quinta-feira, agosto 23, 2012

Isto está tudo ligado

 
Só cá faltava mesmo esta.....
As escola públicas tiveram este ano uma redução brutal (em muitos casos superior a 50%) nas autorizações para abrir cursos CEF e cursos profissionais.
Os cursos CEF, são na sua maioria, cursos para os alunos que terminam o 2ºciclo do ensino básico (6ºano) e com uma história de algum insucesso. Muitos com problemas de comportamento e que encontram nesta solução dos Cursos de Educação e Formação uma boa possibilidade de fazer o 9ºano.
Os profissionais (ensino secundário) eram uma sequência natural dos CEF, sendo que recebiam outro tipo de alunos também.
A rede pública que oferece estes cursos é constituída pelas escolas secundárias, pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional e pela rede privada de escolas profissionais.
O site da ANQEP explica tudo.
O MEC de um senhor Crato, veio com um discurso aldrabado para justificar o que TODOS já percebemos, quais as verdadeiras intentonas das medidas para aumentar os cursos profissionais.
Desde logo, esta «coisa» de reforçar as matrículas nos Cursos Profissionais do Ensino Secundário o MEC de um Crato fá-lo, não por se preocupar com o elevado desemprego jovem, motivado pelas políticas deste e de outros (des)governos.....fá-lo isso sim, para SACAR uns milhões ao QREN, que estavam destinados ao desenvolvimento de muitas regiões pobres do país e DOÁ-LOS a uns quantos parasitas....essa a primeira grande verdade!!!
É que o MEC, do Crato, vai engolir uns fundos para equilibrar o seu orçamento à custa dos negócios de empresários liberais encostados ao Estado em tudo o que cheire a milhões.
ESSA A PRIMEIRA GRANDE RAZÃO.....
ABRE A PESTANA, ROCINANTE!!!
Outro dos objectivos do MEC, do Crato, é o logro em que o Ensino Profissional se tornou!!!
Para que serve «este» ensino profissional???
RIGOROSAMENTE NADA, PARA OS JOVENS!!!
Há, quando se fala de ensino profissional, o hábito de se oscilar entre o argumento retórico demagógico e uma prática que está muito longe de corresponder, em tantos casos, às finalidades que deveria cumprir.
Tudo depende da forma como funcionam, da adequação dos equipamentos disponíveis à teoria exposta nos programas e à efectiva relação estabelecida com o chamado tecido empresarial.
Isto é, estão as escolas equipadas com meios adequados para a teoria e a prática se conjuguem???
Ou será que iremos continuar a assistir à formação prática a realizar naquilo a que chamam de «estágios», com ganhos para os empresários e, perdas substanciais dos alunos que são explorados até ao tutano???
E que tipo de cursos profissionais???
Se há bons exemplos de Cursos Profissionais, adequados a alguma procura local de mão-de-obra relativamente especializada, com meios adequados em termos humanos e técnicos, a verdade indesmentível é que há muitos (quantos mais?) em que tudo não passa de uma ficção modelada em tempos de Maria de Lurdes Rodrigues e Valter Lemos para encaminhar parte dos alunos para uma via alternativa à encarada como regular, em que as regras deslocam para os professores e formadores praticamente todo o ónus do insucesso, desde o modelo de avaliação às regras de assiduidade.
E é bom recordar que a avaliação dos órgãos de gestão dependia em parte da diversificação das alternativas propostas, o que fez com que aparecessem Cursos Profissionais de restauração em salas de aula normais, de jardinagem em jardins de pedra (que não os do Fafe) e de acompanhamento de crianças para turmas de crianças grandes incapazes de tomar conta de si mesmas. Isto para não falar dos milhentos cursos de informática destinados a formar pessoal com conhecimentos úteis para os tempos do Windows 98 e para quem multi core se confunde com uma qualquer prática pornográfica. Isto para não falar dos de multimédia que, pelo contrário, são meras iniciações ao que qualquer adolescente consegue fazer com um telemóvel de gama média e um computador com ligação à net.
Depois há a questão da avaliação… se as regras são mais flexíveis, uns clamam contra o facilitismo. Se existe algum rigor é porque se quer um ensino elitista.
E, quando não é o próprio MEC, quer directa ou indirectamente a exigir sucessos de 100%, com a justificação que cada aluno representa um encargo elevado para o estado....e uma retenção é um novo encargo...
Quando o dito ensino profissional assim funcionar NADA, MAS MESMO NADA, FEITO!!!
Quem são os alunos que frequentam os ditos cursos profissionais?
Esta a primeira questão a ter que ser respondida!!!
TODOS sabemos que estes cursos profissionais existem, em especial em certas zonas, para agarrarem jovens em risco de abandono e com comportamentos problemáticos, de um quase vale-tudo menos arrancar olhos.
Esta a realidade!!!
Os professores são positivamente privados de direitos laborais legalmente estatuídos e praticamente forçados a inventar formas dos alunos passarem por pressão da regulamentação ou da gestão interna. É uma verdadeira epopeia ouvir os relatos do processo que vai dos testes às provas extraordinárias, passando pelas de recuperação para quem nunca quis ser recuperado e goza com quem é obrigado a realizá-las, com quem se está nas tintas para o que docentes, que a muito esforço, com perda do ambiente de sala de aula, necessário para uma aprendizagem adequada, vão fazendo o melhor que podem...sem grandes atritos....
O ENSINO PROFISSIONAL PARA QUEM O DESEJASSE E, PRINCIPALMENTE, EXIGENTE E IGUALMENTE COM PERSPECTIVAS DE EMPREGO....
Sem que nenhuma destas premissas existam, então o resultado é o que TODOS CONHECEMOS....
DESINTERESSE, MAU COMPORTAMENTO, NENHUMA QUALIDADE NA APRENDIZAGEM E....PARA COMPLETAR O PANORAMA, COMPORTAMENTOS DESVIANTES.....
Os Cursos Profissionais parecem ter-se tornado a fórmula mágica para promover à força um sucesso em que o ónus da prova está apenas de um dos lados. Foi assim que as coisas começaram a ser em tempos de Sócrates e, pelos vistos, é assim que continuarão em tempos de Passos.
E no meio, como peões, alunos matriculados ao engano ou a pensar que assim se safam às disciplinas madrastas e professores arregimentados (em tempos de escassez de horários) para trabalhos forçados com escasso sentido.
E um país enganado, de novo, acreditando que existe alguma formação profissional a sério onde só há truques.
O essencial passa pelo modelo de funcionamento destes cursos, que torna os professores quase escravos do desempenho dos alunos, com a obrigação de realizar provas de recuperação e provas extraordinárias sempre que os jovens decidem não estudar e reprovar nos testes de cada módulo.
Ora, neste contexto as afirmações de Nuno Crato são absolutamente vazias de conteúdo real e completamente cheias de complexos ideológicos e de lugares comuns: o povo diz que é preciso gente que consiga apertar um parafuso ou colocar um cano e logo a direita mais atrasada corre para os braços das soluções anteriores ao 25 de Abril. Esquecem-se de duas coisas:
- quem está na escola hoje e quem estava na escola nessa altura.
- a natureza do mercado laboral de hoje, comparado com o mercado laboral de então.
E levando a discussão para o plano educativo, qual e quais os «modelos», se é que os há, de possibilitar a que os alunos passem de uma via para outra.
Essa, outra verdadeira realidade que importa conhecer....é que de enganos ESTAMOS TODOS FARTOS.....
E OS EXAMES???? COMO SERÁ COM OS CURSOS PROFISSIONAIS....
Já conhecemos o que é TRANSPARÊNCIA E RIGOR para este Crato, veja-se o caso Lusófona....e, já agora vão continuar a impedir que alunos do CER (por exemplo) realizem os exames...OBRIGANDO-OS A FALTAR OU ENTÃO PROGRAMANDO PASSEIOS PARA OS DIAS DAS PROVAS, PARA DESTA FORMA nÂO REALIZAREM OS EXAMES???
É QUE TODOS(???) SABÍAMOS QUANTO IRIA BAIXAR A MÉDIA DAS RESPECTIVAS ESCOLAS!!!!
POIS É, RIGOR NÃO É????
E já agora, falar do argumentário do ensino liceal ser elitista!!!
Um argumentário FALACIOSO!!! Que responde e corresponde às ideias atrasadas de uma certa direita saudosista....
O problema, cabeça de apito, não está no ser-se doutor/engenheiro numa universidade ou instituto, com as benesses bem aventuradas de uns quantos ou, ter-se o curso de electricista.
NADA DISSO!!!
O problema está na realização pessoal e profissional que se obtém com o diploma que se obteve!!!
É A ESCRAVATURA, MÃO-DE-OBRA BARATA, ESTÚPIDO!!!!