugueses. Esse dia já há muito que chegou. Actue! Os portugueses exigem uma posição firme e não titubiante.
Não chega dizer que não acompanhará mais o primeiro-ministro em visitas a investimentos realizados com os fundos. Não chega dizer que não gostou do que viu e que as obras não são grande coisa.
Pois repete-se o que sempre aconteceu noutros tempos. Os fundos são uma forma de uns quantos amigalhaços beneficiarem com os milhões.
Repete-se a bagunça e rebaldaria de sempre.
É triste mas é o fado do povo português.
Tenham uma boa semana.