quinta-feira, maio 13, 2010

O ar da Guarda

Níveis de radão elevados em 70 por cento das casas da Guarda.
Setenta por cento das habitações da Guarda apresentam, no seu interior, níveis médios de radão acima do valor máximo legalmente recomendado, que é de 400 becquerel por metro cúbico.
A maioria tem valores que rondam os mil e há até casos em que os números ultrapassam os três mil.
No total, entraram no estudo 185 casas da cidade da Guarda e aldeias periféricas, onde foram colocados pequenos aparelhos, detectores passivos deste gás radioactivo.
Estes dosímetros, que permaneceram no interior das habitações entre 19 de Novembro e meados de Janeiro, revelaram que «os números estão bastante acima daquilo que a legislação permite». 
Entre as 185 casas estudadas, 25 são de pessoas a quem foi diagnosticado cancro nos últimos cinco anos.
Ou seja, quando alguns anunciam, aos sete ventos, que o ar da Guarda é bom e recomenda-se.
Quando alguns negam as evidências.
Quando vários estudos apontam o radão como principal causa de morte por cancro.
Quando há evidente relação causa-efeito entre radão e o elevado índice de mortalidade causado por cancro.
Quando se nega por argumentos grotescos o que toda a gente sabe que é uma realidade macabra.
Quando esses mesmos arautos do ar da Guarda sempre rejeitaram a evidência dos factos e que houvesse uma tomada de consciência colectiva para o perigo que todos corremos quer com o gás quer com a água.
Somos levados a concluir que esses ilusionistas vendiam ícones gastos e balofos.
A realidade é bem mais dura e fatal, infelizmente, em muitos e muitos casos.
Não reconhecer o  perigo é pactuar com a morte.
Custe o que custar temos todos de saber lidar com esta fatalidade.
Porque é bom que se diga, em abono da verdade, que há soluções que podem minimizar os efeitos do gás assassino.
Mas para isso é necessário e urgente que se ensine a viver com o perigo.
Que se saiba ser previdente e não remediado.
Só que «alguns» escondem ou querem esconder a realidade.