quinta-feira, abril 30, 2009

As falsas justificações

Depois do gabinete de imprensa do PS e do Ministro Augusto Santos Silva terem garantido que as imagens de crianças com o Magalhães no tempo de antena do PS foram recolhidas de forma transparente, eis que José Sócrates acabou por enviar um pedido formal de desculpa aos pais das crianças de Castelo de Vide, lamentando o facto de não terem sido avisados da finalidade das filmagens.
Mas, o que realmente está em causa é a "instrumentalização dos meios do Estado" para fins partidários. Aliás, quem não se lembra das crianças contradas para um «faz-de-conta» com Sócrates sobre o mesmo tema - Cagalhães.
Referir que o «malhador» Augusto Santos Silva começou por dizer que nada de errado se tinha passado e que se tratava de um mero reflexo de um "momento pré-eleitoral". Disse mais o ministro dos Assuntos Parlamentares, "aliás, os momentos pré-eleitorais e os momentos eleitorais são os momentos em que se manifesta de forma mais clara a beleza da democracia".
Que beleza senhor Santos Silva???
Será da malhação, a beleza?
Este senhor já fica, indubitavelmente, na história do anedotário nacional, rivalizando com o Santana, mas o Lopes e não Vasco do cinema, esse tinha qualidade.

O Centrão


Questionada sobre o cenário em que se sentiria mais confortável para as eleições, se numa aliança do PSD com o CDS-PP ou num novo bloco central com o PS, Manuela Ferreira Leite colocou como condição para qualquer entendimento acreditar «que a conjugação de esforços e de interesses - interesses no sentido do país - são coincidentes».
Ou seja, em português que toda a gente entenda, Ferreira Leite admite, claramente, depois das eleições a constituição do bloco central.
Beijos e abraços vão ser mais que muitos entre PS-PSD-CDS.
Se não os consegues vencer, então junta-te a eles.
A sede do poder a quanto obrigas!!!
Entretanto, face a alguns comentários menos abonatórios, Ferreira Leite considerou em declarações à Lusa que a hipótese de admitir um Bloco Central é «É uma interpretação abusiva porque como é sabido sempre recusei a hipótese de um governo de Bloco Central».
A Língua Portuguesa é complicada, mas a vidinha da líder(?) é ainda mais complicada?
Palavra de Cavaco, digo eu!!!

quarta-feira, abril 29, 2009

A madrinha

A actual Governadora Civil da Guarda continua a mover, e de que maneira, as suas influências, sempre em prol da «irmandade» familiar.
Depois de uma passagem, algo anónima, pois ninguém lhe ouviu a voz na Assembleia da República, Rita Miguel, nora estimada da senhora governadora, faz parte da lista do PS às eleições europeias.
Ou seja, este é o prémio para uma, de entre muitas, deputadas e deputados que NADA fizeram por um distrito; onde o único trabalho que tiveram, ao longo de TODOS os anos que andaram «perdidos» pelos Paços, foi o de terem de levantar e baixar o braço, de acordo com os ditames da maioria!!!
Agora, com as novas «modernizações» na AR(Assembleia República) a canseira passou a ser carregar no botão!!!
Que canseira!!!
Será que desta vez a deputada eleita irá ter oportunidade de dizer alguma coisa?
Ou continuará muda e queda (de parada, entenda-se)?
Os tachos a bem da Nação, pois então!!!

terça-feira, abril 28, 2009

Onde anda o dinheiro?

As 69 câmaras municipais, entre as quais a do amigo do Zézito, a da Guarda, que em Fevereiro ficaram a saber que beneficiariam do bónus governamental de 421 milhões de eutos do Programa de «Regularização» Extraordinária de Dívidas do Estado ainda não receberam um cêntimo para pagar a fornecedores.
Quem está a arder, com as dívidas, são os fornecedores dos municípios que alimentaram a incompetência e o despesismo dos poderes instalados.
Pagarem isso só quando os processos forem bem analisados, pois então!!!

Quem distingue PS de ME?

Alguém telefonou para a escola do 1º Ciclo de Castelo de Vide.
Diziam que falavam em nome do Ministério da Educação(ME).
Queriam fazer uma reportagem sobre o Magalhães.
Os professores pediram autorização aos pais.
Os pais disseram que sim.
O resultado está aqui, para surpresa dos pais, num tempo de antena do PS.

PS e ME quem é quem?
Mistura perigosa ou será uma nova «Campanha Negra»???

Letreiro

Porque não sei mentir,
Não vos engano;
Nasci subversivo.
A começar por mim - meu principal motivo
De insatisfação -,
Diante de qualquer adoração,
Ajuízo.
Não me sei conformar.
E saio, antes de entrar,
De cada paraíso.
Miguel Torga

segunda-feira, abril 27, 2009

O Beato e as conveniências dos regimes

Quando se comemorava mais um aniversário do 25 de Abril, eis que surge mais uma tentativa de apelar aos sentimentos dos Portugueses, quando a auto-estima e a esperança estão em níveis muito baixos.
Estas coisas nunca são por acaso.
Sobre a beatificação e o escandaloso aproveitamento de determinadas forças políticas, institucionais, governamentais, e os basbanas de sempre que gostam de ficar na fotografia de família, claro está, num País dito laico.
Recordei este texto publicado pelo Círculo de Leitores, em História da História de Portugal, secs. XIX-XX, de Luís Torgal, José Amado Mendes e Fernando Catroga, e que partilho com todos os que não querem nem gostam que lhes chamem asnos.

«O culto cívico que apela à superação em nome dos actos refundadores encontra-se no movimento da canonização do guerreiro Nuno Álvares Pereira.
O movimento já vem, é bom que se diga, desde o século XVII, mas renova-se e o Integralismo Lusitano elevou-o, convém também recordar, à categoria de Padroeiro da Nação.
Todo este movimento tendente ao desiderato anunciado porque alguns dirigentes republicanos defendiam uma cada vez maior aproximação com a Igreja.
Ontem como hoje as aproximações de e para a conveniência das instituições.
Em 1918 é mesmo fundada a Cruzada Nacional D. Nuno Álvares Pereira, agrupamento que se pretendia, como era de esperar e como convinha, apartidário.
Tinha como símbolo o próprio D. Nuno, como lema Pela Pátria!, e incitava todos os patriotas, atente-se na linguagem, a cerrarem «fileiras em torno do glorioso pendão das quinas, sem cores políticas, salvando Portugal da catástrofe iminente».
A Cruzada ir-se-á afirmar sob a República como um grupo político de pressão presidencialista, católico, nacionalista e conservador; depois será o movimento do 28 de Maio que o integrará e defenderá.
Assim, o Estado Novo assume a Cruzada com o apoio da Igreja. Não se discute a Pátria, a Família e a Igreja.
Para os «novos» cruzadistas o culto de D. Nuno e da Pátria constituía a base consensual em «que todos os patriotas» se deviam rever.
Mas, não se pense que a Cruzada se perdeu e nem tão pouco foi esquecida. Nem a Igreja esqueceu com todo o proselitismo, nem o calendário do culto, centrando-se em duas festividades, como convinha: a religiosa, solenizada anualmente no dia 6 de Novembro; e cívica, que tinha lugar a 14 de Agosto, aniversário da Batalha de Aljubarrota da padeira e dos castelhanos.
Em 1920, o Congresso da República aprovou mesmo uma lei que instituía 14 de Agosto como o dia da «Festa da Pátria» e mesmo feriado nacional, lei revogada em 1922.
Comulativamente com a Cruzada surge, com o mesmo objectivo mais um «movimento», em 1924, com a designação da Ala do Santo Condestável.
Aliás, o próprio Congresso da República institui a «Festa da Pátria» e aprovou a construção de um monumento, tendo a Cruzada tomado a iniciativa.
O monumento, no entanto, só será construído em 1966.
As várias apreciações a D. Nuno preparam o terreno para a integração do Condestável no Olimpo cívico dos Portugueses.
Assim, nesta conjuntura emergiram movimentos organizados para inocular na consciência colectiva a imagem segundo a qual o combatente de Aljubarrota era um herói-símbolo da Nação com uma estatura análoga à de Camões.
Levando em conta a conjuntura ideológica e política que condicionou o enraizamento do culto e ligando a sua justificação às que fundamentavam os actos comemorativos da época, vê-se que o animava uma intenção nacionalista apostada em o catolicizar mais claramente, como se a raiz jacobina dos cultos cívicos começasse a ser subsumida por interpretações mais tradicionais. Não admira. O Integralismo já tinha feito um positivismo contra-revolucionário à luz do qual deviam ser os mortos a governarem os vivos.
As consequências, por maiores que fossem as concessões da República, para os tradicionalistas esta seria sempre anti-histórica – porque individualista, democrática, religiosamente neutra e estrangeirada – e só uma Monarquia orgânica coorporativa e espiritualmente subordinada ao catolicismo podia realizar a missão inscrita na nossa história.
Nuno Álvares estava a ser desenhado por traços que o ajustavam à estratégia recatolicizadora da sociedade, em que, num registo mais popular e milagreiro , se inscrevem também as festas do centenário da morte de Santo António, pois, ao sintetizar a virtude militar que terá garantido a independência nacional com os posteriores votos religiosos, consubstanciava um ideal de rico significado educativo, nomeadamente quando, com as alterações políticas provocadas pelo golpe militar de 28 de Maio de 1926, se caminhou para uma nova aliança entre o Estado e a Igreja e ganhou ainda mais força a apologia dos valores cruzadistas. Daí o relevo das comemorações do centenário do Nuno Álvares na Batalha, mas também em Fátima.
Sintomaticamente, o tom das intervenções não deixa de combater o laicismo e de propor novas relações entre a Igreja e a sociedade política.
Por isso nem os católicos encobriam o significado político do culto.
Uma das mais importantes ilações fica numa intervenção do cardeal patriarca, precisamente na Batalha, onde disse que:«Religião e Pátria são termos que sempre andam ligados. Nestes dias em que as bases da civilização cristã são minadas, é refúgio seguro a Igreja que prega obediência à autoridade.»
O traço desta imagem de Nuno Álvares definia os contornos da sua incorporação na hagiografia cívica do Estado Novo, e desenhava um dos seus símbolos – a aliança da Cruz e da Espada – lançando os dados para que, depois de padroeiro da infantaria, o combatente de Aljubarrota, fosse «fascizado» com a sua transformação em padroeiro da Mocidade Portuguesa e da Legião Portuguesa – agrupamentos paramilitares do regime saído da revolta militar do 28 de Maio.
Houve mesmo alguma propaganda inventava analogias e anacronismos, ousava mesmo sugerir a existência de afinidades (providenciais) entre o perfil político e religioso do combatente/carmelista e o de Salazar.»
Face aos desenvolvimentos, pseudo biográficos conhecidos recentemente do ditador, será que a Igreja irá rever a sua posição? Fica a dúvida.

quarta-feira, abril 01, 2009