terça-feira, março 29, 2011

Sai Sócrates

Sai, Sócrates
Desaparece, parte, sai deste povo
Volta a Vilar de Maçada onde te esperam
As ossadas dos teus avós, de que és
A herança perversa. Vai, foge do povo
Monstruosa farsa, hediondo
Ministro do faz conta, boy bóbó
Coito interrompido! Sai, Sócrates
Fato cagão, cueca suja como guardanapo,
Gravata de prepúcio, câncio homo-nada
Que empestas as passerelles da vidairada
Com teu petulante abanar de ancas
Enquanto largas traques sobre as palmas
Tuas encomendas aos boys-todo-o-serviço
Sai, get out, va-t-en, henaus
Tu e tua capa de marketing de plástico
Tu e teus telepontos
Tu e teu discurso cheio de nada
E pede perdão ao filósofo
Cujo nome roubaste. Deixa os portugueses em sossego
Odioso falozinho; fecha o fecho
Das tuas peles destomatadas
Secretárias, ministrinhas, directoras, jotas de saia curta
Movendo-se à volta da tua merda, como moscas
varejeiras que depois pousam nas mesas e nas camas,
Sai, Sócrates
Arruma as botas e diz adeus ao tacho
Em saudação fascista; galga, vasa,
Contra o teu próprio umbigo
E vai viver do teu próprio valor
Na poeira suja que se acumula no teu currículo.
Adeus
Recheador de ricos, multiplicador de pobres, tu
Com quem ninguém quererá jamais aprender nada.
Parte, punheta estéril, andate via
A23, destino Covilhã,
Experimenta viver igual às tuas vítimas.
Não tens mais estômago do que o homem da rua!
Cretino só, pinóquio de esparguete, que prescreves
A crise do país sem a experimentares, só
cretino, políticu, xuxalista...
Desanda, arruma as malas, toma banho,
E telefona para a empresa de mudanças!

IV
Há 1 trabalhador que foi para o desemprego
Há 2 trabalhadores que foram para o desemprego
Há 4 trabalhadores que foram para o desemprego
Há 16 trabalhadores que foram para o desemprego
Há 256 trabalhadores que foram para o desemprego
Há 65.536 trabalhadores que foram para o desemprego
Há 4.294.296 trabalhadores que foram para o desemprego

VI
— Minha senhora, lamento muito, mas é meu dever informá-la de que a empresa não precisa mais dos seus serviços...
— Meu caro senhor, tenho de comunicar-lhe que está despedido...
— É, infelizmente a empresa diminui os lucros. É impossível manter o seu posto de trabalho...
— É a crise, meu amigo. Vá para casa...
— Você é um homem forte, com certeza que arranjará outro emprego...
— Sua folha de serviço é exemplar, dar-lhe-emos uma carta de recomendação...
— Veja, você já não tem nada para dar à empresa... talvez com formação...
— Compreendo que não tenha outro rendimento. Sou seu patrão, não sou seu pai...
— Há muito operário na mesma situação. Você não está só...
— Era o nosso melhor colaborador. Mas a crise é internacional e não perdoa...
— Qual quê, meu caro, não se assuste prematuramente. Ainda tem uma vida à sua frente...
— Parece que o engenheiro também vai fora...
— Uma trabalhadora exemplar... E depois, tão linda...
— Que coisa! Logo agora que empresa estava cheia de encomendas...
— Se não aceitar as condições, somos obrigados a despedi-lo...
— Não me diga? A auto-europa...
— Não só... e a general motors?...
— E atenção para a última notícia. Mais três mil trabalhadores despedidos esta tarde...

— SÓCRATES ESTÁ DESPEDIDO
( Com a devida vénia foi retirado daqui...desculpem mas não podia ficar indiferente).