domingo, dezembro 31, 2006

2006 em palavras


Ao longo de 2006 foram muitas as promessas não cumpridas pela edilidade da Guarda.
Mas, se as promessas levou-as o vento, a conversa fiada e as justificações do prometido e não realizado ficou estampada na comunicação social.
Algumas dignas de merecerem a atenção de todos.
Aqui ficam algumas para mais tarde recordar:

«Só está na câmara quem quer» - Presidente da Câmara da Guarda a propósito da célebre demissão do engenheiro Luís Borges, que acusou a vereção de se curvar perante as imposições dos empreiteiros;

«... os bancos deviam ter os seretariados sediados na Guarda....» - o presidente do POLIS, arquitecto Saraiva, a propósito da falta de investimento no concelho;

«... o ex-libris da cidade vai passar para a estação....» - idem;

«...o parque infantil da estação será o maior da península ibérica....» - idem;

«...o POLIS de Castelo Branco é uma pequena intervenção e não tem comparação com a intervenção do POLIS na Guarda....» - idem;

«.... as obras terminam em Junho...» dizia o senhor arquitecto na Páscoa;
«....as obras são para terminar em Novembro...», dizia o senhor arquitecto, em Junho, e......agora? Já não adianta datas?

E as obras da Praça Velha?
Diziam que terminavam ao fim de seis meses? Já lá vão 2 anos..........
«...15 de Janeiro terminam as obras, vão sair as manilhas de esgoto.» - Presidente da Câmara;

«.....podia ter sido aquilo (as manilhas de esgoto) ou arame farpado» - arquitecto responsável pelo projecto da Praça Velha;

«...o interface do mundial na Praça Velha é um novo horizonte...(...) mostra que não estamos a trabalhar em cima do joelho(...)» - vereador do urbanismo, Vitor Santos;

«... uma volta que se preza tem de passar pela Guarda, (...) A Guarda é a capital do ar puro(..)» - Presidente da Câmara no final da etapa, da Volta a Portugal, que terminou na Guarda;

«...a Guarda está a perder turismo....» - Directora do Museu da Guarda;

«...não pudemos receber as pessoas com a cidade em obras...» - vereadora do Turismo, Maria de Lurdes Saavedra;

«...níveis de conforto e de desenvolvimento para o interior...» - José Sócrates, a propósito da não portagem da A25 e da A23;

«... a cultura não dá lucro, por que se desse já há muito que estava no privado...» - Presidente da Câmara, a propósito do deficit apresentado pela Empresa Municipal, CulturGuarda, relativo ao TMG;

«... Há que dar ao Povo aquilo que o Povo gosta...» - Presidente da Câmara da Guarda, sobre as festas da cidade que tiveram um orçamento de 143 mil euros com cerca de 40 mil de receitas;

Assim, se vai fazendo, de palavras, a história de um concelho.

sexta-feira, dezembro 29, 2006

Três presentes de fim de ano

I
Querida, mando-te
uma tartaruguinha de presente
e principalmente de futuro
pois viverá uma riqueza de anos
e quando eu haja tomado a estígia barca
rumo ao país obscuro
ela te me lembrará no chão do quarto
e te dirá em sua muda língua
que o tempo, o tempo é simples ruga
na carapaça, não no fundo amor.
II
Nem corbeilles nem
letras de câmbio
nem rondós nem
carrão 69
nem festivais
na ilha d’amores
não esperes de mim
terrestres primores.
Dou-te a senha para
o dom imperceptível
que não vem do próximo
não se guarda em cofre
não pesa, não passa
nem sequer tem nome.
Inventa-o se puderes
com fervor e graça.
III
Sempre foi difícil
ah como era difícil escolher
um par de sapatos, um perfume.
Agora então, amor, é impossível.
O mau gosto
e o bom se acasalaram, catrapus!
Você acha mesmo bacana esse verniz abóbora
ou tem medo de dizer que é medonho?
E aquele quadro (objecto)? aquela pantalona?
Aquela poesia? Hem? O quê? não ouço
a sua voz entre alto-falantes, não distingo
nenhuma voz nos sons vociferantes...
Desculpe, amor, se meu presente
é meio louco e bobo
e superado:
uns lábios em silêncio(a música mental)
e uns olhos em recesso(a infinita paisagem).

Carlos Drummond de Andrade

À Portuguesa



Que a Banca seja um estado dentro do estado português, com regras e leis próprias, não tinhamos dúvidas.

Agora, que o multibanco se tenha transformado numa cidade.........

À Portuguesa, só pode concerteza!!!!

sábado, dezembro 23, 2006

A Frase da Semana


"Nem tudo o que se passa passa nos media"

«Os jornalistas bem sabem que têm o poder de esconder ao grande público acontecimentos que, sem a sua presença, passam como se não existissem. »
José Carlos Abrantes.

Palavras para quê?

Natal dos Simples

Vamos cantar as janeiras
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras

Vamos cantar orvalhadas
Vamos cantar orvalhadas
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas

Vira o vento e muda a sorte
Vira o vento e muda a sorte
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte

Muita neve cai na serra
Muita neve cai na serra
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra

Quem tem a candeia acesa
Quem tem a candeia acesa
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza

Já nos cansa esta lonjura
Já nos cansa esta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura
José Afonso

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Dúvidas???


A eurodeputada Ana Gomes voltou a agitar as investigações à alegada passagem de voos da CIA para transporte ilegal de prisioneiros no espaço aéreo europeu, em particular em Portugal, que poderá envolver os últimos governos do PSD/CDS e do PS.
Depois de, no início de Setembro, ter revelado uma carta em que Freitas do Amaral admitia "voos directos Portugal-Guantánamo", a dirigente socialista tornou ontem pública uma lista segundo a qual foram 94 os voos da CIA de e para Guantánamo, que passaram em território nacional.
O verniz estalou com o ministro Luís Amado, que a acusou de "má-fé".
A eurodeputada defendeu-se e garantiu que o Governo está a ocultar informação.
É que, além de divulgar a nova lista, Ana Gomes considerou que o documento contraria informações prestadas pelo ministro dos Negócios Estrangeiros à referida comissão do PE.
A resposta de Luís Amado foi dura "Houve má-fé e abuso relativamente à confiança que merece uma senhora deputada com quem o Governo tem procurado tratar o assunto".
Amado garantiu, então, que a lista não prova "ilegalidades".
"Há pessoas que estão a procurar lançar uma cortina de fumo", acusou, citado pela Lusa, revelando que escreveu uma carta ao presidente da comissão do PE em que "condena" a "conduta abusiva" de Ana Gomes.
"Rejeito totalmente as acusações de má fé e de abuso. Sempre agi com total boa-fé, sempre partilhei com o Governo a informação que tinha", repetiu, ao longo do dia, a eurodeputada do PS. Apesar das declarações que a colocam num situação débil face à Direcção do partido, Ana Gomes insistiu que a nova lista demonstra que não foram prestados todos os elementos, pois solicitou ao Governo dados sobre voos relacionados com Guantanamo e a resposta foi de que não havia registo de qualquer voo.
A graves acusações de Ana Gomes e as titubeantes explicações do Governo, que se iniciaram com o dito por não dito de Freitas do Amaral e prolongadas no tempo pelo ministro Luís Amado, só revelam que há ocultação de muita verdade.
Porque teria Jaime Gama recusado ceder uma sala da AR para a reunião da comissão de inquérito do Parlamento Europeu?
Que CDS-PSD-PS escondem a verdade disso não temos a menor dúvida.
Ou será que existe uma arma de destruição maciça bem letal?

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Dia de Natal


Hoje é dia de ser bom.
É dia de passar a mão pelo rosto das crianças,
de falar e de ouvir com mavioso tom,
de abraçar toda a gente e de oferecer lembranças.
É dia de pensar nos outros - coitadinhos - nos que padecem,
de lhes darmos coragem para poderem continuar a aceitar a sua miséria,
de perdoar os nossos inimigos, mesmo aos que não merecem,
de meditar sobre a nossa existência, tão efémera e tão séria.

Comove tanta fraternidade universal.
É só abrir o rádio e logo um coro de anjos,
como se de anjos fosse,
numa toada doce,
de violas e banjos,
entoa gravemente um hino ao Criador.
E mal se extinguem os clamores plangeres,
a voz do locutor
anuncia o melhor dos detergentes.

De novo a melopeia inunda a Terra e o Céu
E as vozes crescem num fervor patético.
(Vossa Excelência verificou a hora exacta em que o Menino Jesus nasceu?
Não seja estúpido! Compre imediatamente um relógio de pulso antimagnético.)

Torna-se difícil caminhar nas preciosas ruas.
Toda a gente se acotovela, se multiplica em gestos, esfuziante.
Todos participam nas alegrias dos outros como se fossem suas
E fazem adeuses enluvados aos bons amigos que passam mais distante.

Nas lojas, na luxúria das montras e dos escaparates,
Com subtis requintes de bom gosto e de engenhosa dinâmica,
Cintilam, sob o intenso fluxo de milhares de quilovates,
As belas coisas inúteis de plástico, de metal, de vidro e de cerâmica.

Os olhos acorrem, num alvoroço liquefeito,
Ao chamamento voluptuoso dos brilhos e das cores.
É como se tudo aquilo nos dissesse directamente respeito.

António Gedeão

Entrevista com Maria José Morgado


"AS QUESTÕES CENTRAIS SÃO A CONTABILIDADE PARALELA E A PROMISCUIDADE COM O PODER POLÍTICO"
A actual responsável pela investigação da corrupção no futebol, Maria José Morgado, e o antigo presidente do Sporting Dias da Cunha deram , em Maio de 2004, uma entrevista à Revista Manifesto, centrada nas questões da corrupção no Futebol.
A conversa conduzida por José Neves e Heitor Sosa faz um retrato aprofundado da corrupção no futebol.
Os Bastidores do Jogo, Mesa Redonda com Dias da Cunha e Maria José Morgado moderada por Heitor Sousa e José Neves
Manifesto – As declarações que ambos proferiram há já alguns meses pareciam ter algo de ‘profético’. Na verdade, se é certo que pairava em torno do mundo do futebol um ambiente de suspeição, as vossas palavras foram talvez as primeiras – no caso do Dr. Dias da Cunha vindas do universo do futebol, no caso da Dr.ª Maria José Morgado vindas do universo da justiça – que fixaram com clareza alguns pontos que, actualmente, com o caso Gondomar e afins, se tornam particularmente nítidos.
Então era já claro, para vocês, a importância do triângulo ‘poder político – futebol - construção civil’?
Dias da Cunha – Eu diria que as minhas declarações não tinham nada de profético. Quem estivesse no meio conhecia. Simplesmente, é daquelas realidades com que todos estávamos confrontados, mas sobre as quais, por uma razão ou por outra, se evitava falar. Eu devo dizer que cheguei ao dirigismo desportivo recentemente. Foi uma aprendizagem que tive que fazer. E houve uma circunstância que me abriu muito os olhos. O que na gíria se chamou o ‘Movimento dos Presidentes’. Mas, por agora, fico-me por aqui. Adiante voltarei a essa história.
Maria José Morgado – Também acho que não havia nada de profético no que disse. Havia uma análise de uma determinada realidade, análise que resultava de algum esforço de tratamento de determinados sectores da sociedade portuguesa que envolviam aspectos muito opacos. Quando investigamos essa opacidade e as suas razões deparamo-nos com uma malha muito densa e estreita de acumulação de cargos em autarquias e em clubes de futebol; depois, através dessa acumulação de cargos em clubes e autarquias, deparamos com a ligação a determinados sectores da economia, mormente a construção civil, tendo isso muitas vezes como esquema, de forma muito repetida, o recurso à ‘política de solos’. A acumulação de cargos permitia uma série de negócios insindicáveis que circulavam das autarquias para clubes e empresas. Paralelamente, encontravam-se sinais, como patrimónios injustificáveis, conflitos de interesse, favorecimento de certas empresas em detrimento de outras, etc.. A malha torna-se de tal forma apertada que, em determinados sectores económicos, quem viesse de fora daquele circuito não conseguia obter ou licença de construção ou adjudicação de serviços, por exemplo. Portanto, havia aqui um diagnóstico de conflitos de interesse, acumulação de cargos, falta de fiscalização e o resvalar para uma espécie de articulação entre determinados titulares de cargos no futebol e um certo mundo da economia paralela – o mundo dos que não se submetem às regras da livre concorrência e da lealdade. O fenómeno dos resultados desportivos e da sua manipulação, relacionado com a verdade desportiva, é outra questão. Eu referi-me apenas aos negócios que rodeiam o jogo. Não sendo esse um problema específico a Portugal, sucedia simplesmente que, entre nós, o drama era o medo. Havia uma inversão de valores. O crime quase que era falar destas questões e não o contrário. O grande problema é o facto do futebol ser um negócio – e não tenho posições moralistas quanto a isso – e, portanto, ter de adoptar as regras das empresas normais – auditorias jurídicas, contas transparentes, financiamento transparente. Acontece que a acumulação de cargos cria oportunidades tentadoras e tem por base conflitos de interesses. E isso envolve uma tendência que leva à utilização do estatuto de ‘utilidade publica’ como biombo para determinados negócios pouco transparentes. Há uma tendência para utilização da ‘utilidade publica’ para permitir a quem está, ao mesmo tempo, numa câmara e num clube doar um determinado terreno ao clube. E entra-se num plano inclinado incontrolável... Mas, antes de mais, há pois que distinguir práticas que coloquem em causa a verdade do resultado desportivo – que também tem que ver, por exemplo, com o doping – e, depois, o crime económico associado ao desporto.
Manifesto – Há a sensação de que o caso que agora vivemos – o caso Gondomar – é apenas a ponta do icebergue. Para lá da manipulação de resultados, há uma dimensão criminal que passa por assuntos como os referentes aos processos de Vale e Azevedo e de Pimenta Machado, dimensão que terá mais que ver com práticas de branqueamento de capitais e semelhantes...
Dias da Cunha – Deixemos o Dr. Pimenta Machado de lado. É mais fácil. Eu fui atraído para o problema que aqui debatemos, a principio, quando assumi a responsabilidade que tenho, pela questão da ‘verdade desportiva’. E ela tem que ver com a concorrência entre empresas, como refere a Dr.ª Maria José Morgado. No mercado do futebol, os dinheiros sujos, que servem para facilitar práticas a diferentes níveis, são um factor de concorrência desleal. Eu nesse aspecto tive sorte. O Sporting, quando assumi funções, estava já num caminho de correcção em matéria de contas. O Dr. Roquette impôs no Sporting a obrigatoriedade de uma contabilidade que traduzisse a realidade com que íamos vivendo. Percebi, por outro lado, que havia forma de influenciar os resultados dentro de campo. Apanhei o fim de um tempo em que isso acontecia não tanto por que se pagava aos árbitros para conseguir certo resultado. A verdadeira forma de influência era o sistema de classificação dos árbitros. A classificação é atribuída por uns senhores escolhidos – e foram sempre escolhidos – para acompanhar as prestações dos árbitros. Como, por exemplo, chegar a árbitro internacional – ponto alto na carreira de um árbitro – está dependente do lugar na classificação, esta tem uma enorme importância. Assegurar, antes da performance do arbitro, que ele saiba quem o observa – “veja lá, vamos estar atentos” – era uma maneira de controlar o que se passava dentro de campo.
Manifesto – O Dr. Dias da Cunha referiu-se, há pouco, à questão do ‘Movimento dos Presidentes’. Foi aí que começou a perceber estas práticas?
Dias da Cunha - Eu percebi que o comportamento que seguíamos no Sporting quanto à necessidade da contabilidade registada estar exactamente de acordo com os compromissos do clube não era um comportamento generalizado. E isto percebi ainda antes do ‘Movimento dos Presidentes’. E só é possível não registar a realidade, a totalidade do que se paga a um jogador – e este é um dos grandes problemas –, se houver ‘sacos azuis’. Não é possível de outra forma. E, aqui, há um grande perdedor de quem normalmente não se fala. Esse perdedor é o Estado, pelos impostos. Baixar intencionalmente a tabela de remunerações tem como objectivo não pagar os impostos. Para isto poder funcionar tem que haver dinheiro livre, não contabilizado. Quando comecei a falar nestas coisas pela primeira vez, o que verdadeiramente preocupava era a questão da arbitragem, que eu já percebera que não era tanto uma questão de dinheiro como do sistema de classificação dos árbitros. Nessa altura, os árbitros eram designados por sorteio. Era um sorteio com bolas. Em que simplesmente, ao contrário do que sucede em sorteios internacionais, ninguém tinha a possibilidade de ter a certeza de que em cada uma das bolas, de um pote donde sairia uma com o nome de um árbitro para um certo jogo, haveriam nomes diferentes e não um mesmo nome. Quando eu referi esta questão, na minha segunda presença televisiva, choveram processos em cima de mim. Foi quando usei a expressão “À mulher de César não basta ser séria...”. Depois do escândalo que envolveu isto, houve um jogo no estádio do Sporting. Antes, há um almoço. Há um presidente convidado – vamos deixá-lo na sombra – e estão também dois ministros. Um dos ministros tinha responsabilidade no desporto, o outro já lá tinha estado. A praxe destes acontecimentos é que o dono da casa diga umas palavras de circunstância, que o presidente convidado responda e que, na presença do governo, o seu membro encerre. Eu, em vez das palavras de circunstância, dirigi-me ao meu interlocutor e disse-lhe: “Olhe, estão muito escandalizados porque eu usei a palavra ‘sistema’ para falar da arbitragem. Gostava de deixar claro. O Sistema não é mais do que a história do Monstro que fugiu ao Criador. Lembro-me, na minha juventude, de ver a história do Frankenstein que fugiu ao sábio. O Sistema não é quem o domina neste momento, e não interessa agora quem o criou (o meu interlocutor sabia que eu estava a referir-me a ele). Agora há que dominar o Monstro”. O meu interlocutor respondeu-me com grande frontalidade. Disse que andava nisto há muito tempo, há muitos anos (já então era, de facto, um número muito grande). E disse-me, em seguida, que houve apenas um período em que as coisas no futebol não estiveram muito mal. Falou de um período em que os presidentes se encontravam uns com outros, discutiam os problemas e, depois de dizerem uma série de coisas entre si, dificilmente viriam a público dizer outras coisas. Dos ministros presentes, recordo que um chegou a falar e não terá dito nada de muito diferente do tradicional assobiar para o ar do governo. Tal como acontece hoje. Eu tinha dito uma brutalidade, uma monstruosidade, mas tal não provocou reacção nenhuma. Passado algum tempo fui à terra desse presidente e pôs-se de pé, então, esse ‘Movimento dos Presidentes’.
Maria José Morgado – Retomando algumas das ideias do Dr. Dias da Cunha, gostava de sublinhar que a necessidade da gestão transparente não é apenas a necessidade de um futebol limpo e sério. É também uma questão de ganhar o melhor, um problema de mérito. Veja-se, por exemplo, a questão fiscal. A questão da evasão fiscal tem uma grande exuberância entre nós. Por volta de 2002, por exemplo, o Expresso referiu a correcção de declarações fiscais de empresários de futebol na ordem dos milhões. Há vários aspectos inexplicáveis e contraditórios entre si. Muitos clubes têm despesas superiores às receitas, estão tecnicamente falidos e fazem-se contratações milionárias. De onde vem o dinheiro?M – As SAD foram criadas procurando um novo financiamento aos clubes e, todavia, domina o espectro da falência...MJM – Se não há fiscalização devida, em qualquer parte da economia e do mundo, quem tem proventos de actividades desonestas pode canalizar os seus lucros para lá e assim lavá-los. A evasão fiscal é aliás um crime precedente do branqueamento de capitais. Havendo evasão fiscal, o dinheiro subtraído aos impostos tem que ira para qualquer lado e tem que ir lavado. Não pode estar ligado ao crime que lhe deu origem. Eu não me quero referir agora a determinadas práticas existentes no interior do futebol. Que também me dizem que, se não são utilizadas, os clubes sufocam. Mas, então, o mal vem de muito longe... Com isto não digo que não há clubes interessados em gestões transparentes. Eu não tenho qualquer paixão clubística, mas não me custa reconhecer que o Sporting tem tido, pelo menos, um discurso de defesa da transparência. Mas há, cada vez mais, novas situações à margem da lei. Em Itália, por exemplo, onde o fenómeno será ainda mais sofisticado – porque a fiscalização será também mais apertada –, há o caso da Parmalat/Parma. Aí, as acções da empresa eram insufladas artificialmente para cotação na bolsa através de compras e vendas artificiais de passes de jogadores. Por vezes eram mesmo compras fictícias. Chama-se a isso o ‘doping contabilístico’. Tudo estoirou agora. Com falências brutais, levando ao desemprego de famílias e prejudicando gravemente a economia. Com estas práticas sucede que os próprios clubes de futebol se transformam num buraco negro da economia, num offshore, algo subtraído à fiscalização normal. Isso é cada vez mais prejudicial para o próprio futebol em si. A certa altura ninguém sabe muito bem onde está o mérito. Neste contexto, o que é espantoso é que a classe política tenha um fototropismo em relação a esse mundo.
Manifesto – Neste universo, com estes laços entre economia real e economia informal, não está uma SAD condenada a viver sem transparência?
Dias da Cunha – As SAD foram inicialmente criadas para trazer a transparência ao futebol profissional. É claro que depende das pessoas que as liderarem. A questão está em haver fiscalização. A Dr.ª Maria José Morgado fala nas coisas de um ponto de vista da observação teórica, sem conhecimento directo. Mas, de acordo com o meu conhecimento directo, ela tem toda a razão. A certa altura, as remunerações dos jogadores dispararam, aquando do acórdão Bosman. Na medida em que os jogadores ficaram muito mais livres, muito menos dependentes dos clubes, eles passaram a ser muito mais transaccionáveis, o que favoreceu o desenvolvimento da actividade do empresário, que passou a ser um agente activo da transferência. Isto sucedeu a um nível global. Num fenómeno mundial, com a globalização, com a queda das barreiras, como referiu o Stiglitz, assistimos à integração das economias e, não sendo esse processo acompanhado de controlo, ele favorece os mais fortes. E os mais fortes são os que são capazes de se impor neste mercado usando quaisquer meios. Esse é o grande problema. O negócio intensificou-se brutalmente. As equipas passaram dificilmente a ter continuidade. O interesse dos empresários é claramente esse, pois ganham à medida das transferências. Este multiplicar das transações foi acompanhado pelo crescimento das receitas resultantes da televisão. Aqui em Portugal dá-se a ideia de que as receitas televisivas pagariam, com os direitos de amanhã, o que hoje se gasta. É a partir daí que o futebol profissional se desequilibra de forma muito peculiar. O grande mérito do Dr. Roquete foi perceber que ou se interrompia esta precipitação ou o abismo chegaria, mais tarde ou mais cedo.
Manifesto – Como se amenizam estes desequilíbrios?
Maria José Morgado – Há os que procuram o apoio político e os que procuram seguir as regras. Há quem viesse invocar numa campanha eleitoral o apoio de um determinado partido...
Dias da Cunha – A não contabilização da realidade do encargo começou a intensificar-se. O que é remuneração do jogador é parcialmente substituído pela questão dos direitos de imagem, direitos do jogador vendidos a uma offshore que depois negoceia. E isto abre imediatamente a porta à associação de outro tipo de dinheiros. Outra forma é partilhar os direitos de passe dos jogadores. E, face a isso, o Sporting exige que se saiba, quando os direitos não são detidos na totalidade pelo clube, quem detém a outra parte. Quando isto for claro, então se verificará que, em relação a um conjunto de jogadores, para lá do clube, há um determinado indivíduo, um determinado empresário, que detém esses direitos. Então os sócios perguntarão quem manda verdadeiramente na equipa que joga. Todo este fenómeno de compra e venda de jogadores, associado a uma rede fechada, foi facilitando o surgimento destas práticas. Por isso eu falo da importância da ‘contabilidade criativa’. E tendo sempre o Estado como perdedor...
Manifesto – O problema do Estado é o da falta de vontade política em assumir esse combate à fraude e à evasão fiscais?
Dias da Cunha – É o medo. Há um mito quanto ao número de simpatizantes dos clubes principais. Quando se fala em 6 milhões, por exemplo, implica que estar nas eleições legislativas contra 6 milhões de adeptos será estar contra 6 milhões de eleitores... Para quem funciona neste tipo de cálculos...
Manifesto – Nesse sentido, por exemplo, a vitória de Rui Rio sobre Fernando Gomes nas últimas eleições autárquicas do Porto foi de algum modo desmitificadora dessa relação entre filiação clubística e comportamento eleitoral...
Dias da Cunha – O que só mostra que felizmente o povo separa as coisas, ao contrário do se pensa. O medo que os políticos têm do futebol tem muito que se diga. Não há estádio único em Lisboa por causa disso. Sabia-se que a medida era à partida impopular. Num dos clubes, todavia, os responsáveis estavam dispostos a ir por diante com a hipótese do estádio único, condicionando somente o acordo à assembleia geral do clube, onde defenderiam o estádio único sabendo que tal era contra a vontade da maioria dos sócios, mas sabendo também que, explicando – tornando transparentes as questões – encontrar-se-ia uma solução. A nossa aposta era considerar os sócios do Sporting como responsáveis. E não tenho dúvidas de que a solução se concretizaria. Mas, a ideia morreu porque quem politicamente tinha que advogar o estádio municipal temeu perder votos.
Manifesto – Mas, para lá do medo do poder político, não se jogaram também interesses a nível das construtoras?
Dias da Cunha - Na verdade, o outro clube desistiu do projecto de um só estádio. Mas não tenho motivos, dados ou informações que me levem a ter razões para entender que o lobbie do betão tenha actuado, como então se referiu.
Manifesto – A propósito dos estádios e dos apoios públicos, como se pode defender que clubes transformados em empresas, que visam antes de mais os seus lucros, beneficiem do estatuto de ‘utilidade pública’, estatuto esse que permite as referidas ‘políticas de solo’ ou os benefícios fiscais?
Maria José Morgado – A questão é a hipocrisia e a opacidade. É claro que se usa o estatuto de utilidade pública para benefícios fiscais, doações de terrenos ou para subsídios. Como por exemplo sucedeu em relação ao ‘Euro 2004’, com a criação de empresas ligadas ao negócio do ‘Euro 2004’. Se, por causa disso, mais tarde, até se vier a descobrir que se praticaram determinadas fraudes, descobriremos que o estatuto de utilidade pública foi mais uma facilidade, mais uma cortina. Mas, também, se tirarmos o estatuto de utilidade pública, tudo continuará a acontecer na mesma. As questões centrais são a contabilidade paralela, a promiscuidade com o poder político, a acumulação de cargos com conflitos de interesse.
Dias da Cunha – Com contabilidade cristalina, se houver um benefício, ele será conhecido. A questão não é tanto a da utilidade pública, mas a dos dinheiros públicos. Eu já disse muitas vezes: não é por o Sporting ter um determinado número de simpatizantes, de um determinado meio social e económico, a pagar contribuições, que o Sporting deve ter melhor equipa que um clube com 10 mil sócios. A questão é a da transparência. Que a política de um senhor candidato a presidente de Câmara passe por entregar solos ou dinheiro a um clube, então ele tem é que fazer votar o seu programa.
Maria José Morgado – Tratam-se sempre de formas de financiamento. Há casos que serão legítimos, outros que começam por ser legítimos e que derrapam, outros que pareciam uma coisa e depois outra... A questão é a das contrapartidas políticas relativamente a todos esses processos.
Dias da Cunha – Eu creio que a questão que se coloca é a de saber se faz ou não sentido haver dinheiros públicos nos clubes. Em relação a isso, lembro que há um serviço inestimável que é prestado ao país pelos clubes. Mas nem é pelos grandes clubes que ele é principalmente prestado. Trata-se de uma rede nacional de clubes e de associações que orienta os jovens numa primeira fase da prática desportiva. Um dos problemas é o facto de serem precisamente esses clubes que menos recebem da parte do Estado. No âmbito do ‘Movimento dos Presidentes’, essa foi uma questão que o Sporting procurou discutir. Como redistribuir. Olhar para o problema, quantificá-lo e ir à procura das respostas. Por exemplo, o Sporting tem defendido que, uma vez terminado o período de formação de um jogador, e quando ele é transferido, a mais-valia seja repartida pelos clubes da formação.
Manifesto – Como vê a Lei de Bases que agora será proposta?
Dias da Cunha – É necessária a definição de padrões de contabilidade. O poder político, o governo, podia, até junto das empresas de auditoria, constituir uma comissão – um auditor – que durante um certo período acompanhasse os clubes. Isto era um grande passo.
Maria José Morgado – Isto seria fácil. Sendo que há grupos instalados que se opõem a fiscalizações. Porque a fiscalização é o seu fim.
Dias da Cunha – É verdade que todos conhecemos o que sucedeu com a Enron e com a Arthur Anderssen, nos EUA. Mas, veja-se também como em Itália estão a ser duramente punidos os auditores envolvidos no caso Parmalat. Eu não conheço outra forma. Há que levar as coisas a sério e até ao fim. No caso do futebol português, precisa-se de um Plano Oficial de Contabilidade.
Manifesto – Há também um problema que tem que ver com a concertação de gestões. Quando a direcção de um clube é a mesma que a de um canal televisivo, por exemplo, as relações entre as entidades tornam-se progressivamente invisíveis...
Maria José Morgado – Essa é a natureza da questão dos conflitos de interesse. É a acumulação de cargos e o abuso de posições dominantes que dá a hegemonia no mercado.DC – Os norte-americanos perceberam isso na transição do século XIX para o XX. Nos EUA, tomaram-se então as primeiras medidas de controlo do abuso de posições dominantes, o que passa por uma certa obsessão quanto à livre concorrência a nível interno. Acontece que, simultaneamente, todavia, os EUA foram sempre o país que mais se protegeu. Através do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, seus fiéis seguidores, impõe-se aos países mais pobres a abertura das suas fronteiras. Defendendo-se as fronteiras norte-americanas. O futebol português precisa de uma transparência naquela dimensão da livre concorrência. E, a outro nível, necessita de transformações na arbitragem. O Sporting defende a profissionalização dos árbitros. Por cima, defendemos a criação de algo semelhante ao Conselho Superior de Magistratura. Eu via aí uma estrutura formada com uma maioria de juizes. Não escolhidos pelos clubes, mas, porque não, pelo próprio CSM.
Maria José Morgado – Finalmente um ponto de divergência com o Dr. Dias da Cunha. Mesmo com a estrutura que referiu, não concordo. A minha palavra de ordem, neste momento, seria: magistrados e juizes fora do futebol.
Manifesto – Defende então que a justiça desportiva se integre na justiça civil?
Maria José Morgado – Sim, defendo uma normalização. A participação em estruturas desportivas amolece – para não dizer coisas piores – a consciência dos magistrados. Nunca achei bem. É um ponto de vista pessoal que tenho há muito tempo.
Dias da Cunha – Quanto aos acontecimentos que vivemos presentemente, para terminar, e sem entrar directamente no caso, manifestava apenas que, sinceramente, tal não me interessa. Tenho mesmo receio que isto leve o poder político a continuar a dizer que nada tem que ver com a situação, afirmando apenas que é um caso de polícia e que a polícia resolve. E o poder político não se pode continuar a refugiar.

Importa reflectir sobre tudo que foi dito, mas principalmente, no que vai ser feito.....

quarta-feira, dezembro 20, 2006

A Autocracia


O governo de Sócrates atingiu o zénite da autocracia. Sucedem-se os atropelos à independência dos poderes democráticos.
O primeiro ministro escreve ao Tribunal Constitucional, enviando pareceres sobre a Lei das Finanças Locais.
A autocracia no seu melhor.
Será que os Juízes do Tribunal Constitucional não sabem de leis?
Será que a «pressão» exercida pelo 1.º ministro não é uma forma de autocracia?
A que se deve o nervosismo e a ansiedade descontrolada do 1.º?
Alberto João exercia, há uns tempos, o mesmo tipo de pressão. Não o fez por carta mas sim num comício.
Diferenças? Nenhumas.
Alberto João e Sócrates são o mesmo, autocracia nos actos e na visão estratégica dos benefícios.
Se, não bastasse este episódio, eis que um ministro proíbe o presidente da ERSE, a Entidade Reguladora do Sector Energético a estar presente numa audição da comissão de economia do parlamento, para ser ouvido acerca do aumento das tarifas da electricidade, atendendo a que está agendada a discussão de um projecto de lei do Bloco de Esquerda, que impede este aumento, limitando-o ao valor da inflação. Apesar de se ter demitido da sua função no final da semana passada, Vasconcelos disponibilizou-se para ir ao parlamento explicar o seu ponto de vista, como presidente demissionário, e a comissão de economia manteve a audição.
Este expediente é uma subtileza legal nunca utilizada e que teve como único efeito impedir a discussão no parlamento.
O Bloco de Esquerda reagiu, denunciando esta intervenção do governo que impede a autonomia de decisão do parlamento e que procura proibir a discussão de uma matéria de enorme importância para todos os consumidores, visto que podem vir a pagar mais 6% por ano durante os próximos 10 anos.
A Comissão de Economia, por proposta do Bloco de Esquerda, deliberou pedir explicações ao ministro, mas o PS impôs um adiamento para Janeiro da votação de um outro requerimento do Bloco para ouvir Jorge Vasconcelos, agora a título individual.
Depois das rabanadas e das filhós!!!
Mas, os escândalos sucedem-se à velocidade da luz.
Vítor Constâncio, depois de andar a pedir aumentos de impostos e reduções do rendimento dos portugueses, sempre a dizer aquilo que o governo queria ouvir, pemitiu que uma empresa instrumental do Banco de Portugal fizesse um negócio, e que à custa da delapidação do património público permitisse o enriquecimento fácil de terceiros.
Coincidência das coincidências, há suspeitas de comissões para um administrador do Banco de Portugal.
Operação Furacão, Operação Apito, ..............é só operações!!!!
Será que o doente aguenta tanta anestesia?
Será que há mais alguma Maria José Morgado que tome conta disto?
Decididamente, tudo isto já cheira mal, muito mal.
Estão a cair de podres!!!

terça-feira, dezembro 19, 2006

Sancho e os Minimeus

Pelo Natal, os cinemas enchem-se de público ávido de filmes de animação. Os realizadores, as produtoras e as distribuidoras sabem que o negócio resulta.
É o momento de levar as crianças ao cinema.
O cardápio dos filmes em exibição, confirma o «apetite» das famílias e a oportunidade dos produtores em conseguirem boas receitas.
A lamechice dos argumentos, nalguns dos filmes, é a mesma de sempre. Nada se alterou desde os tempos do Walt até Stefen Frangmeier. Incorporaram-se efeitos especias e os «bonecos» confeccionados em computador, em simultâneo com actores reais, lá estão para gáudio de crianças e graúdos, apreciadores do género.
Um dos filmes que mais tem conseguido «arrastar» público, este Natal, é o Artur e os Minimeus.
Depois do desaparecimento do avô do rapaz, Artur, o herói do filme, toma em mãos a «difícil» missão de salvar o património da família da cobiça dos agentes imobiliários.
É quando, é informado de que o avô lhe deixou pistas que o conduzem a um tesouro.
Descobre, então, uma passagem para um mundo povoado por misteriosas e pequenas criaturas, tão pequenas que há quem as torne invisíveis.
Pede-lhes ajuda, mas o lugar mágico está sob a ameaça de um terrível feiticeiro.
O jovem junta-se a uma bela princesa e ao exército dos «invisíveis».
O jovem vai aprender que, por vezes, são os mais pequenos heróis que fazem a maior das diferenças.
Em vez do herói se chamar Artur, bem poderia ser Sancho.
É que, pelas terras da Ribeirinha, a ficção é bem real.
Quem faz e constrói a História são os ditos invísiveis, os que podem ajudar a encontrar o «tesouro», se assim o quiserem.

A ficção pode ajudar e muito, a realidade!



«Num filme o que importa não é a realidade, mas o que dela possa extrair a imaginação», Chaplin , Charles

Não dá para acreditar!

No centro da cidade da Guarda, na Rua Comandante Salvador do Nascimento, há uma lixeira a céu aberto.
As imagens não enganam.

É uma das ruas mais movimentadas da cidade, dá acesso a uma escola secundária com 3 .º ciclo e à Praça Luís de Camões (Praça Velha) onde se situa a Sé da Guarda.
Se a lixeira é um péssimo exemplo ecológico que dizer do passeio, se é que se pode chamar passeio. São apenas 30cm de espaço para os peões!!!!


Quem consegue circular por aquele pseudo passeio?
Ninguém.
Os peões são obrigados a circular no meio da rua.
Se a solução fosse o passeio do outro lado da rua já não era mau de todo.
Mas, o passeio do outro lado só VAI ATÉ METADE DA RUA!!!!!
Caricato!!!
VERGONHOSO!
Já agora, seria pedir muito à Câmara que colocasse uma barreira protectora para evitar que algum peão caia na lixeira?
Já sabemos que não esconde a vergonha da lixeira, mas evita danos bem piores para além do cheiro nauseabundo e do atentado à saúde pública.
Que diz a tudo isto a Delegada de Saúde? E a protecção Civil?
Quem cala..............

sábado, dezembro 16, 2006

A Frase da Semana


Em Janeiro, os Guardenses vão ter mais uma prenda no sapatinho.
O executivo camarário «decidiu» aumentar o preço da água em 30%.
Ou seja, num ano de «governação» já é o segundo aumento.
A este ritmo, no final do mandato, devemos ter, pelo menos, oito (8) aumentos!!!
O executivo PS deve estar a preparar-se para entrar no Guinness World Records.
Mas, não entrará no célebre livro, apenas, pela vertiginosa subida do preço da água.
O presidente habilita-se a «destronar» o emblemático Santana Lopes.
Depois das justificações sobre centros comerciais, eis que surge mais uma frase digna de almanaque de Borda d'água.
Então, não é que o senhor justifica a subida do preço da água desta forma: «só sentindo o aumento do preço é que os cidadãos se apercebem que têm de economizar a água. Só quando «sentimos» um custo acrescido é que conseguimos ter uma atitude de racionalização no consumo».
Argumento digno do princípio de Pareto (também conhecido como princípio 80-20), segundo o qual, para muitos fenómenos, 80% das consequências advém de 20% das causas.
Temos, de facto, uma «nova» teorização económica para o consumo da água.
Prémio Nobel para o senhor presidente.
Saberá o edil que a água é um bem de 1.ª necessidade? Saberá ainda que o consumo de água é um indicador do bem-estar das populações? Saberá que a água é um bem NATURAL, não é resultado de nenhuma produção? Saberá que com o agravamento em tantos e tantos bens, já anunciados para 2007, muitas famílias não terão capacidade financeira para suportar tais aumentos? Saberá que a rede pública de abastecimento de água tem um desperdício de 30% ? Saberá que os contadores estão obsoletos e, também eles aumentam o desperdício?
Tudo isto a Câmara escamoteia.
Será que o senhor também justifica a subida do aluguer dos contadores em 10%, e o aumento em 50% no valor do tratamento dos resíduos sólidos como forma de racionalizar?
Racionalizar o quê?
Será que os Guardenses vão ter mesmo é de abdicar da sua higiene, da sua alimentação, a BEM dos interesses da empresa das águas do Zêzere e do Côa?
Não foi a empresa que veio dizer que «exigia» em 2007 mais 80 a 90 mil euros pelos serviços prestados?
Ou seja a racionalidade de que se fala tem sempre a mesma razão, interesses económicos das empresas «contratadas» pela Câmara.
Tomar banho? Só uma vez por semana, pois só se lavam os porcos, é o lema do executivo.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

O Que Fizeram do Natal


Natal.
O sino longe toca fino,
Não tem neves, não tem gelos.
Natal.
Já nasceu o deus menino.
As beatas foram ver,
encontraram o coitadinho
mais o boi mais o burrinho
e lá em cima
a estrelinha alumiando.
Natal.
As beatas ajoelharam
e adoraram o deus nuzinho
mas as filhas das beatas
e os namorados das filhas,
foram dançar black-bottom
nos clubes sem presépio.

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, dezembro 12, 2006

Este Natal


— Este Natal anda muito perigoso — concluiu João Brandão, ao ver dois PM travarem pelos braços o robusto Papai Noel, que tentava fugir, e o conduzirem a trancos e barrancos para o Distrito.
Se até Papai Noel é considerado fora-da-lei, que não acontecerá com a gente?
Logo lhe explicaram que aquele era um falso velhinho, conspurcador das vestes amáveis.
Em vez de dar presentes, tomava-­os das lojas onde a multidão se comprime, e os vendedores, afobados com a clientela, não podem prestar atenção a tais manobras. Fora apanhado em flagrante, ao furtar um rádio transistor, e teria de despir a fantasia.
— De qualquer maneira, este Natal é fogo — voltou a ponderar Brandão, pois se os ladrões se disfarçam em Papai Noel, que garantia tem a gente diante de um bispo, de um almirante, de um astronauta?
Pode ser de verdade, pode ser de mentira; acabou-se a confiança no próximo.
De resto, é isso mesmo que o jornal recomenda: "Nesta época do Natal, o melhor é desconfiar sempre”.
Talvez do próprio Menino Jesus, que, na sua inocência cerâmica, se for de tamanho natural, poderá esconder não sei que mecanismo pérfido, pronto a subtrair tua carteira ou teu anel, na hora em que te curvares sobre o presépio para beijar o divino infante.
O gerente de uma loja de brinquedos queixou-se a João que o movimento está fraco, menos por falta de dinheiro que por medo de punguistas e vigaristas.
Alertados pela imprensa, os cautelosos preferem não se arriscar a duas eventualidades: serem furtados ou serem suspeitados como afanadores, pois o vende­dor precisa desconfiar do comprador: se ele, por exemplo, já traz um pacote, toda cautela é pouca. Vai ver, o pacote tem fundo falso, e destina-se a recolher objetos ao alcance da mão rápida.
O punguista é a delicadeza em pessoa, adverte-nos a polícia. Assim, temos de desconfiar de todo desconhecido que se mostre cortês; se ele levar a requintes sua gentileza, o melhor é chamar o Cosme e depois verificar, na delegacia, se se trata de embaixador aposentado, da era de Ataulfo de Paiva e D. Laurinda Santos Lobo, ou de reles lalau.
Triste é desconfiar da saborosa moça que deseja experimentar um vestido, experimenta, e sai com ele sem pagar, deixando o antigo, ou nem esse.
Acontece — informa um detetive, que nos inocula a suspeita prévia em desfavor de todas as moças agradáveis do Rio de Janeiro. O Natal de pé atrás, que nos ensina o desamor.
E mais. Não aceite o oferecimento do sujeito sentado no ônibus, que pretende guardar sobre os joelhos o seu embrulho.
Quem use botas, seja ou não Papai Noel, olho nele: é esconderijo de objetos surrupiados.
Sua carteira, meu caro senhor, deve ser presa a um alfinete de fralda, no bolso mais íntimo do paletó; e se, ainda assim, sentir-se ameaçado pelo vizinho de olhar suspeito, cerre o bolso com fita durex e passe uma tela de arame fino e eletrificado em redor do peito.
Enterrar o dinheiro no fundo do quintal não adianta, primeiro porque não há quintal, e, se houvesse, dos terraços dos edifícios em redor, munidos de binóculos, ladrões implacáveis sorririam da pobre astúcia.
Eis os conselhos que nos dão pelo Natal, para que o atravessemos a salvo.
Francamente, o melhor seria suprimir o Natal e, com ele, os especialistas em furto natalino. Ou — idéia de João Brandão, o sempre inventivo — comemorá-lo em épocas incertas, sem aviso prévio, no maior silêncio, em grupos pequenos de parentes, amigos e amores, unidos na paz e na confiança de Deus.
Carlos Drummond de Andrade
(14-12-1966)

Recuo no Encerramento dos SPA'S no distrito da Guarda


Afinal, não se verificou o encerramento nocturno dos SPA'S, nos concelhos de Aguiar da Beira, Almeida, Celorico da Beira, Fornos de Algodres, Pinhel, Trancoso e Sabugal.
O Ministério da Saúde, a ARS do Centro e a Direcção Regional de Saúde da Guarda deram o dito por não dito.
Felizmente, houve bom senso.
O Ministério da Saúde e os serviços regionais tinham «anunciado» o dia 4 de Dezembro, como a data para o encerramento dos serviços nocturnos dos SPA'S, só que Fernando Regateiro, presidente da ARS do Centro, veio dizer que afinal, «aquela data era apenas uma data de trabalho e não uma data definitiva para nenhum dos SPA'S».
Mas então para quê tanta «conversa» para os jornais, a marcar 4 de Dezembro como data de encerramento dos SPA'S naqueles concelhos?
Quiseram apenas assustar e medir o pulso às populações?
Se foi esse o objectivo, fique o senhor Regateiro, e toda a equipa do Ministério do senhor Correia sabendo que o Carnaval para estas paragens ainda vem longe e, com a saúde, como com outros direitos, não se brinca.
Para já não há encerramento. Felizmente, para bem dos cidadãos daqueles concelhos.
Até quando?

quinta-feira, dezembro 07, 2006

Dez coisas a fazer

O aquecimento global vai ser responsável, nos próximos dois séculos, por um aumento dos incêndios florestais, secas e inundações, segundo opinião de cientistas.
Haverá ainda perda de água doce no Sul da Europa e Oeste de África.
O efeito estufa, causado pela queima de combustíveis fósseis, tornou-se a maior ameaça para o planeta Terra.
Apesar disso, os EUA recusaram-se a assinar o Protocolo de Kyoto de proteção ao clima.
A queima de carvão, óleo e gás, as intensas atividades agrícolas e a devastação florestal emitem gases que causam o efeito estufa na atmosfera quando entram em contato com o calor solar. Este efeito gera um aumento na temperatura global assim como mudanças nos padrões de precipitação.
Se não for tomada nenhuma medida urgente, fenómenos climáticos extremos como inundações, secas e tempestades tornar-se-ão mais frequentes, causando prejuízos de ordem social, ambiental e económica.
Evitar uma mudança climática catastrófica significa manter o aumento da temperatura abaixo de 2°C.
Mesmo assim, ainda haverá impactos significantes nos ecossistemas e milhões de pessoas estarão ameaçadas pelo risco do aumento da fome, malária e inundações e escassez de água.
Uma acção internacional imediata deve ser tomada para reduzir a emissão de gases, ou o mundo pode enfrentar danos irreversíveis no clima global num curto prazo.
O Protocolo de Kyoto, o acordo sobre o clima que foi assinado em novembro de 2001 em Marrakesh, transformou-se em lei em fevereiro de 2005.
Este acordo não apenas exige que os países industrializados reduzam a emissão de gases poluentes durante um “primeiro período de compromisso", em 5,2% até 2012, em relação aos níveis de 1990, mas também recomenda que a comunidade internacional inicie as negociações para os próximos períodos de compromisso, dando um passo em frente na luta contra o efeito estufa.
O protocolo de Kyoto foi ratificado por 141 países, inclusive o Canadá, China, Índia, Japão, Nova Zelândia, Rússia e países da União Europeia.
Os Estados Unidos, o maior emissor de gases poluentes, decidiu não assinar o protocolo.
Com apenas cinco por cento da população do mundo, os EUA é responsável pela emissão de 25 por cento do principal gás poluente, o gás carbónico.
A decisão do governo Bush de se retirar do Protocolo de Kyoto foi baseada em estudos sobre o impacto económico dos compromissos de Kyoto, e não em trabalhos científicas sobre a mudança climática.
A campanha de Bush para presidência foi apoiada e financiada pelas maiores empresas de petróleo dos EUA, que fizeram campanha contra o Protocolo e se opõem a qualquer redução na emissão de gases poluentes. No comando dessas corporações está a maior companhia de petróleo do mundo, a Exxon Mobil.
"Dez Coisas A Fazer" foi o alerta lançado pelo Oceanário de Lisboa para ajudar a combater o aquecimento global e uma excelente oportunidade para alertar as consciências para as alterações climatéricas.
Um pequeno gesto poderá ajudar a combater o aquecimento global:
01 - Mudar uma lâmpada - substituir uma lâmpada normal por uma lâmpada florescente poupa 68 Kg de carbono por ano;
02 - Conduzir menos - caminhar, andar de bicicleta, partilhar o carro ou usar os transportes públicos com mais frequência. Poupará 0,5 Kg de dióxido de carbono por cada 1,5 Km que não conduzir!
03 -Reciclar mais-pode poupar 1.000 Kg de dióxido de carbono por ano reciclando apenas metade do seu desperdício caseiro;
04 - Verificar os pneus - manter os pneus do carro devidamente calibrados pode melhorar o consumo de combustível em mais de 3 %. Cada 4 litros de combustível poupado retira 9 Kg de dióxido de carbono da atmosfera!
05 - Usar menos água quente - aquecer a água consome imensa energia. Usar menos água quente instalando um chuveiro de baixa pressão poupará 160 Kg de CO2 por ano e lavar a roupa em água fria ou morna poupa 230 Kg por ano;
06 - Evitar produtos com muita embalagem ( Produtos Amway)- pode poupar 545 Kg de dióxido de carbono e reduzir o lixo em 10 %;
07 - Ajustar o termostato - acertar o termostato apenas dois graus para baixo no Inverno e dois graus para cima no Verão pode poupar cerca de 900 Kg de dióxido de carbono por ano;
08 - Plantar uma árvore - uma única árvore absorve uma tonelada de dióxido de carbono durante a sua vida;
09 - Seja parte da solução - aprenda mais e torne-se activo em www.climatecrisis.net
10 - Espalhe a mensagem! - incentive os amigos a ver "Uma Verdade Inconveniente", um filme sobre a problemática do aquecimento global e, a tornar quotidiano pequenos hábitos saudáveis.
O futuro do planeta está seriamente ameaçado.

terça-feira, dezembro 05, 2006

O princípio do Fim

Dia 4 de Dezembro de 2006 fica marcado pelo encerramento do serviço de atendimento nocturno, em vários concelhos do distrito da Guarda: Celorico da Beira, Trancoso, Sabugal, Aguiar da Beira, Almeida, Fornos de Algodres.
Dos catorze centros restarão apenas 3 em todo o distrito.
Algumas autarquias avançam com providências cautelares.
O encerramento do serviço de atendimento permanente é exclusivamente economicista.
A coordenadora da Administração Regional de Sáude da Guarda, a responsável pelo desenho do mapa dos serviços de atendimento no distrito, disse taxativamente, «é menos dispendiosa uma deslocação para o serviço médico de um dos três centros do que manter o atendimento nocturno».
Palavras para quê? A óptica empresarial, na sua plenitude, aplicada pela actual equipa do Ministério da Saúde.
Ou seja, um doente não é um ser Humano, mas sim um custo sem «retorno financeiro».
Alguém tinha dúvidas?

TLEBS


Uma amiga, professora no Porto, contou-me que o ME (Ministério da Educação) «mandou» um tlebso-iluminado fazer uma formação à escola onde ela lecciona.
Ao longo da dissertação, o iluminado formador, e de entre algumas particularidades, deu como exemplo de palavras homónimas: «sede» («quero beber porque tenho sede») e «sede» («a sede do FCP é no Porto»), que são na realidade homógrafas.
Também disse que os substantivos terminados em "o" eram masculinos; foi-lhe perguntado como se classificava "nómada" e o iluminado respondeu prontamente que não se dão exemplos desses aos alunos.
Tratar as criancinhas como se fossem atrasadas mentais?
Esta é a maneira original de fazer e explicar gramática ou seja lá o que lhes querem chamar agora?
Só que também não explicou o que se faz com "dia" e tantos outros substantivos, ou quantificadores ou lá o que é, ligados a profissões: o pianista, o electricista.
Se o «tlbeso oficial» não sabe, quem sabe?
Assim vai o ensino da Língua Portuguesa.

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Filhos de um Deus menor


Assinalou-se dia 3 de Dezembro, O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência.
A Associação Portuguesa de Deficientes (APD) diz não haver "quaisquer razões para comemorar", tendo em conta a existência de "retrocessos consideráveis no processo de inclusão social".
"No Dia Internacional das Pessoas com Deficiência o panorama actual e do futuro próximo não podia ser mais desolador. As pessoas com deficiência não têm quaisquer razões para comemorar. A hora é de luto e de luta", conclui a APD.
Em comunicado, a APD afirma que "o panorama da situação actual e do futuro próximo não podia ser mais desolador, nomeadamente a nível da educação, do emprego, das prestações sociais e das barreiras físicas e de informação nas ruas e nos edifícios públicos".
A Associação critica igualmente "o fim anunciado dos benefícios fiscais", previsto no orçamento do Estado para 2007, alegando que "muitos trabalhadores com deficiência não serão capazes de fazer face às despesas que decorrem das desvantagens sociais que enfrentam e, por isso, verão seriamente comprometida a inclusão no mercado de trabalho".
Anunciam-se "95 medidas" num Plano de Acção para a Integração das Pessoas com Deficiências ou Incapacidade 2006-2009.
Mais um Plano.
Já no tempo do governo de Guteres foi aprovada legislação que previa a obrigatoriedade de todos os edifícios públicos, a construir, não tivessem barreiras físicas; previa-se igualmente a eliminação progressiva em todos os edifícios públicos das barreiras existentes.
Só legislação para Português ler, na prática NADA!!!
O «novo» plano, prevê a extensão da escola inclusiva até ao Ensino Superior e o aumento em 30 por cento das valências sociais nesta área.
Mais e mais conversa da treta......
Com todas as Instituições de Ensino a sofrerem cortes orçamentais drásticos, quem acredita nesta «propaganda»?
O plano prevê a concretização de um programa nacional de promoção das acessibilidades, tendo em vista a eliminação gradual das barreiras físicas e tecnológicas.
Mais demagogia.
Terão as câmaras sensibilidade para o problema?
Terão as câmaras vontade de eliminar as barreiras físicas, a começar desde logo por uns simples passeios que possibilitem a circulação livre e segura dos cidadãos portadores de dificuldades de locomoção?
Estarão as empresas prestadoras de serviços, EDP, CTT, Estradas de Portugal «dispostas» a «limpar» todas as barreiras colocadas nos passeios, desde postes de iluminação, marcos de correio, sinais de trânsito, etc....?
Não acreditamos.
Era preciso, acima de tudo, sensibilidade e cultura. Coisas que escasseiam nas mentes dos decisores políticos e económicos deste País.
Anuncia-se o ano de 2009 como o limite para que as medidas sejam concretizadas.
Assim como, a de fazer aceder à formação profissional "públicos" que não conseguem até agora integrar estes programas com regularidade, assim como criar "novos programas de emprego protegido para aqueles que não conseguem trabalhar em meio normal de trabalho".
Anuncia-se!!!
Montesquieu, comparou o governo despótico à atitude atribuída aos selvagens da luisiânia que, quando queriam colher frutos, derrubavam as árvores (Esprit des Lois, livro V, Cap. XIII, ed. Paris, 1856, p.51).
Há que mudar de rumo...

domingo, dezembro 03, 2006

Polis no Rio Diz - uma miragem


Começou por ser um dos projectos mais arrojados do programa Polis.
Porém, e ao fim de seis anos, o ambicioso Parque Urbano do Rio Diz acabou por ser uma miragem para os guardenses.
Inicialmente devia estar concluído no final de 2004, mas, até agora, pouco ou nada se fez naquela área de 85 hectares ao longo do rio Diz.
Esperavam os guardenses uma nova «imagem» para toda aquela área.
Mas, muito pouco foi feito.
Há uma estrutura metálica que não reúne as condições mínimas de conforto para a realização de quaisquer eventos.
Teria sido cópia de algum outro equipamento?
Pensar-se numa estrutura daquelas para o clima da Guarda é no mínimo acefalia.
Caso patológico concerteza.
Qual a razão da sua existência?
Mais um equipamento que se vai deteriorando e sem o «respectivo retorno financeiro».
Quantos eventos já se realizaram naquele espaço?
É de facto, mais um exemplo da péssima planificação, gestão e execução do Polis.
E o parque infantil?
As obras nunca mais param. Será que algum dia irão parar???
O parque infantil foi construído numa linha de água.
Há estudos que apontam para a dificuldade em drenar toda a área do parque, sabendo-se da existência de um lençol freático na zona.
Não foram acautelados todos estes problemas.
Qual o resultado?
As obras nunca mais têm fim.
Mas, se algum dia acabarem, todo o equipamento poderá estar ameaçado, com um elevada probabilidade de sofrer uma deterioração mais acentuada.
Mas, muito pior que a deterioração do equipamento será a segurança das pessoas que poderá estar em risco.
Uma situação de risco não calculada!!!!
Recorde-se que a empreitada estava orçada em cerca de dois milhões de euros.
Enquanto já vai a derrapagem?
Projectou-se para aquela área a construção do Museu da Água, um Centro de Interpretação da História de Portugal, um Museu dos Têxteis, um Jardim da Ciência, lagos artificiais com docas para gaivotas, uma praia fluvial, vários percursos pedonais e de bicicleta, uma área comercial e vários parques de estacionamento.
Onde estão todos estes projectos? No papel!!!!!
Bem no papel e também quando chove.
Sempre que chove, a zona ganha um novo "equipamento": umas autênticas "piscinas".
Desde que a chuva apareça, os percursos os relvados e as zonas de recreio na área onde está a ser implementado o parque de lazer, transformam-se em lagos, mas naturais.
As margens do Rio Diz são demasiadamente pequenas para suportar as enxurradas. As inundações acontecem e a quantidade de água que ali fica estancada apresenta a forma de piscinas contínuas. Uma situação que não se registará mais quando as obras terminarem, garantia o administrador da PolisGuarda, o actual presidente da Câmara.
Todo o projecto não passou de uma miragem, de esquissos para propaganda eleitoral.
Assim, se enganam os eleitores!!!
Benefícios para quem? Para a cidade não, seguramente!!!
Já agora, as luzes que foram colocadas numa das poucas passadeiras da estrada do Rio Diz, também fazem parte da intervenção do Polis? Não as vemos noutras passadeiras da cidade, também necessitadas de sinalização.
A sinalética colocada nas passadeiras da estrada do Rio Diz até nem foi mal pensada!!!
Lembram o Natal!!!
Assim, será sempre Natal e não quando o Homem quiser!!!!

sábado, dezembro 02, 2006

A Frase da Semana


Na sessão solene comemorativa dos 807 anos da Guarda, o ex-ministro da educação do governo de Marcelo Caetano, diplomata depois do 25 de Abril, Veiga Simão, natural de Prados, concelho de Celorico da Beira, disse que « É tempo da Guarda ser Guarda».
Ficamos sem saber a que Guarda se referia o senhor conferencista, convidado da autarquia para a sessão solene.
À Guarda dos tempos do Rei «Povoador»?
À Guarda dos arcebispados que foi infiel ao Rei de Portugal e preferiu aliar-se a Castela?
À Guarda dos anos 60 e 70, do século XX, que empurrou os seus filhos para a gesta dos «descobrimentos» das terras de França, à procura do pão que lhe era negado por um governo déspota;
À Guarda da demagogia que tudo tem retirado aos seus cidadãos?
À Guarda do tempo da vacas gordas, Fundos Comunitários, que tudo permitiu menos o desenvolvimento do concelho?
Só que agora chegou o tempo das vacas magras!!!
E agora José?
Horas?
Nos colóquios de espelho nunca é tarde nem é cedo nem hora certa sequer, quem me ensinou isto foi o reverendo Lewis Carrol que tinha a mania dos vidrinhos às cores.
Se calhar ...
Por isso que estes exercícios, se a gente não tiver cuidado, acabam num ritual que não interessa nem ao Menino Jesus. Um ritual, José, onde o padecente, em vez de incenso se esfumaça em nicotina. Em vez de incenso, tabaco, em vez de hossanas, Provocações, e às duas por três, se a gente não mete travões, esta coisa, este frente-frente, acaba numa auto- contemplação. Ou numa autoflagelação, para o caso tanto faz. Porque aqui tudo se passa entre o indivíduo e as suas imagens e, curiosamente, numa conversa muda que sabe tanto a círculo vicioso como este cigarro que eu tenho nos dedos. Fumo-o e ele fuma-me, estás a ver?
Não, nisto de alguém se interrogar ao espelho, olhos nos olhos, é consoante. Tem muitos ângulos - e tu estás aí, que não me deixas mentir. Vários ângulos. Há quem procure, santa inocência, fazer um discurso de silêncio capaz de estilhaçar o vidro e há quem espere receber, por reflexo da própria imagem, algum calor animal que desconhece. Seja como for, o que dói, e assusta, e é triste e desastradamente cómico neste exercício, é o pleonasmo de si mesma em que a pessoa se transforma. Repete-se. Se bem que com feroz independência (todo o seu esforço é esse) repete-se em imagens controversas que a possam explicar.
Pá, apaga-me essas rugas. Riscam o espelho, não vês?
Cardoso Pires por Cardoso Pires, entrev. de Artur Portela, 1ª edição, Publicações D. Quixote, 1991, 124 p., pp. 89-94

O Olhar

O Jumento publicou fotos sobre o Olhar. Aqui ficam algumas:






Para quem quiser ver mais, aqui fica o link.

quarta-feira, novembro 29, 2006

terça-feira, novembro 28, 2006

A entrevista


Os três semanários da cidade, «presentearam» os seus leitores, com uma entrevista ao presidente da Câmara da Guarda.
Logo os três!
Se a razão fosse os 807 anos da cidade, ouvir o presidente da Câmara não era mal pensado, desde que se ouvisse, também, toda a oposição e não só uma parte.
Mas, só um semanário dá como justificação a comemoração dos 807 anos.
Outro, justifica a entrevista com o título: «Quatrocentos dias de mandato»!
Quer dizer que aos 800 haverá outra e aos 1000 outra ainda!!!
Estranho!!!
Por último o outro semanário, diz em título: «J.V. em entrevista após um ano à frente da Câmara da Guarda»!!!
Cada um escolhe o melhor título para justificar a entrevista!
Deixemos o motivo das entrevistas e analisemos o mais importante - a entrevista.
Ou seja vamos tentar perceber o que foi dito mas, também, e principalmente, o que não foi dito.
Em primeiro lugar, fica-se com a ideia que a entrevista foi concedida em simultâneo aos três jornais.
Logo, não foi uma entrevista a cada jornal, mas sim, uma conferência de imprensa.
O que foi dito pelo presidente, é muito pouco, nuns casos vago, noutros confuso, sem ideias estratégicas para um concelho que, dia após dia, tudo perde quer por inércia do poder local, quer por imposições do poder central, dos «lobbies» regionais que vão, cada vez mais, tendo maior peso do que as «amizades» e as «magistraturas de influência».
Escudou-se no chavão da «crise» nacional, sem no entanto, apresentar soluções, ou seja sem criatividade.
A «entrevista», resume-se a dois pontos:
- finanças da autarquia;
- desenvolvimento do concelho.

As respostas que o senhor presidente dá para estes dois temas são repetitivas, não acrescentando nada ao que já tinha dito noutras alturas.
Quanto a finanças:
Ficamos a saber (não era já do domínio público?), que a situação financeira da Câmara é caótica.
Quando, questionado sobre os compromissos da Câmara, na ordem dos 80 milhões de euros e tendo apenas receitas de 30 milhões de euros, onde pensava o presidente ir buscar 50 milhões que faltam, tendo em conta que o celebérrimo Contrato de Reabilitação Financeira, o tal do «barro atirado à parede», também falhou, a resposta não pode tranquilizar ninguém. «É um processo que tem de ser progressivo ao longo dos anos. Mas consegue-se, por um lado, na diminuição das despesas correntes e, por outro, no aumento de receitas. Isso é linear e é a preocupação que temos que ter no futuro, o sermos bastantes selectivos em termos de investimento.», ou seja diminuir custos e aumentar receitas.
Claro, senhor presidente, essa resposta é mesmo linear e trivial.
Só que reduzir custos como? diminuir o número de funcionários da Câmara?
E, como reagiria a «sua» clientela política?
Aumentar receitas?
Bem pode fazê-lo se estiver a pensar na especulação imobiliária, na alteração do PDM, para dar resposta à ganância de uns quantos, no aumento dos impostos, isto é, onerar mais os poucos cidadãos que vão resistindo à fuga para o litoral, onde tudo existe, pago, também, por nós, cidadãos do interior.
Quando questionado sobre erros da autarquia no que concerne a investimentos e, em ter gasto mais do que aquilo que poderiam gastar, a resposta é elucidativa.
«Isto é um processo que vem de há muitos anos. Os encargos com o pessoal aumentaram, as receitas não aumentaram, o investimento foi sempre feito, recorrendo ao financiamento e aumentando o endividamento».
Ou seja, foram 30 anos de governo PS.
Depois, havia que criar uma clientela partidária, uma «família», que fosse a base de apoio da sustentabilidade da governamentação PS. Instrumentalizou-se, partidariamente, a contratação de pessoal. Perpetuou-se a subserviência da clientela através de sucessivos «concursos» com destinatários próprios, personalizados, não olhando a competências, mas ficando-se pela «postula» de interesses inconfessáveis.
Ou seja tachos distribuídos pelos «amigos»!!!
Em termos de encargos com pessoal, será de admitir que acabaram, na Câmara da Guarda, as «horas extraordinárias», para «certos» funcionários? Receber horas extraordinárias, pelo trabalho não realizado é no mínimo depauperar, abusivamente, as finanças públicas.
E, será que os «funcionários da carreira» vão estar mesmo ao serviço?
Estas e outras situações importa que terminem, para o bom nome da instituição e principalmente para a credibilidade de um serviço que deve ser exemplar, isto é de «excelência».
Aliás, senhor presidente, é o senhor que diz «O autarca e as autarquias do presente e do futuro vão, fundamentalmente, dar enfoque a um bom serviço ao cidadão na manutenção e conservação urbana de qualidade, criar padrões de vida na sua cidade, tornar as cidades competitivas e atractivas. Penso que vai ser esta a grande preocupação dos autarcas
Pensa o senhor e exigimos todos.
Só que, infelizmente, senhor presidente não é isso que se verifica.
O bom serviço ao cidadão na manutenção e conservação urbana de qualidade não é, supostamente, tratar o património cultural da forma que a autarquia tem tratado os jardins, os espaços verdes(onde os há), o Parque da cidade, o Centro Histórico, as ruas, avenidas e passeios. Ou seja, proporcionar qualidade de vida aos cidadãos.
Onde está o padrão de vida?
Chama padrão de vida à ausência de transportes públicos entre os vários bairros da cidade? Chama qualidade de vida obrigar os cidadãos a utilizar viatura prória, transformando a circulação e estacionamento na cidade num verdadeiro caos?
Chama qualidade de vida ao estado calamitoso do piso das estradas?
Chama qualidade de vida às frequentes inundações nas rotundas da VICEG?
Chama qualidade de vida à falta de emprego para os jovens do concelho?
Chama qualidade de vida à ETAR que lança um cheiro nauseabundo para toda a área envolvente?
Chama qualidade de vida a um concelho, onde cada vez mais abrem centros de dia e se encerram escolas?
Chama qualidade de vida à redução dos transportes entre as freguesias e a sede do concelho, sabendo-se que os principais utilizadores são cidadãos de fracos recursos e idosos?
Chama qualidade de vida a uma cidade que ainda reclama o epíteto de capital de distrito, mas cada vez mais perde serviços, na área da saúde, segurança, ensino, obrigando os seus habitantes a terem de procurar os serviços noutro distrito?
A situação no concelho, não é de modo nenhum «um padrão de vida» que os seus cidadãos merecem.
Mas desiludam-se os mais optimistas por que 2006 não foi o "annus horribilis"da Guarda.
Ou seja, em 2007 muito pouco ou nada será projectado e executado e pior, vão-se deteriorar as estruturas existentes.
«O ano de 2007 vai continuar a ser um ano difícil sob o ponto de vista financeiro. É o ano das candidaturas ao próximo Quadro Comunitário. Mas espero mais do que em 2006, embora tenha a noção de que continuará a ser um ano difícil em termos da resolução do desequilíbrio orçamental. », palavras do presidente.
Começar a preparar as candidaturas aos fundos comunitários, o dinheiro faz falta, para depois alargar os cordões à bolsa em período próximo das eleiçoes autárquicas.
O «filme» repete-se.
Já «passou» no palco da vida dos cidadãos do nosso País!!!
Aliás, a actuação da câmara é em tudo à imagem e semelhança do poder central, do governo de Sócrates.
Nem faltou a célebre citação «até porque a economia, começa a dar sinais de alguma retoma», só faltou mesmo a célebre citação à ministro Pinho, «o fim da crise»!!!!
E, até na abordagem aos problemas, a receita é «copy and past» da do poder central.
Vender o património para depois aumentar os impostos, é a palavra de ordem.
Quando confrontado com a questão de se saber se houve redução da dívida, a resposta foi lapidar: «Em termos de instrumentos até aumentámos a dívida. Por várias razões, porque, tendo obras importantes em curso para a cidade, tivemos que recorrer a financiamento para fazer face a essas necessidades. Por outro lado, todas as obras que se façam vão contribuir para o aumento da dívida.»
Mas, senhor presidente, onde estão as chamadas «obras importantes» iniciadas pelo senhor?
Se o «em curso» quer significar obras a terminar, logo iniciadas pela sua antecessora, então está a colocar em causa toda a planificação e execução da anterior gestão camarária.
Grave, muito grave.
Não é o senhor que diz que conhecia toda a situação da câmara?
Mas, o rombo maior veio com o chamado caso «Quinta do Alarcão».
Quanto ao processo, o senhor não quis adiantar nada.
Claro, quem cala consente!!!
«O importante neste momento não é avaliar se foi bem ou mal conduzido. O processo foi devidamente acompanhado por advogados, mas, por vezes, nem sempre aquilo que parece é. Perante a opinião pública e a análise de um qualquer cidadão ou observador, os pressupostos que foram provados e aceites pelo Tribunal na avaliação violavam o Plano Director Municipal. O que parece um absurdo.». Será um absurdo senhor presidente?
E a permissão para o aumento da volumetria do prédio próximo à Quinta do Alarcão, não determinou uma maior valorização da zona? Não terá ele também violado o PDM?
Ainda no que diz respeito às finanças locais, ficou-se a saber que vai haver receitas «extraordinárias», melhor seria dizer «ordinárias», tal é a frequência com que o poder as utiliza para arrecadar verbas, para colmatar as derrapagens e a falta de liquidez financeira.
Venda de património.
Diz o senhor presidente que «Temos que ser bastantes criteriosos nestas questões. A Câmara tem equipamentos e bens que pode valorizar e esta poderá ser uma forma de obter receitas. Ou seja, um dos caminhos poderá ser a venda de algum património não necessário à actividade autárquica, valorizando esse património através de estudos da rentabilidade económica».
Aqui está a fórmula mágica.
Vão-se os anéis fiquem os dedos!!!
O Hotel Turismo, o «célebre» Matadouro, terrenos e equipamentos, tudo em venda.
Ou seja, a fórmula do costume, para «saldar» o défice de orçamento.
Só que o mais grave veio a seguir: «Há estudos feitos, mas o grande problema é que o seu uso neste momento não é para construção. Portanto o novo PDM e outros instrumentos de planeamento terão que ser implementados». «Também é uma hipótese e enquadra-se no exemplo que referi. Ainda está como Matadouro, pelo que é necessário retirar-lhe esse "título" para que possa ser vendável».
Ou seja, o objectivo da alteração do PDM é a construção.
É assim, no caso GuardaMall também o é no caso da venda do património. Tudo ligado!!!
Especulação imobiliária, ganância dos empreiteiros e construtores, submissão da câmara.
O encaixe financeira à custa do património público «cinco milhões de euros». «Durante os três anos do mandato poderei conseguir estas receitas».
Claro, tudo bem claro.
As trapalhadas para a alteração do PDM têm a lógica e a marca contabilistica do acervo à construção ilimitada.
Vender para depois construir, construir para aumentar as receitas do IMI.
O círculo e o circo estão bem delineados, calculados que nestas coisas de vendas há que ter todo o cuidado não vá o diabo (Tribunal de Contas) tecê-las!!!
É a lógica das autarquias sem cultura urbanística com um único objectivo, aumentar receitas sem olhar à requalificação e recuperação dos imóveis existentes.
Por fim, e querendo o cidadão contribuinte, o que não tem acesso às «contas claras», saber de quanto é a dívida da Câmara a curto, a médio e longo prazo a resposta foi «eloquente», «A dívida a curto e médio prazo será semelhante à de longo prazo. A soma das duas totalizará 45 milhões de euros».
Esclarecedor, não acham?
Senhor Presidente perdeu uma excelente oportunidade de ser claro com todos os cidadãos do concelho. Mais uma vez fugiu ao problema. Não há motivo para tal. Seja claro num assunto tão sério como este das dívidas.
Pedir muito?
-Desenvolvimento do concelho:
Neste capítulo, a actuação da Câmara foi mais um fracasso.
«Foi um ano que se iniciou com algumas expectativas centradas naquilo que poderia ser uma alavanca para o desenvolvimento de uma infraestrutura importante para a economia nacional, que era o projecto de parceria com o consórcio Novas Energias Ibéricas(...)
«(...) É claro que, para a cidade, foi uma grande perda, pois era a oportunidade de lançar a Plataforma Logística e a área industrial.»
Começou a Câmara por apostar forte num único parceiro, a Iberdrola do deputado do PS pelo círculo da Guarda, doutor Pina Moura.
Falhou o projecto, apesar da Câmara «ceder» os terrenos.
Quer dizer, apostou no cavalo errado, nesta corrida das energias.
A EDP ganhou à Iberdrola.
Quanto à PLIE, o mesmo.
Diz o senhor presidente que «Há alguns contactos e aproximações a várias empresas(...)», acrescentando logo de seguida «Portanto, não vai criar o emprego que muitas pessoas pensam».
Afinal a âncora do desenvolvimento do concelho falhou?
Mas de projecto em projecto, todos falhados, vai o cidadão assistindo atónito, à total derrocada do concelho em termos de desenvolvimento. Os empregos não surgem. A desilusão toma conta dos que acreditavam que era possível um concelho próspero e moderno. O fatalismo teima em ser um desígnio destas terras.
As obras são um verdadeiro pára- arranca, exemplos, o da Biblioteca Municipal, a conclusão da VICEG, a ligação da rotunda da Ti Joaquina à VICEG, os arruamentos dos Castelos Velhos, a ligação do Bairro Nossa Senhora de Fátima até à VICEG, a estrada do Rio Diz ..... .
Tudo adiado. Até quando?
Quanto à CulturGuarda, muda-se o modelo de gestão e « (...) Agora é preciso ser afinado e se se demonstrar que não foi o melhor, estamos a tempo de encontrar outro mais equilibrado para que as finanças do município não sejam agravadas como o estão a ser neste momento. O encargo com a CulturGuarda representa actualmente cerca de 900 mil euros e tem alguma relevância no orçamento da Câmara, mas é insustentável (...)»
A lógica é experimentar modelos de gestão. Mas será que o problema é só de gestão, senhor presidente?
Não existem mecanismos para apurar responsabilidades, para avaliar trabalhos, actividades e projectos, para exigir uma gestão de rigor e de controlo orçamental.
E, em termos de programação, apostar na formação cultural de um maior número de pessoas e não ser apenas pertença de uma «elite». Não seria tempo de apostar «na prata da casa» com muito menos custos e de igual ou superior qualidade?
Não há tempo para experiências e muito menos para projectos «pseudo vanguardistas».
Há falta de tempo e, principalmente de dinheiro!!!
«Temos que ser mais criteriosos na gestão.», diz o senhor presidente.
Mas não o foram? Grave.
«(...)O TMG tem de criar outra sustentabilidade para que se possa manter, porque não sendo assim a sua manutenção causa problemas(...)».
Ameaça de encerramento?
Não é isso que se exige. Exigi-se rigor em todos os actos, desde a gestão até ao mais pequeno pormenor. Por exemplo, senhor presidente, por que não acaba de vez com a distribuição gratuita de ingressos nos espectáculos? É que não são poucos, pelo que consta. Por que não acabar de vez com todos os privilégios e regalias de uns quantos? A gestão rigorosa dos espaços de lazer. É que constatar que a máquina do tabaco dava prejuízo, é muito grave. Mas não é só a máquina do tabaco há muitas outras bem mais onorosas.
O velho tema: Hospital.
Quanto a hospital novo, NADA!!!! Já foi!!!!
Diz o senhor presidente que «(...)Acredito que haverá um novo hospital pela via da requalificação e ampliação(...)».
Ou seja não é um Hospital novo mas sim um novo Hospital !!!
O trocadilho engana os mais incautos.
Bem senhor presidente, não o será para breve, pois a verba inscrita no PIDDAC para o próximo ano, no que diz respeito ao Hospital, não dá nem para consertar o bloco operatório que de tempos em tempos encerra por falta de condições. As inundações são mais que muitas. Degradação de materiais e pior, põe em risco a segurança dos doentes e do pessoal do hospital. Mas, mesmo a «nova» ampliação não oferece nenhuma segurança. Chove em muitos serviços. Espaços exíguos e sem a menor qualidade de funcionamento para doentes e pessoal hospitalar.
Mas logo a seguir, o senhor presidente faz futurismo: «(...) O que sei é que o futuro Hospital da Guarda vai ser candidatado no próximo Quadro Comunitário como um Hospital de ponta que dê resposta às valências que estão a ser acordadas no âmbito do Centro Hospitalar da Beira Interior e dando algum enfoque à investigação. Será uma estrutura de ponta em função da própria Faculdade de Medicina da UBI(...)».
Registámos a afirmação. Cá estaremos para confirmar se aquilo que o senhor «sabe», é ou não verdade.
Concordamos, senhor presidente que «(...) Nenhuma cidade pode ser atractiva se não tiver bons cuidados de saúde, o que lhe confere um competitividade importante(...)».
Absolutamente verdade, senhor presidente, sem investimento público não há nem pode haver desenvolvimento, não há nem pode haver atracção e competitividade. Mas, não se esqueça que nós, os cidadãos do interior pagámos a Expo, a ponte Vasco da Gama, o Metro do Porto, e outros investimentos todos localizados no litoral e agora vamos pagar a OTA e o TGV.
Será que ainda haverá espaço financeiro para «o futuro Hospital da Guarda»??
Duvidamos.
É que temos memória.
Recordamos o melodrama de há uns anos, poucos, da discussão dos terrenos e dos projectos para o «novo Hospital». Resultado? Nada. Apenas remendos e mais remendos sem qualidade.
Promessas e mais promessas!!!!
Quanto à Maternidade e às valências do Hospital da Guarda, no primeiro, fica-se pela «decisão política do 1.º ministro e do ministro da saúde», muito pouco para quem tem responsabilidades na defesa dos interesses das populações.
O mesmo quanto às valências, descartando responsabilidades para «(...)as negociações» entre as administrações hospitalares e a tutela(...)».
Ou seja, o mesmo de sempre, nada de compromissos nem tomadas de posição que «belisquem» as amizades.
Os interesses da região ficam para depois.
E, por que estamos a falar de saúde teria sido interessante conhecer a opinião do autarca, relativamente ao encerramento dos centros de atendimento permanente. Bem sabemos que é um assunto que afecta o distrito. Mas temos de ser solidários com as populações do «nosso» distrito. Ou será que a «nova regionalização» imposta por decretos, permite que não se fale em distrito?
Melhor exemplo, a «visão» do autarca sobre o ensino superior «(..) É possível apostar neste eixo de Castelo Branco, Fundão, Covilhã e Guarda(...) assim haja vontade política para o fazer. Será por aí que temos que seguir. (...)Portanto é preciso apostar em cursos que sejam um valor acrescentado para a economia regional e local(...), (...) a UBI continuará a ter importância que sempre teve no interior e será fundamental para criar este centro universitário do interior».
Dúvidas quem as tem, certezas são mais que evidentes?
Sobre o processo "Guarda Mall" nada explicou sobre o envolvimento da autarquia na sociedade com a TCN.
Estranho!!!
Quanto ao anunciado Fórum Theatrum e outros que se foram anunciando, a resposta a mesma de sempre, «Eu penso que o centro comercial que se vai localizar junto ao centro histórico é um factor positivo para essa zona e para os comerciantes, porque o comércio tradicional não interfere directamente com os centros comerciais. Todos nós precisamos de centros comercias e temos as nossas lojas de bairro(...)».
Brilhante senhor presidente!!! O senhor não tem lido os jornais nacionais nem os locais. Veja o que dizem os comerciantes, os do comércio tradicional, por exemplo da Covilhã.
As vendas caíram vertiginosamente com a abertura dos centros comerciais. Essa de que os centros comerciais não interferem com com o comércio tradicional nem o Engenheiro Belmiro de Azevedo se atreveria a tanto.
Quem quer acreditar no engodo???
Quanto a estacionamentos e, gorado mais um projecto, o do tão propagandeado estacionamento subterrâneo em frente à escola de Santa Clara, por falta de «interessados», dizem-nos, eis que é anunciada, para 2007, mais uma parceria esta com Associação Comercial da Guarda, para a construção de um parque num terreno situado nas traseiras daquela Associação, sendo que a própria Cãmara também contribuirá com um terreno na zona adjacente (inferior à Torre de Menagem) por forma a criar a área suficiente.
Será que o IPPAR sabe da situação? Está lá uma Torre de Menagem, sabiam?
Será que foi feito o devido estudo em termos de segurança, a poucos metros funciona uma escola, sabiam? e o impacto ambiental?
Resta saber quais os termos da parceria e quem será beneficiado com o «novo» parque de estacionamento.
É que do cinzento dos dias e das esperanças passou-se para o verde.
Verde da esperança? Não, este verde que tanto se falou é o da estrada, a anunciada "Estrada Verde", um projecto de ligação rodoviária directa ao maciço central da Serra da Estrela.
Mas de estrada nada! Verde só mesmo a esperança!!!
E de esperança, em melhores dias, anseia o Polis.
De projectos iniciais megalómanos passou-se para uns projectos pensados à medida e gosto de provincianismos bacocos, apresentados e executados à pressa por que o dinheiro começava a faltar.
Resultado, tudo a água do Mondego vai levar, planos de pormenor, dinheiros e....até o relógio que nada marca mas que insiste, teimosamente, em recordar o compasso e o passo de um Polis que se queria e desejava como elemento transformador e de requalificação de espaços e áreas da cidade, numa perspectiva, essa sim, atractiva.
Anuncia-se que « (..) Alguns projectos do Polis estão preparados para serem candidatos ao próximo Quadro Comunitário de Apoio(..) ». E, que « (..) Poderá haver projectos que desapareçam(...)». Ou seja, gastou-se tempo e dinheiro para NADA!
Mais e mais do mesmo.
Não é o senhor presidente o «rosto» do POLIS?
Pois é!

segunda-feira, novembro 27, 2006

Novo Salazarismo

«Quem é contra a política do Governo é contra os Portugueses» - Ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, do governo de Sócrates.

domingo, novembro 26, 2006

"Os preconceitos têm mais raízes do que os princípios."


Realizaram-se na semana passada, na Guarda, dois encontros relacionados com o património.
Um, sobre o património raiano, outro sobre os critérios de intervenção no património religioso.
O director do IPPAR, organismo que tem sede em Castelo Branco, declarou que « a pedagogia é a melhor forma de preservar e conservar o património», no que foi secundado por Regina Anacleto, da Universidade de Coimbra, que afirmou alto e bom som, « ...de nada vale a legislação se não houver alfabetização junto dos políticos, Igreja e populares».

As orelhas de muitos dos presentes, em especial dos governantes, ficaram a arder.
É que de legislação muito bonita, arquitectada em fundamentos filosóficos com laivos de vanguardismo, para escamotear a realidade e sem resultados práticos, estamos todos fartos.
Basta!!!
Concorda-se que faz falta a regulamentação da Lei Quadro do Património.
Faz, sim senhor!
Mas, quem ganha com a sua desregulamentação?
A especulação imobiliária, os empreiteiros, as câmaras e todos os que fazem do património um negócio, pessoal e coorporativo.
Mas, para além da existência de uma Carta Municipal do Património, urge o Regulamento Municipal do Património, tendo sempre presente que mais importante que regular importa saber recuperar e principalmente preservar, não caindo na tentação de se aumentar incomensuravelmente a área urbanística, roubando ao rural espaço, enquanto o citadino é abandonado.
Alterar o PDM só para gáudio dos empreiteiros e não ter em conta o património já edificado que necessita de reabilitação, é falta de cultura e falta de prespectiva de futuro.
É hipotecar o presente para comprometer irremediavelmente o futuro.
Analisar o património apenas e tão só na lógica ecomomicista é campo aberto à ganância e adulteração dos «negociantes» sem escrúpulos.
Procurar-se uma carta transfronteiriça para divulgar e rentabilizar o diverso património histórico existente nas zonas raianas de Portugal e Espanha é a aplicação da lei de Gresham.
Ou seja, muito em breve a Espanha estaria fora da carta, dado que facilmente compreenderia que da forma como por cá se tratam as coisas do património, não lhes era vantojosa a continuidade no projecto.
Aceitando Pedagogia, como a ciência ou disciplina cujo objetivo é a reflexão, ordenação, a sistematização e a crítica do processo educativo, convinha senhor director, começar desde já a educar muitos dos governantes para a problemática do património.
Alfabetização precisa-se!!!
Já, antes que seja demasiado tarde, tarde demais.
Para que o processo não seja irreversível.