quinta-feira, março 04, 2010

Uma Alice no País das Maravilhas

Hoje, quando relia a intervenção de Moura Guedes na Comissão de Ética, na Assembleia da República, lembrei-me da Alice.
A Alice no País das Maravilhas.
Manuela Moura Guedes deu um valente murro no estômago de Sócrates, nas instituições públicas, por todos nós pagas, que o primeiro-ministro vai usando, a seu belo prazer, para controlar, manietar e calar quem lhe faz frente.
A serem verdade as afirmações de Moura Guedes muita coisa vai ter de ser explicada e, presumivelmente, terão de ser apuradas responsabilidades.
Desde um António Vitorino e vários elementos do PS, uma inspectora da Polícia Judiciária, o próprio primeiro-ministro e até o Rei de Espanha foram referidos por Manuela Moura Guedes, como estando envolvidos no "esquema" de controlo dos media.
Uma das visadas, a directora da Polícia Judiciária de Setúbal, uma tal de Alice, de sua graça completa, Maria Alice Fernandes, diz que vai apresentar uma queixa-crime contra Manuela Guedes.
Moura Guedes afirmou que a responsável da PJ recebia telefonemas de assessores do primeiro-ministro, Sócrates, por causa do caso Freeport, e que era "permeável" a estes contactos.
Já sabíamos que as escutas aos pacatos cidadãos deste País se fazem de uma forma arbitrária, pela alta recreação de um qualquer inspector e, sem que os visados alguma vez sonhem que estiveram sob escuta.
Mas, há mais.
Segundo a Direcção Nacional da PJ, além deste processo judicial, também parece que "vai avaliar o teor exacto das acusações de Manuela Moura Guedes e verificar se atentam contra a própria idoneidade da PJ". Caso entendam que essa situação se verificou, assegura a mesma fonte, "haverá lugar também a um processo-crime" da Direcção Nacional da PJ.
Ou seja, veladamente, fazem-se ameaças!!!
Moura Guedes foi mais longe e acrescentou ainda que "dois elementos do Ministério Público puseram o lugar à disposição porque a investigação do Freeport não estava a ser feita convenientemente por causa da inspectora Alice".
E, no seguimento destas declarações, sugeriu aos deputados da Comissão que "era bom que fizessem um inquérito sobre a forma como corre a investigação do caso Freeport e sobre a inspectora Alice".
Esta Alice deve ser, pelas acusações feitas por Moura Guedes, a personagem central do País das Maravilhas.
Onde andará o coelho? E a Duquesa, muito feia, que concordava com tudo o que Alice dizia. E o Chapeleiro Maluco e a Lebre de Março que totalmente loucos, como todos os moradores do País das Maravilhas, estão sempre a tomar chá, porque, segundo eles, o Chapeleiro zangou-se com o tempo e  são sempre 6 horas da tarde para eles.
As brincadeiras e os enigmas lógicos sucedem-se.
Já se sabe que o pensamento é a manifestação do conhecimento, e que o conhecimento busca a verdade; só que é preciso estabelecer algumas regras para que essa meta possa ser atingida.
Pois!!
Mas, Moura Guedes vem com outro enigma lógico a conversa privada entre Juan Luis Cebrián, administrador da Prisa, grupo espanhol proprietário da TVI, e Francisco Pinto Balsemão foi o momento mais surpreendente da audição. Segundo Moura Guedes, "Juan Luis Cebrián terá desabafado que estava farto dos telefonemas do senhor primeiro-ministro, que inclusivamente até para o Rei de Espanha tinha ligado, para a Casa Real, para ver se conseguia pressionar a Prisa.
Moura Guedes, nos seus enigmas lógicos, revelou ainda que o negócio da venda da Media Capital por Miguel Paes do Amaral à Prisa, em 2005, pressupunha o seu afastamento, "com o aval e a imposição do Governo". E o que se passou em Setembro de 2009 foi, para si, uma repetição do que acontecera há quatro anos. Com uma diferença, explicou: em 2005 o intermediário foi José Lemos, militante do PS, e em 2009 foi António Vitorino, segundo informação dada por Bernardo Bairrão, administrador da Media Capital.
Já noutra fase do enigma, Moura Guedes acusou o escriba do FCP, Júlio Magalhães, actual director de informação da TVI, e citando a revista Sábado, terá decidido "divulgar as notícias [sobre o Freeport] de forma mais espaçada". "Entendo que isto é fazer uma gestão política das notícias. No tempo do Jornal Nacional 6.ª -Feira não acontecia. Há documentos sobre o Freeport que estão lá [na redacção] desde Setembro, que implicam o sr. primeiro-ministro e não são postos em antena."
Enigma lógico.
A Lógica aristotélica assenta em dois dos princípios centrais que são: a lei da não-contradição e a lei do terceiro excluído.
A lei da não-contradição diz que nenhuma afirmação pode ser verdadeira e falsa ao mesmo tempo e a lei do terceiro excluído diz que qualquer afirmação ou é verdadeira ou é falsa. Este princípio deve ser cuidadosamente distinguido do *princípio de bivalência*, o princípio segundo o qual para toda proposição ela ou a sua negação é verdadeira.
Assim, com estes enigmas e com a lógica clássica aristotélica, definida e com os princípios aceites resta partir para o conhecimento.
Quando?
Talvez quando a Rainha, que apenas vive para mandar os seus criados (cartas de baralho) cortarem a cabeça a todos os convidados, apesar do zeloso Grifo continuar a dizer que isso é apenas uma fantasia da Rainha.
Ela é raivosa e autoritária.
Só que o rei tem menos influência do que ela. Por razões de cooperação institucional.