segunda-feira, junho 23, 2014

Troca de coleiras

O executivo da câmara municipal da Guarda continua a surpreender pela parolada, bacoquismo saloio e pelas lamechices feitas aos poderes das agremiações dirigidas pelos confrades da ordem. A propósito de um dia da «raça», comemorado em terras da Ribeirinha, vai o senhor de «cabra» retribuir a «coleira» que lhe iria ser imposta e aposta em celebração pública, com a atribuição de uma medalha de «ouro» da cidade ao visitante patrício e chefe de esquina. Para o efeito vai de convocar o executivo camarário para que o efeito fosse mais alargado e mais vincado. Vincar e vincular os comensais e outros que tais. O acto tinha um único ponto na ordem de «trabalhos»: «Proposta de Atribuição da Medalha de Ouro da Cidade da Guarda a Sua Excelência o Senhor Presidente da República – Aprovação».
A sessão realizou-se a 5 de Junho numa sala de reuniões ao efeito destinada, que é como «reza» a acta do acto. Iniciou-se, segundo rezam as crónicas do «reino», às quinze horas e quarenta e cinco minutos e terminou pelas dezasseis horas e vinte minutos!!!
Esta exactidão, dos tempos, é a forma de dizer que o «acto» consumou-se em apenas 35 minutos. Exactamente!
Nem mais nem menos….
Trinta e cinco minutos, para dizerem sim, ou talvez, sem interpolações de qualquer ordem e espécie.
O acto é solene …. não se podia exigir mais, nem menos!
Não era ordinário, como tal, quanto mais rápido melhor!
Agora, leia-se com a atenção possível, não se trata de um acto cómico, logo nada de risos nem pateadas.
Solenidade exige-se.
Passe-se ao teor do louvor….. ou seja, à formulação teórica da “Atribuição da Medalha de Ouro da Cidade da Guarda a Sua Excelência o Senhor Presidente da República”
Considerando que Sua Excelência o Presidente da República, Professor Doutor Aníbal António Cavaco Silva, designou a cidade da Guarda sede em 2014 das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, permitindo-nos acolher na nossa Cidade os mais altos representantes dos poderes executivos, legislativo e judicial, bem como os altos comandos das Forças Armadas e o Corpo Diplomático acreditado em Portugal; 
Considerando que esta soberana decisão é um sinal do empenhamento do Senhor Presidente da Republica em descentralizar este tão importante acontecimento ao interior de Portugal, a que os guardenses, aqui a residir ou na Diáspora, se sentirão orgulhosos, como nunca, pela oportunidade da sua terra ser palco do dia mais importante na nação; 
Considerando que a escolha da nossa Cidade para acolher tão nobres celebrações, dá-nos a oportunidade de catapultar a Guarda para um patamar superior, mostrando ao mundo a nossa natureza franca e hospitaleira, de terra Forte e Fria mas principalmente Formosa, Farta e Fiel;
Considerando que no âmbito das comemorações Sua Excelência o Presidente da República será recebido nos Paços do Concelho, onde decorrerá a Sessão Solene de boas vindas;
Proponho, ao abrigo do capítulo II do Regulamento dos Galardões Municipais em vigor nesta autarquia, que a Câmara Municipal aprove a atribuição da medalha de ouro da Cidade da Guarda a Sua Excelência o Presidente da República, Professor Doutor Aníbal António Cavaco Silva, que de acordo com o artigo 5° outorga ao agraciado o título de Cidadão Honorário da Guarda.”.
Após os considerandos enunciados, usou da palavra o putativo vereador Igreja que fez a seguinte declaração:
Declaração de Voto
"Atravessamos tempos instáveis. Discutimos diariamente o "estado da nação", criticamos as políticas da maioria, discordamos do modo como chegar ao equilíbrio orçamental, pensamos que a pobreza progride, que o estado social periga. Temos a certeza que o Interior e a Guarda continuam a ser para os poderes o esquecimento e um território quase desnecessário para a Pátria. Quarenta anos de liberdade não foram suficientes para que a política desse conta que um Estado, uma Nação, é um povo e um território. Nós - o Partido Socialista da Guarda - que eu aqui represento não pode, porém, deixar de regozijar-se pela presença na nossa cidade do mais Alto Magistrado da Nação - O Presidente da República. Uma coisa é o discordarmos com algumas das suas tomadas de posição; outra é o significado da sua visita. Uma parte é o considerarmos que poderia ter influenciado mais os poderes executivos na implementação de iniciativas de investimento no interior; outra é a importância da sua presença para projectar a cidade e a região. Não nos revemos no seu percurso político, mas somos amantes da democracia. É nosso dever reconhecer que a escolha da Guarda na Sede das Comemorações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas na Guarda, nos honra. A Guarda foi um bastião de Portugal. E será. Conceder ao Presidente da República o Titulo de Cidadão Honorário da Guarda só poderá potenciar os seus deveres de lutar pela coesão territorial do país. Pelo exposto somos a favor da atribuição da medalha de ouro da Cidade da Guarda a Sua Excelência o Senhor Presidente da República."

A Câmara deliberou aprovar a proposta, nos seus precisos termos, por unanimidade. 
Esta deliberação foi aprovada em minuta para efeitos de eficácia e executoriedade imediata.
Bravo, Bravíssimo.
Muito Bem.
Diriam os apaniguados do regime do 28 de Maio, se tal acto tivesse acontecido antes do 25 de Abril de 1974.
Mas aconteceu agora, 40 anos depois.
VERGONHOSO.
Atraso civilizacional é o que é….
Os cidadãos não podem nem devem ser assistentes e pagantes de tais salamaleques e frases de punhos de renda de salões do estilo rococó. Um barroco à portuguesa…. com certeza!
Lê-se, no preâmbulo da «coisa», que a Guarda acolheu os mais altos representantes dos poderes executivos, legislativo e judicial, bem como os altos comandos das Forças Armadas e o Corpo Diplomático acreditado em Portugal!!
Espanto dos espantos.
E os restantes cidadãos que pagam duplamente tal cerimonioso ritual não são referidos por que razão?
Não contam?
Só são chamados a pagar as facturas?
HIPÓCRITAS!
Onde é que o senhor de «cabra» foi ler que “a soberana decisão (de realizar na Guarda tal festança) é um sinal do empenhamento do Senhor Presidente da Republica em descentralizar este tão importante acontecimento ao interior de Portugal?
Onde é que se pode retirar tal conclusão?
BACOCOS!
E mais, quem disse a tais «ditongos»  “que os guardenses aqui a residir ou na Diáspora, se sentirão orgulhosos, como nunca, pela oportunidade da sua terra ser palco do dia mais importante na nação”?
Primeiro são uns ignorantes. Já em 1976 se realizaram na Guarda tais Comemorações. Não sabem ou fingem não saber?
Sentir-se-ão orgulhosos como nunca?
Mas que disparate do tamanho da Sé da Guarda.
Orgulhosos sentir-nos-íamos se o concelho, e o distrito, tivessem sido desenvolvidos pelos poderes bem instalados nas comissões coordenadoras, nos diferentes ministérios e secretarias de estado, de que aliás o actual presidente da câmara da Guarda pertenceu. Pertenceu a um governo ditoso e pouco dignificante dirigido pelo mesmíssimo Cavaco actual presidente da República. Pois é….
Orgulhosos?
HIPOCRISIA!
E que dizer desta asinina afirmação: “acolher tão nobres celebrações, dá-nos a oportunidade de catapultar a Guarda para um patamar superior”!
Alguém deu conta da projecção da cidade da Guarda para qualquer ponto do espaço?
PROJECÇÃO? Mas de quê e de quem?
Pois de quem....ENTENDE-SE!!!
Os medalhados que se posicionaram em patamares (rampas de lançamento) para futuros voos espaciais.
O comum dos mortais será sempre o eterno sacrificado e pagante da tramóia provinciana.
Que seja a eminência parda agraciada, louvada e bajulada pelos pares que a mim NADA ME INCOMODA!
Só me incomoda a podridão desta palhaçada e a forma brejeira como se assiste a este triste espectáculo como se de um concerto de música pimba se tratasse.
TRISTE. MUITO TRISTE.
O dia da «raça» já ficou na bruma do tempo….
Ninguém se voltará a lembrar da sua existência, FELIZMENTE!
O dia de Camões merecia outros intervenientes que honrassem o nome dos que pelos seus feitos e obras se vão da lei da morte libertando.
RESPEITO PELO DIA, E POR QUEM O SAIBA HONRAR E NUNCA POR UMA ESCUMALHA QUE LAMBE OS DEDOS SEMPRE QUE O MOLHO DO FRANGO ESCORRE DA BOCA.
Caso contrário continuaremos a assistir a um triste espectáculo dos alunos que realizam exame de Português se regozijarem pelo facto de o autor épico não lhes ter saído na prova.
Como se a obra que glorifica um povo pudesse algum dia ser objecto de tanta tortura e medo.
Medo e tortura fazem estas figuras, cromos repetidos, que fazem com que os Lusíadas sejam tão incompreendidos pelos estudantes de um Portugal que relega os seus heróis.
POBRE PAÍS!!!
Ficou a faltar à comédia a montaria ao javali, em Folgosinho, com tal ilustre personagem ....
Quanto à declaração de voto….. nem uma palavra.
UMA IMBECILIDADE PARA SER ANALISADA.
Os portugueses são imbecis por vocação, devoção ou imposição, disse Miguel Torga.
Só escolher… se souberem, claro!