sábado, fevereiro 28, 2009

Já não admira

Na Assembleia Municipal da Guarda, do dia 26 de Fevereiro de 2009, o Ps impediu a aprovação de uma proposta do Bloco de Esquerda de apoio às vítimas da crise económica.
A actual crise financeira e económica internacional agravou drasticamente toda uma situação de crise profunda que vivem muitas das famílias do concelho.
Todas as instituições de solidariedade do concelho relatam o aumento de graves carências sociais e económicas, pobreza envergonhada, degradação e exclusão social, endividamento e até muitas situações de fome efectiva.
Mas, a maioria Ps negou que a recomendação que se transcreve fosse aprovada.
Dizem, os ditos maiorais, que a Câmara já tem gabinetes para ajuda aos cidadãos.
Tem???
Esperemos que não se arrependam do que fizeram.
O «Tsunami» está a chegar.
Enquanto julgam acreditar nos ilusionistas, a catástrofe social será, irremediavelmente, de consequências graves.


«Proposta de Recomendação pela constituição de um Gabinete Municipal de Combate à Crise


A actual crise financeira e económica internacional agravou, drasticamente, toda uma situação de crise profunda que já se vinha sentindo nos últimos anos no país.
Os grupos sociais que mais sofrem são sempre os mesmos: as famílias com menores rendimentos, os trabalhadores com baixos salários, os desempregados, os idosos com pensões de miséria, a generalidade dos excluídos.
Numa época de grave crise, o que se tem visto por parte do Governo é o apoio escandaloso aos mais ricos e poderosos, por exemplo salvaguardando os milhões das fortunas dos donos do BPN e do BPP à custa dos impostos dos contribuintes.
O concelho da Guarda não fica, naturalmente, à margem da crise.
Mas, por se tratar de um concelho onde as alternativas de emprego não existem, por culpa de um modelo de desenvolvimento nacional que privilegiou o litoral em detrimento do interior, obrigando a que os cidadãos do concelho sintam mais duramente a crise.
Na área do nosso município existem graves carências sociais e económicas, atingindo muitos cidadãos (não apenas os desempregados, mas também os precários que auferem baixos salários, por exemplo) e atingindo igualmente as suas famílias. Há exclusão social, há sobreendividamento que atinge famílias e pequenas empresas. Dificuldades de vária ordem, que o Bloco de Esquerda tem repetidamente denunciado e que o agravar da crise vêm agudizar.
Um país só é livre e democrático na sua plenitude quando todos os cidadãos, sem exclusões, usufruírem do bem-estar e de uma efectiva qualidade de vida, nomeadamente a satisfação das suas necessidades básicas. Compete aos poderes públicos, incluindo as autarquias, contribuir para a satisfação dessas necessidades.
Neste sentido, a Assembleia Municipal da Guarda, reunida em sessão ordinária no dia 26 de Fevereiro de 2009, delibera:
Recomendar à Câmara a constituição de um Gabinete Municipal de Combate à Crise, com a finalidade de proceder, no território concelhio, a um levantamento exaustivo de todas as situações de pobreza, exclusão social, sobreendividamento de famílias e de pequenas empresas, bem como identificar as medidas que possam estar ao alcance do município desenvolver, de modo próprio ou em articulação com outras instituições públicas ou privadas, com vista a minorar o impacto da crise sobre os grupos sociais mais desfavorecidos presentes no nosso concelho.

Guarda, 26 de Fevereiro de 2009,
O deputado pelo Bloco de Esquerda,
Jorge Noutel
»