segunda-feira, maio 01, 2017

Dia do trabalhador

Hoje comemora-se, em quase todos os países do mundo, o dia do trabalhador. Foi em 1889 que o Congresso Operário Internacional, reunido em Paris, decretou o 1º de Maio, como o Dia Internacional dos Trabalhadores, um dia de luto e de luta. 
Em luto pela morte de dezenas de trabalhadores pela repressão policial realizada sobre 500 mil manifestantes que reivindicavam a redução da jornada de trabalho para oito horas, no dia 1 de Maio de 1886 em Chicago. Um dia de luta dado que como há 116 anos o 1º de Maio mantém todo o seu significado e actualidade. E a actualidade é deveras preocupante. Portugal, por exemplo, é o país da Europa onde as desigualdades na distribuição dos rendimentos pelas famílias são das mais elevadas. De acordo com um recente estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos os 20 por cento mais ricos têm um rendimento seis vezes superior ao dos 20 por cento mais pobres. O risco de pobreza atinge os 48 por cento da população. Uma em cada cinco pessoas é considerada pobre e uma em cada três pessoas com mais de 65 anos vive só e é considerada pobre. Portugal é o país da União Europeia com um salário mínimo mais próximo do salário médio, 557 euros. E 30% dos trabalhadores portugueses ganham menos de 600 euros mensais. Ou seja, ter emprego em Portugal, hoje em dia não, não é sinónimo de sobreviver com dignidade. Na área da saúde um médico de família tinha, em 2010, em média 145 utentes no Grande Porto e 757 no Alentejo Litoral. E no final de 2016 existiam mais de 900 mil portugueses sem médico de família. Portugal passou do sexto para o 4.º lugar nos países da OCDE que mais pagam para aceder à saúde. Em relação ao índice de envelhecimento, o número de idosos por cada cem jovens era, em 2011, de 179 no Alentejo e 118 na região de Lisboa com reformas de miséria que apenas permitem que os idosos vegetem. Reformas que estão abaixo do limiar da pobreza. Quem pode sobreviver com 260 euros mensais? Portugal é dos países da Europa com maior precariedade laboral. A conclusão é do relatório da Organização Internacional do Trabalho(OIT). Algumas das razões apontadas por esta organização para o aumento da precariedade é o crescimento do sector dos serviços face ao da indústria e agricultura, os avanços tecnológicos e as alterações das estratégias organizacionais das empresas. Na Educação referir que Portugal registou em 2016 a quarta taxa de abandono escolar mais elevada da União Europeia, com 14% dos jovens entre os 18 e 24 anos, ou seja jovens a frequentar o ensino superior ou médio, a deixarem prematuramente a educação e a formação, segundo dados do Eurostat. Todo este triste cenário é completado com promessas aos jovens a quem é oferecida uma mão vazia e outra cheia de nada. Jovens que se sujeitam a empregos cujos ordenados estão muito longe dos que as suas habilitações exigem. Os call center e os empregos nas grandes superfícies proliferam criando ilusões com salários de miséria, a desregulação dos horários e dispondo da vida dos jovens como escravos. Que perspectivas para os trabalhadores portugueses? Se a emigração já foi terra prometida. Como disse Nietzsche: «Não vos aconselho o trabalho, mas a luta. Não vos aconselho a paz, mas a vitória! Seja o vosso trabalho uma luta! Seja a vossa paz uma vitória!». 
Tenham um bom dia.

(Crónica Rádio F - 1 de Maio 2017)